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quinta-feira, 26 de abril de 2018

TDT com futuro incerto - PSD impede novos canais

Completam-se hoje seis anos desde que encerraram as emissões de TV analógica em Portugal. Mas a TDT portuguesa continua na cauda da Europa em termos de oferta de canais. Como em inúmeras ocasiões venho referindo, nos outros países a mudança das emissões de sistemas analógicos para digitais foi aproveitada pelos operadores públicos e privados para lançar inúmeros novos canais (sobretudo temáticos) em sinal aberto, melhor servindo os seus públicos. Nesses países, plataformas de TV gratuita, com uma dezena ou mais de canais, coexistem com plataformas de TV por subscrição. Isto acontece um pouco por todo o Mundo, excepto em Portugal, onde disponibilizar mais de 4 canais de TV em sinal aberto parece ser um bichinho de sete cabeças!

Os grupos privados que já estão presentes na TDT (Impresa e Media Capital) não querem concorrentes e portanto opõem-se à entrada de novos canais. Entretanto foram realizados estudos sobre a viabilidade do aumento de canais na TDT. Seria expectável que quem realiza-se esses estudos não tivesse qualquer ligação às partes interessadas, nomeadamente à Impresa ou Media Capital. Ou seja, não deveria existir qualquer conflito de interesses. E, caso existisse, essa ligação deveria ser divulgada (full disclosure) nos estudos. Mas ao ler o estudo da ERC constato que a empresa autora do documento é a mesma empresa responsável pela auditoria aos grupos Impresa e Media Capital! Em parte alguma do "estudo" é feita qualquer referência à relação com a Impresa e a Media Capital. Que credibilidade pode ter um estudo destes?!

Como já escrevi, o facto de Portugal ser a excepção em matéria de TDT diz muito sobre a nossa democracia, que se tem submetido aos interesses de alguns grupos em detrimento do interesse público. Em vez de Governos, reguladores e supervisores que defendam o interesse público, em momentos cruciais temos precisamente o contrário!

Veja-se o caso da RTP 3 e a RTP Memória que só chegaram à TDT em Dezembro de 2016, após uma longa luta por parte dos cidadãos, iniciada pelo blogue TDT em Portugal em 2009. Recordo que a disponibilização destes canais de interesse público foi fortemente contestada pela SIC, que sempre se opôs ao aumento da oferta de canais na TDT.

Para além da disponibilização da RTP 3 e da RTP Memória, o actual Governo anunciou ainda em 2016 a intenção de abrir concursos para dois novos canais (desta vez privados) para a TDT. No entanto, como é necessário parecer da ERC e não existe acordo entre PS e PSD (que quer escolher dois dos quatro vogais e o presidente) para a composição do novo Conselho Regulador da mesma, o processo está parado há mais de um ano!

Recordo que PSD e CDS/PP alinharam com os interesses (nomeadamente os da SIC) que se opunham à disponibilização da RTP Informação e da RTP Memória na TDT, votando contra propostas nesse sentido. Tudo aponta para o facto do “problema ERC” de se tratar de uma crise artificial, deliberada e destinada a impedir o aumento da oferta de canais na TDT.

No entanto, o atraso na abertura dos concursos para os dois novos canais na TDT não é o único problema que a plataforma de televisão livre terrestre enfrenta. O Governo terá ainda de decidir como implementar a alteração na rede TDT imposta pelo segundo dividendo digital, que obriga a libertar as frequências acima de 700Mhz. Em particular, se continuarão a ser utilizadas as mesmas normas na emissão do sinal TDT, o que permitiria a recepção dos actuais e dois novos canais sem necessidade de compra de novos receptores ou, pelo contrário, alterar as normas de emissão o que obrigaria à compra de novos equipamentos. 

Mas, em vez de se proceder à necessária alteração de frequências, o Governo poderá simplesmente decidir pelo abandono da rede de emissão terrestre (no meu entender um erro), passando a difusão a ser feita por satélite e cabo. Recordo que desde 2013 venho alertando para a crescente probabilidade do fim das emissões da TDT por via terrestre. Esse primeiro alerta cedo mostrou razão de ser, pois logo em 2014 a MEO deu a entender que no longo prazo não pretendia continuar a assegurar a difusão do sinal TDT (terrestre). Esse receio fundado saiu reforçado ainda recentemente com a notícia da intenção de venda de 2900 torres de telecomunicações em Portugal por parte da Altice/MEO. As infra-estruturas afectas à TDT não estão incluídas na venda. No entanto, nada garante que uma vez cessadas as obrigações contratuais com o Estado, as mesmas não sejam total ou parcialmente alienadas.

