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quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Como receber RTP 3 e RTP Memória na TDT

A RTP 3 e a RTP Memória ficaram hoje disponíveis na TDT. A disponibilização na Televisão Digital Terrestre acontece após uma longa luta iniciada em 2009 pelo blogue TDT em Portugal que, através de uma petição pública, participação em consultas públicas, contacto com governantes e políticos da oposição, movimento para abordagem do assunto no programa "A Voz do Cidadão" e insistentes criticas e denúncias neste blogue, procurou sensibilizar a classe política, a administração da RTP e a sociedade civil para o erro e a injustiça de não se alargar o acesso da RTP 3 e da RTP Memória a todos os cidadãos. A partir de hoje, colhemos todos o resultado dessa luta!

Há + RTP na TDT


Como receber a RTP 3 e a RTP Memória na TDT
Como já havia informado (e ao contrário do que a RTP informa nos spots de promoção transmitidos nos novos canais), para receber a RTP 3 e a RTP Memória poderá ser necessário efectuar uma pesquisa de canais nos televisores ou receptores de TDT. Essa pesquisa deverá ser preferencialmente manual no canal (frequência) que se recebe melhor no local de residência. A opção está acessível no menu de instalação, contudo o procedimento exacto varia de equipamento para equipamento. A título de exemplo, exibe-se uma pesquisa no canal 46 realizada num receptor. Em caso de dificuldade deverá consultar o manual de instruções do equipamento ou um técnico.

Pesquisa novos canais TDT RTP 3 e RTP Memória

Como receber a RTP 3 e a RTP Memória via satélite (TDT Complementar)
A RTP 3 e a RTP Memória está também disponível via satélite na designada "TDT Complementar". Os canais são disponibilizados de forma automática pelo que não será necessário efectuar qualquer pesquisa.

Como receber a RTP 3 na Europa, África, Américas e Ásia
A RTP informou que a RTP 3 ficaria disponível em sinal aberto, primeiro nos Estados Unidos e depois na Europa e, após analise do eventual interesse, noutros mercados. Na Europa a RTP 3 está já disponível através satélite Hispasat (satélite utilizado pela ZON e MEO), com os parâmetros de sintonia: 10730H, 27500, 3/4, dvb-s2 8psk. A cobertura do satélite permite a recepção em toda a Europa, norte de África, Madeira, Canárias e Açores. No entanto, à hora em que escrevo este post a emissão ainda está codificada. Nota: este poderá não ser o satélite definitivo para distribuir a RTP 3 na Europa. Faria todo o sentido utilizar o mesmo satélite (posição orbital) actualmente utilizado para difundir a RTP Internacional ou seja, o Hotbird.

Ao contrário do anunciado, tudo indica que a RTP 3 ainda não está disponível para as Américas, pelo menos através do satélite Intelsat 34 (55,5 W). Relativamente aos Estados Unidos, a RTP informou que também iria distribuir a RTP Açores e a RTP Madeira. 

Para África, também ainda não há sinal da RTP 3 através do satélite Intelsat 907 (27,5 W).

Uma luta longa
Enquanto cidadão e autor do blogue TDT em Portugal, remei contra a maré e "desmontei" os argumentos apresentados por aqueles que se opuseram ao acesso de todos os cidadãos a todos os canais do serviço público em sinal aberto. Através do blogue TDT em Portugal procurei fazer o que os meios de comunicação social tradicionais infelizmente não souberam ou não quiseram fazer: disponibilizar informação correcta e completa sobre a TDT, expor os jogos e interesses ocultos e as insuficiências e falhas da regulação. Essa comunicação social falhou também nos seus deveres ao não noticiar o movimento público de apelo à disponibilização da RTP Memória e da RTP Notícias (actual RTP 3 e ex. RTP Informação).  

A RTP reconheceu finalmente que é sua obrigação levar todos os conteúdos da RTP a todas as pessoas (como o blogue TDT em Portugal sempre argumentou). Recordo que ainda não há muito tempo atrás, a RTP era de opinião desfavorável à disponibilização da RTP Informação e da RTP Memória na TDT. Justiça seja feita, finalmente temos um Governo que cumpriu com o prometido.

Tal como o blogue TDT em Portugal há muito havia contestado, provou-se que eram falsos os argumentos segundo os quais a disponibilização dos novos canais na TDT implicariam a duplicação dos custos e a perda das receitas geradas pela presença nos operadores de TV por subscrição. O blogue TDT em Portugal havia afirmado e, ao contrário do que alguns políticos (e pelo menos um responsável da RTP) pretenderam fazer crer, o presidente do C.A. da RTP confirma que não haverá duplicação dos custos de emissão do sinal, não haverá a perda da receita dos operadores de TV por subscrição e todos os canais da RTP continuarão disponíveis em todos os operadores. Era o que se esperava de uma equipa de gestão minimamente competente.

Talvez num último gesto de hipocrisia, aqueles que se opuseram, conspiraram e ameaçaram utilizar os tribunais para manter os seus privilégios e condenar Portugal a ter a TDT mais pobre da Europa, reivindicam agora também para si a redução do preço que a distribuição de um maior número de canais públicos no multiplex agora permite. Veremos como se "comportam" daqui em diante, nomeadamente no concurso para os dois novos canais privados a lançar no próximo ano.

Já temos mais RTP na TDT! Venham outros...

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quinta-feira, 18 de abril de 2013

TDT: Só 4 mil pediram subsídio a que tinham direito

A presidente da ANACOM revelou em comissão parlamentar para a ética, a cidadania e a comunicação que, das 220 mil pessoas estimadas como elegíveis para receber os apoios à migração para a TDT (e a escassos dias da data limite para requerer esses apoios), apenas 4 mil os solicitaram. Ora isto é um valor baixíssimo, pois  representa apenas 1,8% do universo de pessoas elegíveis. A esmagadora maioria das pessoas (98,2%) não requereu os apoios, apesar da sucessiva prorrogação das datas limite. O que falhou? Serão os portugueses ricos? 

O blogue TDT em Portugal recorda que, inicialmente, o requerimento para a candidatura à atribuição dos apoios tinha que ser feita através do site oficial da TDT, o que obviamente colocava dificuldades adicionais às pessoas, pois os beneficiários das comparticipações são naturalmente pessoas com dificuldades económicas e idosos.

Se o dinheiro não foi recebido pelas pessoas, alguém lucrou. Não é assim?

Ora, o CEO da PTC, empresa que ganhou o concurso da TDT, havia informado aquando do arranque oficial da TDT que iria ser proposta a criação de um fundo de 15 milhões de Euros para subsidiar a aquisição de equipamentos necessários à recepção da TDT Free-To-Air. Neste momento desconhece-se ainda o número de kits DTH (satélite) comprados pelos portugueses. Tal como o blogue TDT em Portugal tem informado, dado que há inúmeros relatos de pessoas tentando receber a TDT por antena terrestre em zonas de cobertura satélite, a venda de kits DTH (a custo subsidiado) deverá ter sido muito baixa. 

Mas esqueçamos os 15 milhões. Se não considerar-mos o subsídio para a aquisição do kit DTH (que deverá representar uma pequena parcela dos apoios), considerando as 220 mil pessoas elegíveis e o valor máximo da comparticipação dos equipamentos (22 Euros), chegamos a uma comparticipação máxima de 4,84 milhões de Euros. Se apenas 4 mil pessoas requereram os apoios, no máximo, apenas 88 mil Euros foram utilizados. Ou seja, a PTC terá alegadamente "poupado" pelo menos 4,75 milhões de Euros! A titulo de curiosidade este valor daria para custear a instalação de 158 emissores TDT, assumindo um custo de 30 mil Euros por emissor.

Como mais uma vez se comprova, e tal como o blogue TDT em Portugal tem argumentado, os cidadãos foram os únicos que nada beneficiaram com a introdução da Televisão Digital Terrestre em Portugal. Quem cala consente...

