A dificuldade de acesso ao sinal TDT é referida por muitos leitores do blogue TDT em Portugal como a razão pela qual ainda não mudaram para a Televisão Digital Terrestre. A ausência de atractivos (mais canais) é, sem surpresa e com largo avanço, a razão principal.
De acordo como a licença de utilização do espectro, a PTC (empresa responsável pela rede de emissores) estaria obrigada a assegurar a cobertura de pelo menos 87% da população por sinal terrestre até 31/12/2010. Segundo informação prestada por fonte ligada à PT, a rede seria composta por 180 emissores. E, apesar de um alto responsável da ANACOM ter informado que até ao final de 2010 tudo ficou pronto, a verdade é que ainda em Outubro a PT anunciou a entrada em funcionamento de novos emissores e, dos 180 planeados, até à data só foram instalados 173. O blogue TDT em Portugal apurou que a PTC terá cancelado a instalação de alguns emissores, não sendo no entanto claro se o valor divulgado inicialmente (180) já contemplava essa redução.
O que é certo é que existem ainda muitas localidades sem cobertura ou com cobertura deficiente de TDT. Como escrevi em ocasiões anteriores, dado que para muitas destas localidades a data (prevista) para o apagão analógico se aproxima a passos largos, é essencial saber-se se serão beneficiadas com a eventual entrada em funcionamento de algum emissor TDT. As populações necessitam e merecem saber como poderão continuar a receber a RTP a SIC e a TVI. Se por antena terrestre ou por satélite. A informação disponibilizada pela PT é insuficiente e por vezes contraditória ou mesmo errada.
É que os custos de adaptação para a TDT podem variar muito consoante o sinal TDT recebido, daí a importância do público (ou pelo menos os técnicos instaladores) serem atempadamente informados, o que não tem sido o caso. A razão para tal atitude por parte da PT até não é difícil de adivinhar. A cobertura prevista para a TDT (por sinal terrestre) é bastante inferior á actual cobertura analógica da maioria dos canais e as queixas são inevitáveis, como aliás já acontece com várias freguesias de Trás-os-Montes que, quando suspeitaram que não seriam servidas por emissores TDT e que teriam que recorrer à recepção por satélite (bastante mais cara na maioria dos casos) protestaram junto da ANACOM e da PT com a qual travam actualmente um braço de ferro.
Este valor de cobertura por emissores terrestres (87%) fica também bastante abaixo do de outros países com uma geografia semelhante ou ainda mais desfavorável que a nossa. A título de exemplo, como referi no comparativo com a TDT espanhola que publiquei recentemente, aí a cobertura dos muxs de âmbito nacional é de 98,5%!
Apesar de (aparentemente) a rede não estar ainda concluída, fica evidente que a cobertura vai deixar de fora muitas localidades de várias zonas do país que actualmente são servidas por sinal analógico. Questões técnicas à parte, a meta de cobertura é pouco ambiciosa e foi definida sobretudo com base em critérios economicistas. Não é aliás coincidência que muitos dos locais sem cobertura terrestre têm sido “visitados” com regularidade por agentes das operadoras de televisão por subscrição. Idem para o silêncio relativamente à entrada em funcionamento dos emissores TDT, ao contrário do que sucedia com emissores e retransmissores analógicos, em que se informava os telespectadores nos canais de TV.
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