Há portanto muito por decidir e por fazer. Espero que a velha tradição de, à boa maneira portuguesa, adiar e depois ter de se fazer tudo à pressa não se repita. O desastre que foi o processo de transição para a Televisão Digital Terrestre não pode ser repetido!

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sábado, 9 de agosto de 2014

Futuro da TDT: TV Record interessada - PT fala no fim das emissões terrestres

A ANACOM divulgou finalmente o resultado da consulta pública sobre o futuro da TDT em Portugal. Sem surpresa, a esmagadora dos contributos individuais defendeu o aumento da oferta de canais, enquanto os actuais operadores privados são contra a disponibilização de novos serviços.

Como se esperava, a consulta trouxe poucas novidades. No entanto, uma afirmação da PT Portugal em particular merece destaque. É que, tal como o blogue TDT em Portugal havia alertado, já está a ser equacionado o fim da TDT!

Eis a afirmação da PT:

«(...) devem, igualmente, ser ponderadas as condições que garantam a manutenção de um serviço público de televisão, de acordo com o previsto na Lei, num cenário de longo prazo, possível, que preveja o desligamento das operações TDT na faixa de frequências UHF e a sua substituição por plataformas alternativas. (...)»

Um dos alertas que fiz em 2013:

«Teme-se que tenhamos já atingido um ponto de não retorno em que, devido às más opções tomadas, os intermináveis custos da migração e a consequente insatisfação com o serviço, leve a médio prazo à pressão por parte dos operadores de televisão para o abandono puro e simples da plataforma TDT» in consulta proj. decisão "Evolução da rede TDT", Abril 2013.

Outro alerta, também de 2013:

«Poderá já não estar longe o dia em que os operadores nacionais não estarão dispostos a suportar os custos com a sua emissão na TDT. Quando esse dia chegar os canais irão reivindicar uma de duas coisas: a redução brutal dos custos de emissão na TDT ou o abandono puro e simples da mesma, forçando a população que ainda depende da TDT a aderir a um serviço prestado por um operador de televisão paga. (...) Com estes governantes e a sua política de “deixa andar” é para aí que caminhamos.»

Venho há anos alertando para factos que considero configurarem actos de sabotagem à plataforma TDT e que não se trata apenas de uma questão de disponibilizar mais ou menos canais, mas do próprio futuro da televisão em sinal aberto que está em risco! Já havia também referido em consulta que a PTC considerava a TDT uma plataforma alternativa. Eis mais uma prova de que (em Portugal) a TDT foi encarada como uma ameaça aos serviços de televisão por subscrição e aos operadores "instalados" e, por acção e omissão, tudo tem sido feito para acabar com ela!

Quanto ao interesse de novos operadores na TDT (um dos propósitos da consulta), apenas uma novidade: o canal Brasileiro TV Record. A TV Record é propriedade da IURD (Igreja Universal Reino de Deus) e está disponível em Portugal há vários anos através dos operadores de TV por subscrição, mas também em canal aberto via satélite para toda a Europa.

O blogue TDT em Portugal participou nesta consulta através de um documento abordando várias questões relacionadas com o passado, o presente e o futuro da Televisão Digital Terrestre. Nesse documento, o blogue TDT em Portugal reiterou muitas das críticas que, desde 2008, tem apontado ao processo de introdução da TDT e apresentado em sede própria e apresentou soluções que permitiriam dotar o país de uma Televisão Digital Terrestre minimamente satisfatória a curto prazo e sem custos para os telespectadores. Em resumo, o blogue TDT em Portugal criticou:
  • O enorme atraso da consulta pública.
  • A subserviência do Estado a interesses privados.
  • A ausência de uma politica audiovisual socialmente responsável.
  • O desastroso processo de migração para a TDT.
  • A falta de interesse na TDT por parte dos três operadores televisivos.
  • As deficiências da rede de transporte e emissão da TDT.
  • A ineficácia dos reguladores. 
E defendeu, entre outros:
  • A disponibilização imediata no Mux A da TDT dos canais RTP Memória e RTP Informação.
  • A disponibilização dos canais de rádio do serviço público e (havendo interesse) de emissoras privadas.
  • A activação o mais rápida possível (2014/2015) de dois Muxes em DVB-T para a disponibilização em SD e/ou HD de novos canais de âmbito nacional do operador público e dos privados e eventuais canais de âmbito regional. 
  • A adopção do formato 720p para emissões em HD. 
Como argumentei, com o reduzido interesse por parte dos operadores, existe disponibilidade de espectro suficiente, não sendo necessário alterar a rede para DVB-T2 e HEVC. Isso traria mais custos para os cidadãos e afastaria ainda mais as pessoas da TDT.