29/04/2013 - Comparticipação na aquisição do kit DTH vai manter-se até 2023!
A Anacom informa que vai manter-se em vigor até 2023 aquilo que designa de programa de comparticipação destinado a assegurar a equivalência de custos entre quem vive numa zona que recebe o sinal digital de televisão por via terrestre e quem o recebe através de satélite (compra do kit TDT DTH). O kit DTH custa actualmente 30 Euros (sem antena parabólica e instalação) e o preço é válido para um máximo de dois descodificadores satélite por casa, desde que na mesma  não existam serviços de televisão por subscrição (televisão paga).

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segunda-feira, 26 de março de 2012

30% da população não está preparada para a TDT a um mês do "apagão" final

A apenas um mês da data agendada para o “apagão” analógico final (26/04), a ANACOM acaba por reconhecer (tarde), não só o atraso do processo de migração, mas também a ineficácia do programa de comparticipação à aquisição de receptores TDT por parte das populações mais carenciadas. Segundo dados de Março da Marktest, cerca de 30% da população afectada pela migração ainda não tomou as medidas adequadas e necessárias para a adaptação à TDT.

A ANACOM reconhece também que o número de Kits DTH (satélite) entregues até ao momento é muito reduzido e afirma que existem receios fundados de que a população que vive em zonas servidas por cobertura via satélite não faça a migração de forma atempada.

Este estado de coisas não deverá surpreender ninguém atento ao processo. Recordo que o programa de comparticipação só arrancou em Abril de 2011, ou seja, há menos de um ano! Além de ter arrancado tarde, o processo necessário para a obtenção da comparticipação foi pouco divulgado e é demasiado complicado e burocrático para a maior parte do público-alvo, o que fica comprovado pelo reduzido número de pedidos.

Seria também interessante comparar, no final do processo de migração, se não haverá uma estreita ligação entre a fraca adesão ao programa de subsidiação e aquisição do kit DTH e a subida assinalável no número de adesões aos serviços de televisão por subscrição. Os dados agora (re)conhecidos pela ANACOM comprovam uma vez mais o falhanço da massificação da TDT, justamente o critério a que foi atribuida mais importância no concurso da Televisão Digital Terrestre.  

Assim, a ANACOM acaba por reconhecer alguns erros há muito apontados e decidiu tomar algumas medidas adicionais de última hora para tentar acelerar a migração:

Novo subsídio, no valor de 61 euros - atribuído para custear a contratualizar da adaptação da instalação para recepção via TDT ou DTH (satélite). Este subsídio adicional é atribuído aos beneficiários do programa de subsidiação, em concreto famílias cujo requerente tenha 65 ou mais anos de idade, que se encontrem em situação de isolamento social, por razões conjunturais ou estruturais.

Redução do preço do kit DTH - o valor baixa para 30 euros, após comparticipação.

Extensão do subsídio ao 1º receptor DTH adicional - o subsídio passa a abranger dois receptores satélite.

Nova modalidade de aquisição do kit DTH - é agora possível encomendar o kit e pagar o respectivo preço final (30 Euros) no acto de levantamento, após verificação/confirmação pela PTC.

Como comentei em diversas ocasiões, o adiamento da migração por parte de muitos, era inevitável. A desigualdade nas condições de acesso ao sinal TDT (custos), motivaram que muitos adiassem a migração na expectativa de novos desenvolvimentos, o que acabou por se verificar. Para além da redução (tardia) do preço dos kits TDT satélite, recordo que está em curso a ampliação da rede de emissores de TDT, o que evitará que muitos residentes em chamadas zonas “sombra” tenham que recorrer à recepção da TDT via satélite.

As decisões da ANACOM podem ser consultadas na íntegra nos textos seguintes:
Ajustamento do programa para atribuição de subsídio à aquisição de equipamentos de receção das emissões TDT

Alteração do valor do Kit DTH, de extensão da comparticipação à primeira set-top-box adicional e ajustamentos do programa de comparticipação

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terça-feira, 29 de novembro de 2011

Nível de migração para a TDT é baixo

A pouco mais de um mês da data prevista para o desligamento de vários emissores e retransmissores de sinal analógico de televisão, a ANACOM reconhece finalmente que o nível de migração para a TDT é muito baixo, algo que venho alertando há muito tempo e que tem posteriormente sido confirmado por inquéritos.

Segundo a ANACOM, de um total estimado de 1,3 milhões de lares que serão afectados pelo fim das emissões analógicas, menos de 200 mil já mudaram para a TDT. Ainda segundo a ANACOM, dos 1,3 milhões de famílias, um milhão está na zona que terá que o fazer até 12 de Janeiro.

Tanto o número de famílias que já fizeram a mudança para a TDT como o número de famílias afectadas a 12 de Janeiro me parece exagerado. Estimo que a percentagem de lares que já recebem a TDT está ainda abaixo dos 10% (e não os 15% estimados pela ANACOM) e o número de famílias afectadas pelo “apagão” agendado para 12 de Janeiro será inferior a 1 milhão, pois importantes centros emissores (Lousã, Monte da Virgem, Montejunto e Marão) que servem uma vasta população do litoral não serão desligados a 12 de Janeiro.

Segundo Eduardo Cardadeiro, a venda de “descodificadores” está muito aquém do necessário para fazer a migração. Ainda segundo este administrador da ANACOM, aquela estima que cerca de 120 mil famílias residem em zonas onde só será possível receber o sinal digital por satélite, anunciando para breve a descida do preço do respectivo kit para cerca de 40 Euros.

Estes dados foram divulgados ontem durante o lançamento de nova campanha publicitária que custou 1,2 milhões de Euros e que já passa nas televisões (ver post anterior).

Perante esta realidade, o adiamento do “apagão” parece inevitável, como venho alertando há muitos meses, sem que nada tenha sido feito para o contrariar. E se isso vier a acontecer, a culpa não será dos consumidores, como alguns já pretendem fazer crer, mas sim de todos os responsáveis que durante anos afirmaram que tudo estava a correr bem, ignorando todos os sinais e alertas, deixando a TDT ao abandono! Que mais provas serão necessárias para que se proceda a um relançamento da TDT com uma oferta alargada de canais? Que forças ou poderes o impedem? São poderes democraticamente eleitos ou outros?

Mas mesmo perante esta realidade, tudo indica (espero estar enganado) que o Governo, em vez de tomar medidas, vai antes adoptar uma atitude de “esperar para ver”. Tal como informei há dias, o canal de notícias Euronews poderá vir a reforçar a TDT portuguesa, dependendo no entanto da evolução do “mercado” TDT. Ou seja, tudo aponta para que o Governo não vá “mexer” na TDT para já e, consoante a “adesão” dos portugueses, procederá ou não ao reforço do número de canais. Mas, se o eventual reforço de canais passar apenas pela Euronews será insuficiente e demasiado tarde.

Repito o que já disse em ocasiões anteriores e de que muitos portugueses já se deram conta. Há poderosos interesses a quem interessa que a Televisão Digital Terrestre não seja minimamente atractiva. Até aqui, todos os interesses têm sido tidos em conta menos os interesses dos telespectadores e consumidores. Uma eventual promessa vã de mais canais após o "apagão" de 2012 não passará disso, mais uma promessa, como tantas outras que não foram cumpridas! Se o switch-off for avante com esta oferta de canais, a Televisão Digital Terrestre ficará definitivamente parada no tempo.