Com base no interesse conhecido à data, propus o reforço da oferta de canais já em 2014 no Mux A e em 2015 em dois novos Mux B e C (em DVB-T MPEG-4):
TDT em 2014/2015 - 3 Muxes DVB-T

Em 2016/2017, após o fim do simulcast SD/HD, o Mux A ficaria com espaço para disponibilizar novos canais:

TDT em 2016/2017 - 3 Muxes DVB-T

Dado que as respostas do blogue a várias questões foram bastante resumidas pela ANACOM/ERC ao ponto de nalguns casos poderem suscitar interpretação errada, recomendo a leitura da versão integral do documento enviado pelo blogue TDT em Portugal:

Futuro da TDT - contrib. blogue TDT em Portugal (versão integral)

O relatório da consulta está disponível aqui.  

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quinta-feira, 24 de abril de 2014

Consulta pública futuro da TDT

Mais de sete meses após ter sido anunciada pelo ministro Poiares Maduro, foi finalmente lançada a consulta pública conjunta da ANACOM e ERC sobre o futuro da Televisão Digital Terrestre. O documento da consulta foi aprovado a 4 de Abril, precisamente no mesmo dia em que o ministro recebeu um estudo conjunto da RTP, SIC e TVI sobre TDT e vários meses após o prazo limite anunciado pelo próprio ministro para haver "novidades" sobre a TDT (início de Janeiro). 

Como alertei e critiquei nas consultas públicas sobre a evolução da rede TDT, antes de decidir era fundamental conhecer o impacto que as opções a consulta teriam no espectro disponível: 

«Para uma correcta avaliação dos cenários apresentados a consulta pelo regulador, seria fundamental: 
- Ter em consideração que a opção a adoptar afectará a quantidade de espectro disponível para a eventual expansão do serviço DVB-T. Seria pois pertinente o regulador referir de forma pormenorizada o impacto que a adopção de cada cenário teria na disponibilidade de espectro radioeléctrico. » Fev. 2013

«A ANACOM refere que existem redes DVB-T planeadas e disponíveis mas continua a não informar quais os canais radioeléctricos actualmente disponíveis para além das frequências divulgadas no anexo 1 do projecto de decisão. Como alertamos na consulta, importa salvaguardar capacidade de expansão da rede para emissões de âmbito nacional, regional e local. Seria fundamental conhecer o impacto da decisão adoptada no espectro disponível.» Abril 2013

Agora, um ano depois de tomada a decisão, o regulador confronta-nos com uma alegada escassez de espectro! 

Mais, em 2008, os operadores perante a opção de adoptar MPEG-2 ou MPEG-4 (H264) optaram pelo MPEG-4 com as consequências sobejamente conhecidas e debatidas no blogue TDT em Portugal. Agora o regulador coloca em cima da mesa o DVB-T2, o H265 e a possibilidade de tudo continuar como está até 2017. Tendo presentes as opções passadas e as recentes criticas dos operadores privados à suposta "pressa" do Governo com a TDT, são desenvolvimentos preocupantes, especialmente tendo em conta a má assessoria que os governos têm tido em matéria de Televisão Digital Terrestre. Há também outros interesses económicos que naturalmente favorecem nova alteração tecnológica pois isso significará novas oportunidades de negócio!

Receio pois que, novamente, Portugal queira dar um passo maior que as pernas se optar por soluções que impliquem um custo elevado para os telespectadores e contribuintes e o congelamento por vários anos da oferta de canais da TDT. 

Como sempre tem feito, o blogue TDT em Portugal continuará a defender de forma intransigente os interesses dos cidadãos e, à semelhança de ocasiões anteriores, participará nesta consulta pública.

Os interessados poderão enviar os seus comentários até 26 de maio de 2014, preferencialmente por correio electrónico para o endereço futuro.tdt@anacom.pt ou consultapublica.tdt@erc.pt. O documento da consulta está disponível no sitio da ANACOM.
 
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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

TDT: MAP e ERC decidem novos canais

O Blogue TDT em Portugal recebeu do Gabinete do Secretário de Estado Adjunto, das Obras Públicas e das Comunicações um ofício resposta a um pedido de esclarecimento sobre o ponto da situação relativamente à Petição pela emissão da RTPN e RTP Memória na TDT em Canal Aberto, criada em Junho de 2009 e enviada em 8/7/2010, para o Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações (MOPTC) e para o Ministério dos Assuntos Parlamentares (MAP). Neste ofício pode ler-se que a decisão sobre o preenchimento do espectro livre no Mux A da TDT portuguesa será tomada pelo MAP e pela Entidade Reguladora para a Comunicação (ERC). O Gabinete do Sec. Estado Adjunto das OPTC informa ainda que a petição foi também enviada para a ERC e para o ICP-ANACOM, que mostrou disponibilidade para efectuar as alterações necessárias ao título habilitante (direito de utilização de frequências do Mux A, atribuído à PT – Comunicações, S.A.).

Recorda-se que o primeiro “apagão” do sinal analógico de televisão está programado para 3 de Fevereiro de 2011 em Alenquer. De seguida serão desligados os retransmissores do Cacém e da Nazaré, a 7 de Abril e a 5 de Maio, respectivamente. Até à data, ainda não foi lançada a prometida campanha de informação aos cidadãos sobre a TDT e as alterações profundas que se avizinham na televisão terrestre.


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segunda-feira, 22 de março de 2010

TDT paga sob investigação

A polémica gerada com o pedido de revogação das licenças relativas à TDT paga pela PTC poderá ainda fazer correr muita tinta. Na sequência de uma queixa apresentada pela Sonaecom, a revogação das licenças para os canais pagos e o destino a dar ao espaço assim deixado livre (5 Muxs) irão ser discutidos pelas comissões de Ética e de Comunicações do Parlamento. A informação foi prestada à agência Lusa pelo presidente da comissão parlamentar de Obras Públicas, Transportes e Comunicações, José de Matos Correia.

Serão convocadas cinco audições onde serão ouvidos o Ministro dos Assuntos Parlamentares, o Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, os conselhos de administração da Anacom e da PT e o conselho regulador da ERC.

A Sonaecom, recorde-se, foi uma das interessadas nos concursos da TDT mas acabou por "bater com a porta" afirmando que as regras dos concursos teriam sido "feitas à medida" da PT. Agora, acusa a Portugal Telecom de ter "violado as obrigações assumidas" no concurso de TDT e quer que a empresa seja responsabilizada por não ter cumprido os compromissos assumidos.

Recorde-se que a ERC rejeitou por unanimidade o pedido da PTC mas a Anacom (ao que tudo indica) irá confirmar a sua decisão anterior (em sentido oposto) e aprovar o pedido da PTC. A confirmar-se o sentido de decisão da Anacom, as consequências (jurídicas e outras) que tal decisão acarretará não são ainda claras. Uma coisa parece certa, a TDT paga, tal como foi proposta, não vai sair do papel.

Historicamente, as comissões parlamentares não têm tido muita eficácia. Esperemos que esta não seja "mais uma" em que nada se apura e nada se decide. O país não se pode dar ao luxo de perder mais tempo! Espere-mos que, as noticias que vierem (?) a público sirvam para "por a nu" a grande trapalhada em que foi envolvida a televisão digital terrestre portuguesa e forcem os políticos a tomar as medidas correctivas eficazes que se impõem, na defesa do interesse público.

Desde acerca de dois anos venho alertando o público e as autoridades para n situações que são contrárias ao interesse público. Contra a demagogia e a mentira espalhadas por uma máquina bem oleada que, com a ajuda de um exército de lacaios bem colocados, o silêncio e a indiferença de muitos, e a conivência de alguns interesses, tem conseguido enganar, desinformar e iludir muitos portugueses. O resultado está à vista!