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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Receptores TDT: qualidade deixa muito a desejar

A esmagadora maioria dos televisores comprados antes de 2009 não é compatível com a TDT portuguesa. Muitos aparelhos até têm sintonizador DVB-T (TDT), mas não suportam a norma adoptada por Portugal (MPEG-4/H.264), logo não exibem os canais portugueses. Perante esta situação desagradável, temos duas soluções: a substituição do televisor por um novo, já compatível, ou a compra de um receptor de TDT (também apelidado de set-top-box, adaptador ou descodificador) que, ligado ao actual televisor, permite a recepção dos canais. É previsível que a maioria dos consumidores opte por comprar um receptor TDT, pois um televisor novo e de boa qualidade, apesar da progressiva baixa dos preços devido às contínuas inovações tecnológicas, ainda representa um investimento considerável.

A grande maioria dos telespectadores afectados pela mudança para a Televisão Digital Terrestre, terá assim que comprar um ou mais receptores TDT, para poder continuar a ver os quatro canais: RTP1, RTP2, SIC e TVI. No mercado estão disponíveis vários modelos, sendo alguns equipamentos praticamente idênticos. No entanto, a maioria dos receptores TDT não tem uma qualidade global boa. As falhas são de vária ordem e podem comprometer a experiência televisiva.

A grande maioria dos equipamentos à venda é de marcas pouco conhecidas. Muitas são marcas criadas por empresas importadoras que importam estes equipamentos do Extremo Oriente. A fim de poderem vender estes equipamentos ao preço mais baixo possível, a qualidade dos produtos é, regra geral, baixa. Também, muitos dos equipamentos à venda em Portugal são destinados prioritariamente ao mercado espanhol e, como tal, os parâmetros iniciais estão pré-programados para Espanha, o que pode criar dificuldades na primeira utilização, sobretudo para os mais idosos. Regra geral, as instruções de utilização são também insuficientes. Mas, mais grave, muitos destes equipamentos não estão aptos a receber correctamente a TDT portuguesa!

O guia electrónico de programação (EPG) é referido como um dos atractivos da TDT. Mas, em muitos receptores actualmente à venda, o EPG não funciona correctamente. Muitos equipamentos não interpretam correctamente determinados caracteres da língua portuguesa. Isto acontece porque os fabricantes não adaptaram o software dos equipamentos à língua portuguesa. Felizmente, este tipo de falha normalmente pode ser corrigida com uma actualização do equipamento mas, para isso, é necessário que a marca disponibilize a actualização e nem todos têm o à-vontade para realizar a operação.

Apesar desta e outras falhas, muitos equipamentos são colocados no mercado português e vendidos como preparados para receber a TDT portuguesa. Até receptores não preparados para a Alta Definição (HD) continuam a ser vendidos como compatíveis com a TDT portuguesa, o que não é o caso porque, como já alertei, os requisitos técnicos da TDT portuguesa exigem compatibilidade MPEG-4/H.264 HD (1920x1080i). Mais grave ainda, algumas lojas informam que se o Canal HD voltar a emitir os equipamentos em causa vão ser capazes de recebê-lo, o que é falso! É possível encontrar alguns destes equipamentos não conformes com a TDT portuguesa, inclusive em grandes superfícies comerciais e cadeias de bricolage. Alguns equipamentos têm a indicação SD ou DS no nome do modelo, indicando que são capazes de receber apenas emissões em Definição Standard.

Recordo que a PT, à semelhança do que sucede noutros paises, publicou os requisitos necessários para que receptores e televisores sejam capazes de receber a TDT portuguesa em perfeitas condições técnicas. Criou também um programa de certificação de equipamentos. Chegou inclusive a apresentar receptores TDT com a sua marca, mas disponibilizou um número baixíssimo de exemplares e quase ninguém pode compra-los. Foi inclusivamente lançado um concurso de design para um receptor TDT "Made in Portugal", mas tudo ficou em “águas de bacalhau”. Mais grave, os fabricantes ignoraram o programa de certificação e assim, os consumidores não têm a garantia de estarem a comprar equipamentos 100% conformes. Como referi na altura, até os modelos brevemente comercializados pela PT não respeitavam todos os requisitos para obter a certificação, o que levou a uma redução das exigências.

A ANACOM informou que reuniu com algumas empresas da grande distribuição (Media Markt, Worten, Radio Popular, Auchan, Makro e Intermarché), com o objectivo de preparar o primeiro momento do desligamento analógico. Espero que tenha aproveitado a ocasião para sensibilizar essas empresas para a necessidade de exigir aos fabricantes e distribuidores o fornecimento de equipamentos totalmente compatíveis com a TDT portuguesa. Isto porque, apesar do mercado português ser relativamente pequeno, as grandes cadeias de distribuição têm poder negocial. Como referi, já constatei a venda de equipamentos não HD em lojas de algumas destas empresas. Normalmente estes equipamentos não estão disponíveis para teste na loja, o que dificulta a vida dos consumidores no momento de comprar. E, como o Canal HD não emite, é fácil os mais incautos não se aperceberem que o equipamento em questão não suporta emissões em Alta Definição!

Importa realçar que este problema se coloca essencialmente com os receptores TDT. Os televisores, regra geral, são conformes com a TDT portuguesa e não apresentam problemas.

Como sempre, ao consumidor cabe um papel fundamental, pois deve exigir equipamentos totalmente funcionais. Comprar estes equipamentos é um risco, dada a incerteza que ainda rodeia o futuro da TDT portuguesa.

Exemplos de mau funcionamento do Guia de Programação Electrónico:



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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Testemunho – compra do Kit TDT por satélite

Em Abril o Blogue TDT em Portugal anunciou a notícia da disponibilidade da opção TDT por satélite (DTH). Mas conseguir encontrar o kit TDT Complementar (designação oficial) tem sido tarefa quase impossível. Como alertei em Maio e Julho, em lojas PT Bluestore que deveriam fazer a venda deste equipamento e prestar informação sobre a TDT em geral, era impossível encontrar qualquer informação sobre a TDT. A propósito deste assunto, o Blogue TDT em Portugal recebeu do leitor Carlos Lourenço Ribeiro um testemunho interessante, que confirma as denúncias já publicadas e que, pelo manifesto interesse, decidi destacar. O texto em citação é do leitor e é publicado tal como foi recebido, sem qualquer edição.

«Após ter confirmado com a linha 800 que a zona/cód postal 4980-452 LINDOSO-Ponte da Barca estava considerada como uma zona de cobertura reduzida, e que portanto era elegível a atribuição do serviço DTH, desloquei-me pela primeira vez (desloquei-me cerca de 120KM) a PT bluestore de Braga/centro para fazer o levantamento do kit DTH. No local aquando do pedido da box para a DTH disseram-me que desconheciam em absoluto esta alternativa para a recepção da TDT, e sendo assim vim de lá sem o referido kit. Quase dois meses depois desloquei-me lá de novo (mais 120Km) e aí sim, primeiro tentaram-me vender o MEO SATÉLITE e depois quase ao fim de 2h a funcionária, com muitas dificuldades no preenchimento da aplicação informática PT interna, lá me conseguiu disponibilizar o famoso kit...

Na semana logo a seguir, fui á mesma loja PT fazer o levantamento de um novo kit para um familiar meu que tem mobilidade reduzida e que não tem meio de transporte próprio, e mais uma vez tentaram-me vender o serviço MEO SATÉLITE. Porém quando a mesma funcionária ia fazer a leitura do código de barras para libertar/vender o kit o sistema informático dava erro dizendo que não havia stock de boxes, mas na prática existiam na loja 7 boxes DTH. Sendo assim não foi possível me vender o kit e a funcionária disse-me que eu passa-se lá no dia seguinte e que o problema até lá seria resolvido. No dia seguinte desloquei-me novamente á loja (mais 120Km) e para espanto meu a funcionária disse-me que o problema afinal não estava relacionado com gestão de stocks mas sim que a zona/cód postal não era elegível para a entrega de uma box DTH porque no sistema o local tinha cobertura TDT e que para provar o contrario EU teria que pedir a deslocação de um técnico para ir ao local medir o sinal (deram-me o contaco de um técnico/parceiro da PT) sendo que esse serviço teria que ser pago por mim.