Felizmente que pelo caminho alguém me tem escutado. Ainda bem…

Agora, que o modo de funcionamento da "máquina" foi exposto, verifico (sem surpresa) que alguns cúmplices tentam "salvar a cara". Em bom português "os ratos abandonam o barco"!

A decisão da ERC é corajosa e de aplaudir. Pelo que me foi possível aperceber, traduz o que a esmagadora maioria dos portugueses informados pensa sobre este assunto concreto. Mas, será que os nossos "responsáveis" políticos vão ter a ousadia de ignorar esta decisão?

Veremos…

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sexta-feira, 19 de março de 2010

TDT paga: ERC vs ANACOM

A ERC tornou hoje pública a sua deliberação definitiva a propósito do pedido de revogação dos direitos de utilização das licenças da componente paga da plataforma de televisão digital terrestre (Multiplexers B a F). Como era esperado, a ERC declarou improcedente o pedido da PTC.

A ERC sublinha que, "o dito requerimento de revogação tem por objecto e significado o abandono de uma componente essencial da introdução da televisão digital terrestre em Portugal, enquanto projecto definido e apresentado como dotado de importância estratégica e decisiva para o interesse nacional", e que, à data, "se mantém válida e inalterada pelas instâncias competentes a definição do interesse público relativo a esta matéria".

E sublinha também a unanimidade no sentido da rejeição das pretenções da PTC, quanto aos contributos recebidos em consulta pública ao Projecto de Decisão do Conselho Regulador da ERC.

Entre as entidades que se manifestaram em consulta pública estão: Sonaecom, Impresa, Media Capital, Zon, APIT e a própria PTC.

Como ao que tudo indica, o ICP-Anacom irá (em sentido contrário ao da ERC) confirmar o sentido da sua deliberação anterior e aprovar (a pedido da PTC) a revogação da atribuição dos direitos de utilização de frequências associados à TDT paga. Poderá pois avizinhar-se mais uma embrulhada jurídica a envolver a TDT portuguesa o que, lamentávelmente, poderá vir a atrasar ainda mais o processo de transição, isto quando faltam apenas dois anos para a data limite prevista para o encerramento das emissões analógicas de televisão.

A deliberação da ERC, que contém os contributos da consulta pública, pode ser consultado aqui.

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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

TDT paga: ERC não aceita desistência da PT

A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) divulgou um projecto de decisão, aprovado por unanimidade, em que considera improcedente o pedido de revogação da licença para canais pagos da Televisão Digital Terrestre (TDT) apresentado pela PT Comunicações. A Anacom, recorde-se, tinha decidido em sentido contrário, aprovando o «sentido provável de decisão de revogação do acto de atribuição dos direitos de utilização de frequências associados aos Multiplexers B a F» e sem perda da caução de 2.5 milhões de euros.

Neste projecto de deliberação a ERC "arrasa" as justificações apresentadas pela PTC e, pode até inferir-se que a entidade reguladora suspeita de má fé na actuação da PTC, como aliás é legítimo, tendo em conta a cronologia e as circunstâncias que culminaram no pedido da PT.

Este projeto de decisão, será agora submetido a audiência prévia da PT Comunicações, pelo prazo de 10 dias úteis. Espera-se portanto, que, no inicio de Março esta questão esteja resolvida e não se torne em mais uma das muitas embrulhadas jurídicas em que se tem envolvido a Televisão Digital Terrestre Portuguesa.

O projecto de decisão da ERC está disponível aqui.

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sexta-feira, 17 de abril de 2009

PT vai "repensar" a TDT paga

O atraso na concessão das licenças para a TDT paga, e o fracasso do concurso ao quinto canal de televisão generalistas “obrigam” a PTelecom a repensar o projecto.

Durante um jantar promovido pela APDC, o presidente executivo da PT, Zeinal Bava, confirmou que a existência do 5º canal na TDT seria um importante incentivo à compra das caixas receptoras. Segundo o mesmo, «após nove meses deste processo, passou muito tempo, há uma alteração de circunstâncias que temos de analisar». Garantiu no entanto que o avanço do projecto não está em causa.

Na mesma ocasião o presidente executivo da PT afirmou que o arranque da TDT gratuita, a 29 de Abril, contemplará mais de 10 localidades.