Resumindo, na semana anterior a morada/cód postal 4980-452 foi elegível para a venda da box, mas na semana seguinte na mesma loja e exactamente a mesma morada/cód postal 4980-452 já não era elegível a venda da box. E mais, por acaso estas duas habitações só estão distanciadas entre sí cerca de 150m.

Entretanto no local eu próprio liguei para a linha de apoio TDT para reclamar esta situação, e do outro lado e mais uma vez, disseram-me que nas duas bases de dados esse código postal era totalmente elegível para a venda da box e que portanto possivelmente a funcionária não estava a preencher correctamente os campos da aplicação informática PT interna. Sendo assim, a linha de apoio aconselhou-me a que eu me desloca-se a outra loja PT bluestore, a mais próxima Guimarães. Sendo assim lá me desloquei mais cerca de 60km e na PT de Guimarães o kit foi-me vendido sem qualquer problema informático ou de elegibilidade de cobertura.

Conclusão:

Tentativa para a aquisição do 1º kit DTH- deslocação de 120km mais meio dia de trabalho perdido.
Aquisição do 1º kit DTH 120km mais meio dia de trabalho perdido.
2 kit DTH 120km+ 60Km mais 1 dia de trabalho perdido, com a vantagem que os combustíveis estão baratos...

Finalmente lembro que nenhum destes dois kits MEO TDT relíquia vem activo, é necessário á posterior ainda ligar para a linha 808 e pedir a activação do mesmos, e ou um reforço do sinal porque o sinal recebido é débil.

Pelos vistos a ANACOM anuncia que a TDT portuguesa CONTINUA A SER UM CASO DE SUCESSO, e eu digo que a TDT portuguesa entregue á PT foi o maior erro que poderia existir, e prova disso é esta AUTENTICA PALHAÇADA que milhares e milhares de utilizadores denunciam á ANACOM e que a mesma nada faz para obrigar a PT a cumprir o contrato.»

Claro que este testemunho levanta várias questões. Por exemplo, como alertei em Abril, haverá inúmeros casos em que, apesar de se residir em zonas onde oficialmente existe cobertura terrestre, por algum motivo (um prédio ou um pinhal próximo no caminho do sinal) não há sinal suficiente para garantir uma recepção sem problemas. A acreditar no que a Sra funcionária da PT terá dito, terá que ser o interessado a pagar do seu bolso a avaliação do sinal por parte de um técnico colaborador da PT. Será mais uma despesa. E será possível comprar o kit satélite nestes casos? Recordo que ficou estabelecido na concessão da TDT que a recepção por meios complementares (satélite) não poderia ficar mais dispendiosa para o telespectador. Mas, como todos sabemos, em Portugal, mesmo o que fica escrito de pouco ou nada vale.

E assim vai a TDT portuguesa. Será que alguém no seu perfeito juízo acha que Portugal está preparado para desligar o sinal analógico? E não há responsáveis por este estado de coisas?

Pelo menos há finalmente confirmação de que o kit para receber a TDT por satélite está à venda.

20/09/2011:
Foto do receptor satélite do kit TDT Complementar. Trata-se de um normal receptor Meo Satélite Full HD sem DVR. Até o cartão de acesso é idêntico ao do serviço Meo satélite.

10/12/2011:
Um responsável da ANACOM informou que em breve o preço dos receptores satélite irá baixar para 40 Euros. Mais informação em: TDT PT VIA SATÉLITE.

07/01/2012:Já é oficial, o preço do kit TDT Complementar (1º receptor) baixou para 40 Euros (antes 55 após desconto).

27/01/2012:
A PT substituiu o receptor do kit TDT Complementar. Desde alguns dias é entregue um receptor da marca Samsung e sem o logotipo MEO. Ainda não disponho de mais informação mas a funcionalidade deverá ser idêntica à do receptor antigo.

MAIS INFORMAÇÃO SOBRE O KIT TDT COMPLEMENTAR E RECEPÇÃO TDT VIA SATÉLITE

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sábado, 6 de agosto de 2011

Caos na TDT – Governo pondera adiar “apagão” analógico! (act.)

Segundo noticia o jornal Expresso, o Governo está a ponderar adiar o fim das emissões de televisão analógica vulgarmente designado "apagão" ou switch-off, atrasando a mudança definitiva para a televisão digital terrestre. Alegadamente, o adiamento pretende evitar que a compra de descodificadores coincida com o corte no subsídio de Natal. O inicio do fim das emissões analógicas de TV, está agendado para 12 de Janeiro de 2012.

Mas, e esta suposição não é do Expresso, é minha, esta não deverá a única razão para o adiamento. Como tenho vido a informar (e recentemente confirmado pela DECO), a PT não está a promover e informar os consumidores sobre a TDT nas suas lojas PT Bluestore. Nem as Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia, que supostamente o deveriam fazer. Isto terá levado o PSD a convocar o presidente da ANACOM para prestar esclarecimentos no parlamento. Também, tanto a SIC como a TVI recusam passar a próxima publicidade à TDT, com inicio previsto para Setembro/Outubro, o que poderá indiciar uma intenção de boicote, como avancei em Maio. E o baixíssimo número de consumidores que já mudaram para a TDT, também deverá ter pesado na (alegada) decisão, sobretudo se considerarmos que faltam menos de 6 meses para a data planeada para o inicio do “apagão” analógico.

A confirmar-se a notícia, esta decisão não surpreende. Há muito que era evidente o enorme atraso português na mudança para a TDT, um atraso impossível de recuperar até Janeiro de 2012, a tempo de ser possível realizar uma transição tranquila para a televisão digital terrestre. Isso mesmo tenho vindo a dizer no blogue TDT em Portugal desde Dezembro de 2010, quando afirmei que um adiamento de pelo menos 6 meses seria inevitável. Seja qual for a justificação invocada para o (alegado) adiamento, o falhanço do plano para a introdução da Televisão Digital Terrestre em Portugal é total! Falhou a informação, falhou a promoção, falhou a implantação da rede, falhou a (mísera) oferta de canais! Infelizmente, este triste resultado era expectável antes mesmo do arranque da TDT, porque a estratégia adoptada foi a errada e o plano foi pessimamente executado.

Veremos se o Governo irá aproveitar o (alegado) adiamento da TDT para introduzir as mudanças necessárias e tornar a TDT pelo menos atraente q.b. para acelerar a mudança ou, se cede aos interesses dos canais de televisão generalista e operadores de televisão por assinatura para que os seus interesses não sejam beliscados e tudo fique como antes, forçando porventura a novo adiamento dentro de alguns meses.

8/08/2011 (actualização):
O Ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, anunciou hoje que o Governo irá reunir-se a 8 de Setembro com a ANACOM, PT, RTP, Impresa (SIC) e Media Capital (TVI), afím de «fazer uma avaliação rigorosa e sensata» do projecto da TDT, após a qual tomará uma decisão. 

9/09/2011 (actualização):
A reunião decorreu ontem e teve a duração aproximada de 3 horas. Não há ainda qualquer novidade a reportar. No entanto, relativamente à questão do adiamento do "apagão" analógico, Francisco Pinto Balsemão (SIC) afirmou ao Jornal de Negócios que os operadores de televisão não pediram o adiamento do "switch off". Ora, o ministro Miguel Relvas havia dito que quando tomou posse foi contactado por operadores de TV que pediam o adiamento do "switch off". Um aparte: a ideia do Canal HD partilhado entre os operadores partiu de Francisco Pinto Balsemão. O Canal nunca emitiu nos moldes previstos, alegadamente devido à falta de acordo entre os operadores.

Quanto à falta de decisão a respeito do possível adiamento, não constitui surpresa, pois anunciá-lo agora atrasaria ainda mais o processo de migração para a TDT. Dado o enorme atraso de Portugal, o adiamento é muito provável mas só deverá será anunciado pouco antes do inicio da data prevista para o início do switch off. O que realmente interessa saber é se o Governo irá tomar medidas para acelerar o processo de migração, e se sim quais e quando, ou se vai esperar para a véspera do "switch off" para fazer alguma coisa. Informo ainda que o blogue TDT em Portugal enviou ao Sr. ministro Miguel Relvas uma exposição documentada da situação da TDT em Portugal, recordando também a petição pela emissão da RTP Memória e RTP-N na TDT em canal aberto.

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segunda-feira, 9 de maio de 2011

Lojas PT não promovem a TDT?

Há alguns dias visitei uma loja PT Bluestore na cidade de Aveiro a fim de saber se e como estava aí a ser feita a divulgação/promoção da TDT. Procurei equipamentos e nada, zero, nem um para amostra. Apenas telemóveis, smartphones e a box MEO. Procurei então por um simples folheto ou cartaz, também nada, não havia uma única referência à Televisão Digital Terrestre. Tentei então outra loja PT Bluestore com o mesmo resultado. Em dois anos parece que nada mudou e, apesar da PT até ter anunciado receptores TDT com a "marca" MEO que, como oportunamente critiquei, muito poucos tiveram a oportunidade de adquirir, parece no mínimo estranho que a empresa responsável pela TDT não faça qualquer referência ao serviço nas suas lojas. Devo dizer que no passado contactei a PTC e em diversas ocasiões procurei em lojas PT de Coimbra e Aveiro e nunca me souberam sequer informar se efectivamente iriam ter disponíveis os ditos receptores e muito menos quando. Não fiquei portanto surpreeendido com o resultado.

Parecem não restar dúvidas que para a PT a TDT é um patinho feio, que não interessa promover. Mas, sabendo que a PTC tem a obrigação contratual de promover a TDT e que a Anacom irá supervisionar as campanhas que deverão arrancar em breve, estou curioso em saber como irá a PTC conciliar a obrigação de promover a TDT, com a oportunidade de ouro criada pelo fim anunciado das emissões de televisão analógica, para conseguir o maior número adesões possível ao seu serviço MEO. A publicidade que passa na televisão, da responsabilidade da Anacom, é sem dúvida um mau sinal. Para já, sabe-se que nos meses mais críticos e que antecedem o encerramento dos principais emissores de televisão não haverá qualquer promoção à TDT por parte da PTC.

Recordo palavras recentes da Anacom: «de forma a garantir o impacto da campanha em termos equivalentes, esta Autoridade considerou essencial manter o recurso ao contacto directo com as populações através das redes de lojas da PTC e da distribuição porta-a-porta de um guia prático sobre a TDT».

Estou certo que o facto de a PT dispor de uma vasta rede de lojas pesou favoravelmente na classificação da sua proposta (apesar de ter sido a única para a TDT dita gratuíta) nos concursos da TDT. No entanto, a tão poucos meses da data prevista para o encerramento das emissões analógicas, as lojas PT parecem estar fora do seu plano de promoção da TDT que, recordo, não vai ter lugar no período mais crítico da transição. Recordo também que a distribuição do guia informativo sobre a TDT parece já ter passado para a alçada da Anacom (ver post de 3 de Maio).

Resta agora aguardar pelas pérolas publicitárias que supostamente deverão motivar os portugueses a aderir a esta televisão digital que praticamente não traz nada de novo!

20/07/2011:
No dia 15/07 fiz nova visita às mesmas duas lojas PT Bluestore de Aveiro e a ausência de divulgação/promoção da TDT mantem-se. Nem um folheto, cartaz ou equipamento. Uma da lojas até está na lista de lojas que supostamente vendem o kit TDT Complementar (satélite).

3/08/2011:
Uma investigação da DECO/PROTESTE agora divulgada chegou à mesma conclusão. A maioria das lojas PT Bluestore visitadas não soube esclarecer um cliente anónimo. Mas não só, a esmagadora maioria das Camâras Municipais e Juntas de Freguesia não soube informar sobre a comparticipação à compra de receptores TDT por parte de pessoas com necessiadades especiais e baixos rendimentos. Para mim, esta situação não constui a mínima surpresa, pois tenho vindo a alertar para ela há vários meses.

5/08/2011:
Após o estudo da DECO, que relata várias falhas na informação prestada aos cidadãos a propósito da mudança para a TDT, o PSD decidiu apresentar um requerimento para que o presidente da ANACOM, José Manuel Amado da Silva, seja ouvido na Comissão parlamentar para a Ética, a Cidadania e Comunicação. Pergunto: Será a sério, ou estarão os políticos apenas (e mais uma vez) a pretender passar a ideia de que estão preocupados com a situação da TDT portuguesa? Será mais uma audição em que nada se apura e sem consequências para ninguém, como aquando da desistência da PTC da TDT paga? Sim, porque da parte da ANACOM já sabemos que a introdução da TDT em Portugal está a ser um SUCESSO! Seria interessante saber quantas familias já mudaram para a TDT. Esses dados iriam demonstrar que a estratégia adoptada para a TDT portuguesa está errada (se é que ainda existe realmente alguma estratégia!), como aliás venho dizendo desde 2008.

10/11/2011:
Em Outubro fiz nova visita a uma loja PT Bluestore de Aveiro (uma das seleccionadas para prestar informação sobre TDT) e nada mudou, sobre TDT nem um cartaz ou folheto. Entretanto, um leitor fez-me chegar esta foto tirada a uma loja ZON numa cidade do norte.

A ZON não tem qualquer ligação com a introdução da TDT em Portugal, no entanto prontifica-se a "informar" sobre a TDT! Claro que isto não passa de um estratagema para angariar clientes. A informação sobre TDT não passa de um pretexto.

24/11/2011:
O presidente executivo da PT afirmou: "não estamos a fazer nada nas lojas", pois aí há tentação dos comerciais venderem o Meo. "As nossas lojas não são sítio certo para procurarem informação. 'Site', 'call center', loja não". A preocupação de Zeinal Bava em defender os interesses dos consumidores merece um prémio!

07/12/2011:
A PT parece ter alterado a sua estratégia. Segundo um anúncio que passa na televisão, a PT anuncia um receptor TDT HD e pede às pessoas para ligarem para um número telefónico ou a se dirigirem a uma loja PT. Segundo testemunho recebido, quem ligar é insistentemente "convidado" a aderir ao MEO. Não querendo aderir ao MEO os preços do receptor parecem variar consoante os serviços actualmente contratados com a PT, variando entre 1 e 50 Euros! A montagem (resta saber o que está incluido na montagem!) tem um custo de 25 Euros. Mas atenção, isto obriga a um contrato de fidelização a serviços PT de 12 meses.

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segunda-feira, 11 de abril de 2011

TDT via satélite poderá custar mais de 200€ (act.)

Espera-se que em breve fique finalmente disponível a recepção da TDT portuguesa via satélite. A Anacom disponibilizou hoje a decisão que regula o processo. Assím, esta modalidade de recepção não estará acessível a todos, mas apenas e só para quem resida numa zona considerada sem cobertura terrestre pela PTC. O serviço em forma de kit de auto-instalação (TDT Complementar), terá um custo mínimo de 55 Euros, poderá ser adquirido em lojas específicas ou enviado por via postal e só será vendido mediante comprovativo de morada.

O kit de auto-instalação TDT SAT (TDT Complementar) é composto por:
  • 1 receptor TDT satélite Zapper (sem gravação) c/ comando;
  • 1 Cartão com acesso aos 4 canais (RTP1, RTP2, SIC e TVI) e RTP Madeira e RTP Açores para moradores nas ilhas;
  • Cabos;
O kit terá um custo de 55 Euros após o recebimento de uma comparticipação. Mas a PTC poderá cobrar um valor mais alto e posteriormente devolver o valor em excesso. Caso seja necessário é possível adquirir receptores adicionais que custarão 96 Euros cada. O serviço não terá facturação mensal (€0) e nem contrato com a PT. A instalação será da responsabilidade do cliente, mas poderá também ser realizada por agentes ou parceiros da PTC que cobrarão um valor máximo de 61 € (iva incluido). A antena deverá ser orientada ao satélite Hispasat 30º Oeste, onde é emitido o serviço DTH MEO satélite.