Recorde-se que o resultado dos concursos da TDT paga esteve suspenso até ao passado dia 1 de Abril, devido ao recurso aos tribunais da concorrente derrotada Airplus. A entrega à PT das licenças da TDT paga ainda não se concretizou. Também o concurso ao 5º canal generalista de televisão terminou com o chumbo pela ERC dos dois concorrentes, tendo um deles (Telecinco), recorrido aos tribunais.

A oferta de TDT paga, denominada Meo DT prevê até 49 canais de televisão.

terça-feira, 24 de março de 2009

TDT - Televisão Digital em Tribunal (act.)

Como noticiado ontem, a ERC confirmou o chumbo de ambas as candidaturas ao concurso do 5º canal de televisão generalista, como aliás era esperado. A Telecinco já informou que irá recorrer ao tribunal e informa no seu site que irá dar uma conferência de impressa hoje à tarde. É uma triste sina a deste país, em que quase todos os concursos públicos acabam em tribunal! A nossa TDT corre o risco de ser jocosamente conhecida por Televisão Digital em Tribunal.

Após o primeiro chumbo da ERC, Paulo Santos (secretário de Estado das Obras Públicas), disse:

«O Governo considera a existência de um quinto canal generalista como uma decisão extremamente importante para assegurar o sucesso da televisão digital terrestre».

«O Governo mantém por isso a sua expectativa sobre a existência de um quinto canal, que seja um apoio muito significativo na fase de transição».

Como irá haver recurso aos tribunais, penso que não será possível lançar novo concurso. O 5º Canal seria um importante (mas talvez insuficiente) incentivo para acelerar a adesão à TDT, e por esse motivo, enquanto esta "trapalhada" não é resolvida, o Governo deveria tratar de encontrar uma alterativa. A RTP parece-me a solução óbvia, uma vez que já tem dois canais "premium" (pagos com os impostos de todos) RTPN e RTP Memória.

Actualização 19h30:
Como anunciado a Telecinco confirmou em conferência de imprensa a intenção de recorrer ao tribunal, interpondo uma providência cautelar afím de impedir o fim do concurso (e consequente exclusão). Anunciou também a intenção de apresentar queixa contra a ERC (Entidade Reguladora da Comunicação Social).

Actualização 2/04/2009:
O Governo, através do ministro Augusto Santos Silva, informou que vai avançar com uma nova consulta pública para decidir o destino a dar ao espaço que ficou livre no Mux A, com o chumbo das candidaturas. E, sem antes ser conhecida a decisão do tribunal.

Links:

segunda-feira, 23 de março de 2009

TDT Portuguesa: incertezas e contrariedades (act.)

A televisão digital terrestre ainda não arrancou em Portugal, mas pouco ou nada parece estar a correr como planeado! Senão, vejamos:

A TDT paga "não ata nem desata"! O concurso está suspenso e em tribunal, devido à acção movida pelo concorrente AirPlus.

O concurso ao quinto canal ameaça terminar num fiasco! A ERC chumbou os dois concorrentes.

Dos anunciados receptores de TDT a 50 Euros, pouco se sabe! Agora já se fala em preços de 50-80 Euros!

Até o logotipo da TDT, que permitiria indentificar facilmente os equipamentos compatíveis, teima em não aparecer!

E queria a PTelecom antecipar o "apagão" analógico para Janeiro de 2011!

Desde o esclarecimento da Anacom sobre a TDT, pouco mudou. A maioria do comércio continua a vender LCD's anunciando que têm sintonizador TDT, mas ocultando o facto que o mesmo é compatível apenas com mpeg-2 e incompatível com a TDT portuguesa (que utilizará o MPEG-4). Durante largos meses ninguém se preocupou em informar qual seria a norma de compressão a utilizar! Recorde-se que, em 29/10/2008, o blog TDT-Portugal foi o primeiro media a confirmar que a TDT portuguesa iria utilizar o MPEG-4 em todos os Mux's. A 27-11-2008, e após insistentes pedidos deste Blog, sai finalmente a "bomba", ou seja, a oficialização por parte da Anacom. Desde então, nenhuma campanha de informação de massas foi levada a cabo. Depois, o Estado (todos os portugueses que pagam impostos), lá irá(?) subsidiar os necessários receptores...