Mas, levantam-se já algumas questões importantes como: o preço e o acesso ao serviço.

Se está determinado no titulo habilitante do Mux A que o acesso à recepção da TDT via satélite não poderá ficar mais caro para o telespectador que a recepção terrestre, então como é possível agora estabelecer um preço de 96 Euros por cada receptor adicional para a modalidade satélite? A maioria das habitações dispõem de mais de um televisor. Recordo que  a PTC está obrigada a subsidiar, incluindo a mão-de-obra, equipamentos receptores terminais, antena e cablagem, os clientes das zonas não cobertas por radiodifusão digital terrestre para que estes não tenham qualquer acréscimo de custos, face aos utilizadores daquelas. Muitos telespectadores da TDT terrestre terão que suportar custos com a troca ou re-orientação da antena, mas praticamente todos os utilizadores da TDT via satélite terão mesmo que suportar esses custo. Isto porque a instalação de uma antena parabólica está fora do alcance da maioria dos cidadãos e será ainda necessário pagar a um técnico

Recordo que a própria Anacom veio a público falar em receptores TDT a 35 Euros. Como é possível que se vá agora cobrar 96 Euros para cada receptor adicional para a recepção satélite? Mesmo considerando o preço médio dos receptores TDT para a recepção terrestre actualmente no mercado, que a PTC diz ser 75 Euros, existe uma diferença de preço substancial em relação a um receptor para a recepção da TDT terrestre. Recordo que será necessário um receptor por cada televisor. Na grande maioria dos casos, será ainda necessário adicionar o custo da antena parabólica, que poderá rondar 30 € e a mão-de-obra. Caso se opte por solicitar a instalação ao agente ou colaborador da PTC, o custo minímo para receber a TDT via satélite poderá assim fácilmente ultrapassar os 116 Euros (55+61). Mas, caso necessite de dois receptores o custo poderá ultrapassar os 200 Euros.

Obter o kit satélite também poderá não ser fácil. É que aparentemente, ao contrário do que faria supor, não virá um técnico a casa comprovar o sinal da TDT. Existirão inúmeras situações em que, em locais considerados com cobertura TDT ela não existirá. Poderá bastar um prédio ou uma arvore de maior porte a obstruir o sinal e a recepção da TDT por via terrestre será impossível.

Outra questão que poderá motivar o desagrado dos telespectadores mais exigentes prende-se com a diferença de qualidade das emissões. É que a qualidade de imagem dos quatro canais nacionais na TDT terrestre é actualmente superior à qualidade de imagem desses canais emitidos pelos serviços de televisão paga via satélite. A qualidade de imagem na TDT terrestre está salvaguardada, mas não é totalmente claro se a PTC está obrigada a manter o mesmo nível de qualidade na transmissão dos canais TDT via satélite.

Os utilizadores da TDT por satélite são também elegíveis para a atribuição de um subsídio para a compra do equipamento de recepção.


Recordo que a área total de cobertura dos emissores de TDT é inferior à área de cobertura da rede de emissores de televisão analógica. Cerca de 13% da população terá que recorrer à recepção dos canais TDT via satélite. Em relação à recepção da TDT terrestre, alerto mais uma vez, para a necessidade de comprovar a recepção no local. É a única forma segura de apurar se a recepção da TDT é ou não possível. Tenho-me deparado com diversas situações em que me dizem que não há sinal e quando vou verificar até há sinal relativamente forte. Aconselho a leitura dos posts problemas de recepção e como melhorar o sinal. Em caso de dificuldades contacte um profissional experiente.

3/05/2011:
O kit TDT Complementar terá um preço de 77 Euros e haverá um reembolso posterior de 22 Euros só para quem tenha direito ao subsídio e faça o respectivo pedido. A generalidade da população terá pois que pagar 77 Euros pelo primeiro receptor. 

18/06/2011:
A PTC informa no site oficial que o primeiro receptor de TDT Complementar tem um custo de 77 Euros. Serão restituidos 22 Euros a quem faça um pedido de reembolso. Para além deste reembolso, os cidadãos com necessidades especiais, grupos populacionais mais desfavorecidos e instituições de comprovada valia social podem também candidatar-se ao subsídio do programa de comparticipação (22 Euros). O primeiro receptor para receber a TDT via satélite ficará assim em 55 Euros para a população em geral e em 33 Euros para quem esteja abrangido pelo programa de comparticipação. Cada receptor adicional custa 96 Euros. A instalação por um técnico custa 61 Euros e incluí a antena, a cablagem e a instalação da antena e receptor.

20/09/2011:
Foto do receptor satélite do kit TDT Complementar. Trata-se de um normal receptor Meo Satélite Full HD sem DVR. Até o cartão de acesso é idêntico ao do serviço Meo satélite. Este receptor só permite memorizar 4 canais TV. Não é possivel memorizar outros canais sem perder os nacionais. Nota: este receptor foi substituido por um novo modelo de marca Samsung.



29/11/2011:
A ANACOM informou que em breve o preço do kit TDT Complementar irá baixar para 40 Euros. A baixa de preço é plenamente justificável, mas o preço do segundo e terceiro receptor deveria ser igual ao preço do primeiro, o que não acontece actualmente porque custam 96 Euros.
TDT SAT - decisão da ANACOM (pdf)

07/01/2012:
Já é oficial, o preço do kit TDT Complementar (1º receptor) baixou para 40 Euros (antes 55 após desconto).

27/01/2012:
A PT substituiu o receptor do kit TDT Complementar. Desde alguns dias é entregue um receptor da marca Samsung e sem o logotipo MEO. Ainda não disponho de mais informação mas a funcionalidade deverá ser idêntica à do receptor antigo.

26/04/2012:
O preço final do kit TDT Complementar baixou para 30 Euros (após comparticipação). O preço do segundo kit agora também é comparticipado e é igual ao do 1º receptor. É agora possível encomendar o kit e pagar o valor final (30 Euros) no acto de entrega, após confirmação/validação dos dados fornecidos.

14/08/2012:
A ANACOM anunciou o prolongamento do prazo para requerer os apoios e comparticipação à aquisição de receptores TDT para a recepção terrestre e DTH (satélite). O prazo limite foi prolongado até 31/12/2012. Já anteriormente o prazo havia sido prolongado até 31/08/2012. A razão para mais este prolongamento deverá estar na reduzida adesão à modalidade DTH (TDT Complementar), já referida no blogue TDT em Portugal, em locais considerados oficialmente sem cobertura terrestre ou com reduzida probabilidade de cobertura.

29/04/2013: Comparticipação na aquisição do kit DTH vai manter-se até 2023!
A Anacom informa que vai manter-se em vigor até 2023 aquilo que designa de programa de comparticipação destinado a assegurar a equivalência de custos entre quem vive numa zona que recebe o sinal digital de televisão por via terrestre e quem o recebe através de satélite (compra do kit TDT DTH). O kit DTH custa actualmente 30 Euros (sem antena parabólica e instalação) e o preço é válido para um máximo de dois descodificadores satélite por casa, desde que na mesma  não existam serviços de televisão por subscrição (televisão paga).


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sábado, 2 de abril de 2011

Aprovado subsidio para a compra de receptores de TDT

A pouco mais de um mês da data prevista para o desligamento do primeiro retransmissor de televisão analógica em Portugal, que terá lugar no próximo dia 12 de Maio em Alenquer, a Anacom divulgou finalmente de forma oficial a decisão sobre a atribuição de um subsídio à aquisição de equipamentos para a recepção da Televisão Digital Terrestre (TDT). Este subsidio destina-se a ajudar a custear a compra de receptores TDT, também designados adaptadores, caixas descodificadoras ou "set-top-box", necessários para a recepção dos programas emitidos na Televisão Digital Terrestre portuguesa: RTP1, RTP2, SIC, TVI em todo o país, mais a RTP Açores e RTP Madeira nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira. Estes adaptadores são uma alternativa à compra de um novo televisor, pois a esmagadora maioria dos televisores presentes nos lares portugueses não é compatível com a norma utilizada pela TDT portuguesa. 

A atribuição do subsídio é da responsabilidade da PTC e faz parte do caderno de encargos da licença do multiplex A (TDT dita gratuita). Recordo que, no essencial, a informação agora oficializada já havia sido divulgada por responsáveis da Anacom e disponibilizada no blogue TDT em Portugal (em 22/02 e 1/03).
São elegíveis, para atribuição do subsídio, os seguintes grupos:
  • Cidadãos com necessidades especiais elegíveis, isto é, com grau de deficiência igual ou superior a 60%;
  • Beneficiários do rendimento social de inserção;
  • Reformados e pensionistas com rendimento inferior a 500 euros mensais.
O valor do subsídio é de 50% do valor do equipamento descodificador TDT adquirido, até um máximo de € 22,00 e é atribuído, uma única vez, por habitação, sendo condição, adicional e essencial, que esta não possua serviços de televisão paga (PayTV). A atribuição será feita através de reembolso por transferência bancária, cheque ou vale postal, após o envio da factura de aquisição, de um formulário e dos documentos comprovativos da elegibilidade para:

TDT
Apartado 1501, EC DEVESAS (VILA NOVA DE GAIA)
4401-901 VILA NOVA DE GAIA

Ao subsídio podem também recorrer instituições de carácter social: hospitais públicos, centros de saúde e suas extensões, com ou sem internamento, bibliotecas, instituições com actividades de investigação e desenvolvimento, instituições de solidariedade social e escolas públicas. Para beneficiar deste subsídio as entidades interessadas devem contactar a Portugal Telecom. 

Os equipamentos elegíveis para subsidiação são equipamentos descodificadores para recepção dos serviços disponíveis no Multiplexer A associado à rede TDT e podem ser adquiridos em qualquer local de venda autorizado. A Anacom refere que a presente decisão não abrange a subsidiação de equipamentos de recepção via satélite (serviço DTH), mas tudo indica que os equipamentos para a recepção da TDT via satélite também virão a ser subsidiados.

O blogue TDT em Portugal apurou recentemente que o custo médio dos equipamentos descodificadores compatíveis com norma utilizada na TDT portuguesa (MPEG-4/H.264) é de aproximadamente 79 Euros. Será necessário adquirir um adaptador por cada televisor não preparado para a norma da TDT portuguesa (se pretender receber a TDT nesse aparelho evidentemente).

Mais detalhes no documento seguinte.

Decisão sobre a atribuição de subsídio à aquisição de equipamentos TDT (pdf)

14/08/2012:
A ANACOM anunciou o prolongamento do prazo para requerer os apoios e comparticipação à aquisição de receptores TDT para a recepção terrestre e DTH (satélite). O prazo limite foi prolongado até 31/12/2012. Já anteriormente o prazo havia sido prolongado até 31/08/2012. A razão para mais este prolongamento deverá estar na reduzida adesão à modalidade DTH (TDT Complementar), já referida no blogue TDT em Portugal, em locais considerados oficialmente sem cobertura terrestre ou com reduzida probabilidade de cobertura.

29/04/2013: Comparticipação na aquisição do kit DTH vai manter-se até 2023!
A Anacom informa que vai manter-se em vigor até 2023 aquilo que designa de programa de comparticipação destinado a assegurar a equivalência de custos entre quem vive numa zona que recebe o sinal digital de televisão por via terrestre e quem o recebe através de satélite (compra do kit TDT DTH). O kit DTH custa actualmente 30 Euros (sem antena parabólica e instalação) e o preço é válido para um máximo de dois descodificadores satélite por casa, desde que na mesma  não existam serviços de televisão por subscrição (televisão paga).


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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

TDT: ANACOM nega evidências

Os leitores mais atentos saberão que tenho criticado as televisões pela ausência quase total de informação relacionada com a televisão digital terrestre, apesar de não ter faltado matéria de interesse, como poderão verificar consultando o histórico de posts do blogue TDT em Portugal. Apesar de serem as principais interessadas que o processo de adesão à TDT decorra da melhor forma, as poucas notícias ou reportagens já emitidas têm sido curtas, pouco esclarecedoras e quase sempre com alguma informação errada pelo meio. Ontem a SIC Notícias destacou a TDT no seu programa Falar Global, onde entrevistou dois responsáveis da ANACOM, entidade intimamente ligada à implantação da televisão digital terrestre no nosso país.

Na referida reportagem os responsáveis da ANACOM afirmaram que apenas cidadãos a receber o rendimento social de inserção, reformados e pensionistas com rendimentos inferiores a 500 Euros ou cidadãos com grau de deficiência superior a 60% terão direito a comparticipação parcial do custo do equipamento (as instituições de comprovada valia social parecem ter sido esquecidas). Esta comparticipação será atribuída após o envio da respectiva factura de aquisição e de documentos comprovativos da sua situação para um endereço postal a divulgar. Segundo a ANACOM, após o recebimento da comparticipação, o custo final do equipamento ficará entre 15 a 20 Euros.

Infelizmente, no essencial, e excluindo o paradoxo do tema principal do programa ser a TDT e do programa ser emitido apenas num canal codificado (logo em principio não acessível aos potenciais interesssados na TDT), o que poderia ter sido uma oportunidade para obter respostas às questões mais pertinentes, foi na minha opinião, pouco mais do que tempo de antena concedido à ANACOM para mais uma vez negar as evidências e distorcer a realidade.

Na entrevista um responsável da ANACOM afirmou que a cobertura terrestre da TDT ficou completa no final de 2010! Ora, como todos podem comprovar e já foi oportunamente noticiado pelo blog TDT em Portugal, no site oficial da TDT, a indicação da meta de cobertura de muitas localidades, que apontava para 31/12/2010 (data fixada como limite para a cobertura total da população), foi no final do ano substituída pela informação: cobertura em actualização! Ainda hoje 22/02/2011, também no site oficial, a lista de emissores com data de 31/12/2010 não está ainda completa, do total de 180 emissores adiantados pela PTC no inicio da implantação da rede, apenas 153 se encontram listados. Situação idêntica se verifica no site da ANACOM. Aí, apenas 152 emissores estão listados e com data de actualização já de 16-02-2011! Mas, apesar disso, o responsável da ANACOM afirmou que: «instalação da rede, coberturas, está tudo montado», «as obrigações de cobertura da totalidade do território…foi concluído até ao final do ano passado»!

Também relativamente aos receptores TDT (vulgo caixas adaptadoras), necessárias para tornar a esmagadora maioria dos televisores compatível com a TDT portuguesa, a informação da ANACOM é enganadora. A ANACOM refere um equipamento de baixo custo (30-35 Euros) e que esteve disponível no mercado durante um curto período de tempo. Segundo a avaliação da própria DECO (parceira da ANACOM através de protocolo de colaboração), a compra desse equipamento não é aconselhada, para além de se informar que está em período final de comercialização. Eu próprio investiguei esse receptor quando surgiu no mercado (entretanto já fora de comercialização) e cheguei à conclusão que o mesmo não oferecia garantias de suporte técnico (essencial caso seja necessário actualizar ou corrigir falhas no equipamento), um parâmetro que considero fundamental, mas aparentemente negligenciado quer pela DECO quer pela ANACOM. Actualmente, o equipamento mais acessível à venda (de gama baixa) custa aproximadamente 50 Euros. Utilizando como referência os modelos referidos nos testes da DECO (testes que me suscitam algumas reservas), o preço médio dos modelos recomendáveis (boa qualidade) é de aproximadamente 79 Euros, ou seja mais do dobro do equipamento referido.