A cobertura da TDT iria começar pelo litoral, mas tirando a região de Lisboa/Setúbal, ainda está tudo "às escuras" e, no entanto, está em testes na Guarda! A poucos dias do arranque das emissões "piloto" de TDT no continente e ilhas, continuam por divulgar as localidades ou regiões seleccionadas. Antes a informação estivesse sob segredo de justiça, pois dessa forma já todos estariamos informados! Ou será que nem a própria PTelecom sabe ainda onde estará tudo a postos para o inicio das emissões?!

Onde está o planeamento?! Começo a acreditar que se justificou plenamente a avaliação do júri do concurso, que colocou a PTelecom atràs da AirPlus no respeitante às soluções tecnologicamente inovadoras e à qualidade do plano técnico! (1)

Alguém acha que a introdução da TDT em portugal está a correr bem?

É sabido que quando as coisas correm mal a generalidade dos politicos (os mais espertos por antecipação), trata de sacudir a água do capote. Há alguns dias ouvi na radio uma entrevista do Sr ministro dos assuntos parlamentares Augusto Santos Silva, leia-se o seguinte extracto dessa entrevista publicada no DN:

«DN: Para si, o quinto canal em sinal aberto é para esquecer, pelo menos por agora? É preciso esperar?

A.S.S.: Não. Nós fizemos o que nos competia com toda a lisura e transparência. Como tenho dito insistentemente, não sou salazarista e, portanto, não acredito no condicionamento industrial. Não compete ao Estado travar administrativamente a evolução do sector da comunicação social ou de qualquer outro sector. A TDT permite mais canais em sinal aberto. Nós fizemos uma consulta pública e apareceram interessados, operadores que disseram: "Nós estamos interessados em ter presença televisiva." E apareceram outros operadores, que estão no mercado, que disseram: "Nós estamos interessados em aproveitar o espectro para emissões de alta definição." E nós tomámos uma decisão que permite mais alta definição e mais um canal. O concurso foi aberto, apresentaram-se os candidatos, o concurso está a decorrer, não tenho nada a dizer.»

É curioso, eu sempre julguei que era dever dos governantes defender os interesses dos cidadãos! Afinal, acreditando nas palavras do Sr. ministro, parece que a função dos Governos é mais gerir a pressão dos lobbys (e isso explicaria muita coisa). E todos sabemos como tão bem tem funcionado a liberalização e desregulamentação de variados sectores da economia...

O texto completo da entrevista está aqui.

(1) - A AirPlus apenas concorreu ao concurso da TDT paga.

Actualização 23/03/2009, 21h30:
A ERC confirmou hoje a exclusão de ambos os concorrentes ao concurso do 5º Canal de televisão.

Actualização 2/04/2009:
O Governo, através do ministro Augusto Santos Silva, informou que vai avançar com uma nova consulta pública para decidir o destino a dar ao espaço que ficou livre no Mux A, com o chumbo das candidaturas. E, sem antes ser conhecida a decisão do tribunal.

Links:
TDT portuguesa arranca a 29 de Abril
TDT paga sofre novo atraso
TDT: cobertura do litoral
TDT portuguesa em MPEG-4
5º Canal: Telecinco e Zon chumbadas!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

5º Canal: Telecinco e Zon chumbadas! (act.)

De acordo com notícia do Económico e TSF, as candidaturas da Zon e Telecinco ao concurso do 5º canal de televisão foram ambas chumbadas pela ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social). O chumbo da candidatura da Zon, deve-se à falta de meios técnicos e humanos. A candidatura da Telecinco terá sido chumbada devido a alegada falta de viabilidade económico-financeira.

A decisão não é ainda definitiva, devendo os interessados ser ouvidos. Se após a audição a decisão se mantiver, a licença ficará por emitir e todo o processo terá que ser reiniciado.

O 5º Canal será um canal generalista, de acesso livre e será transmitido unicamente nas plataformas digitais. O seu arranque está (ou estava) previsto para 2010.

O texto completo da decisão da ERC está aqui.

A polémica está garantida...

Links:

Actualização 23/03/2009:
A ERC confirmou hoje a exclusão das candidaturas da Telecinco e Zon II ao concurso do 5º Canal de televisão.