É lamentável que os entrevistadores não confrontem os responsáveis com estas e outras contradições, aceitando respostas tão facilmente refutáveis. Por exemplo, porque não se questionou também sobre o que sucedeu ao processo de certificação de televisores e set-top-box’s? Terá sido deficiente preparação dos entrevistadores ou condição prévia para obter a “colaboração” da ANACOM?

Este tipo de “informação” parece-me uma tentativa desesperada da ANACOM de mascarar a realidade. Mas qualquer cidadão interessado e minimamente inteligente pode facilmente comprovar quem fala verdade. Basta pesquisar na Web e procurar nas grandes superfícies e no comércio especializado.

Infelizmente, a prometida campanha de informação à população tarda, mas a máquina de desinformação já faz horas extra!

Chamo a atenção para o facto de existirem no mercado muitos equipamentos que exibem a sigla MPEG-4, mas que são apenas capazes da leitura de ficheiros multimédia nesse formato, não permitindo a recepção da TDT portuguesa. Para que o equipamento seja apto a receber a TDT portuguesa deverá ser capaz de “descodificar” o sinal de antena emitido em MPEG-4 (ou H.264).

O video do programa Falar Global da SIC Notícias está disponível aqui.

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terça-feira, 21 de setembro de 2010

TDT HD Espanhola em Portugal

Enquanto por cá se aguarda que os nossos políticos decidam o que fazer com a TDT, em Espanha a TDT soma e segue, imparável. Como já noticiei anteriormente, a TDT espanhola, que conquista cada vez mais adeptos entre os portugueses, já oferece programação em alta definição. A emissão de novos canais, incluindo canais em alta definição, recordo, vem sendo progressivamente alargada a todo o território espanhol. Agora, para além do canal TVE HD é também já possível receber as emissões do canal TeleCinco HD, e que é emitido com dois streams áudio, o que permite ouvir os programas em espanhol e na versão áudio original. Estes canais estão em fase de emissão teste e emitem em Full HD com excelente qualidade de imagem e som, aguardando-se para muito em breve o arranque das emissões normais.

Na TDT portuguesa, como é sabido, é "emitido" no único Mux activo (Mux A), um mal-amanhado Canal HD “fantasma” há praticamente ano e meio. Em absoluto contraste, em algumas zonas de Portugal, são já 15 (QUINZE!) as frequências TDT que se recebem desde Espanha, no meu caso particular desde a Galiza.

Ainda a propósito das emissões HD espanholas, importa referir que o canal TVE HD emite o seu som em Dolby Digital Plus também conhecido como E-AC3, o que impossibilita muitos equipamentos de receberem o som sem antes sofrerem uma actualização de firmware. Esta situação serve de alerta para os cuidados que convém ter antes de comprar equipamentos para receber a TDT (espanhola ou portuguesa), pois nem todos os equipamentos podem ser actualizados e nem todas as marcas disponibilizam a necessária actualização!

Mas as novidades não se ficam pela TeleCinco HD, novos Muxs têm entrado em funcionamento como é o caso do segundo Mux do Grupo La Sexta que está em testes no Canal 46 desde Domaio, Galiza. Neste mux estão para já dois novos canais: LaSexta2 e LaSexta3. Neste mesmo mux estão ainda previstos, pelo menos, mais dois programas. Deixo aqui algumas capturas que realizei das emissões dos canais TVE HDTeleCinco HD, MTV, LaSexta2 e LaSexta3:

Captura do CanalSur HD realizada por um leitor do blog:


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sábado, 2 de janeiro de 2010

TDT - O que correu mal?

Um novo ano começa e com ele renasce a esperança de que a televisão digital terrestre se torne finalmente acessível a todos os portugueses. Muitos aguardavam que 2009 fosse o ano da TDT em Portugal. Contudo, mais de um ano após o inicio das primeiras emissões, a introdução da televisão digital terrestre tem passado ao lado da maioria dos portugueses.

O que tem corrido mal? Na minha opinião, quase tudo!

Divulgação
É caso para dizer - Qual divulgação? Apesar do sinal oficialmente já estar disponível para mais de 65% da população (deverá nos próximos dias ser anunciada a cobertura de +80% da população), com excepção da internet e algumas notícias nos jornais, a divulgação da nova televisão ainda não começou verdadeiramente.

Oferta de canais gratuitos
A oferta de canais de acesso livre prometia pouco, mas ainda assim conseguiu desapontar! O canal em Alta Definição com programação dos canais públicos e privados (RTP, SIC e TVI) continua no papel. O avanço do Quinto Canal de televisão generalista continua bloqueado por disputas legais.

Oferta de canais a pagar
Depois de um concurso polémico, que a PT venceu, está contratualmente previsto que as emissões arranquem até 31 de Janeiro próximo. No entanto, ainda praticamente nada se sabe sobre a oferta paga (Meo DT) e os moldes em que irá funcionar. Prevê-se pois que, a disponibilização dos canais codificados na TDT, esteja ainda distante.

É que a PT, vem desde Abril de 2009, falando numa suposta alteração de circunstâncias de mercado, tendo recentemente informado que está em conversações com o regulador. Teme-se que se avizinhem novos e polémicos desenvolvimentos!

Equipamentos
Anunciado e apresentado ao público pela PT, há praticamente um ano, continua hoje a ser impossível adquirir o necessário receptor de TDT ao preço anunciado de 50€. A PT, recorde-se, colocou em algumas das suas lojas uma quantidade reduzidíssima de equipamentos, à venda por um preço mínimo de 99€! Devido ao preço elevado dos adaptadores, e à reduzida oferta de canais, antevê-se que em 2010 a maioria dos consumidores terá acesso à TDT através da troca do televisor.

Conclusão
Se considerarmos que nos concursos públicos, o regulador atribuiu à rápida massificação da TDT a maior importância, a conclusão é inevitável – a introdução da TDT em Portugal está, até à data, a ser um fracasso! Aliás, seria muito interessante que a Anacom divulgasse quantos lares já recebem a TDT e quantos receptores de TDT (compatíveis) foram vendidos. Ainda vamos a tempo! Mas, a manter-se esta situação, e se não se contrariar a tradição portuguesa de adiar tudo para o último dia, é de prevêr que a adesão à TDT seja(?) feita, à pressa, quando o sinal analógico estiver na iminência de ser desligado.

Estado, operador da rede e canais de televisão, são responsáveis. Está claro que as opções tomadas não foram as melhores para o consumidor:

  • Cedo disse que utilizar MPEG-4 na TDT gratuita era incompatível com a rápida massificação da TDT. O mercado tem comprovado isso mesmo. Quase dois anos após a data de apresentação das candidaturas aos concursos da TDT, o preço dos adaptadores TDT MPEG-4 continua demasiado alto para permitir uma adopção em larga escala.

  • O Canal HD revelou-se uma utopia. Os canais não se entendem e ninguém parece importar-se com isso. Faltou coragem e determinação para enfrentar lobbies e, finalmente, disponibilizar RTP Memória e RTPN em sinal aberto.
  • A divulgação e promoção da TDT não deveriam estar exclusivamente entregues a uma entidade privada (Fórum TDT, i.e. operador de rede e canais), como até aqui, correndo-se o risco da TDT ficar refém de uma agenda de interesses conflituantes.
Esperemos que em 2010 as entidades competentes assumam as suas responsabilidades e tomem as medidas necessárias para que, desde já, a televisão digital terrestre possa ser adoptada por todos os lares portugueses.

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