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sábado, 1 de agosto de 2020

Governo suspende aumento de canais na TDT

Mais um ano passou e, infelizmente sem surpresa, a TDT portuguesa continua parada no tempo. A alteração da rede de emissores tem estado suspensa devido à pandemia do COVID-19, o que é compreensível. As alterações deverão ser retomadas no dia 12 de Agosto. Poderá saber mais sobre as alterações na rede de TDT aqui

O que não é compreensível é o atraso na abertura do concurso para os dois novos canais privados na TDT. É promessa por cumprir. O concurso para os dois novos canais, um canal de desporto e outro de informação, tem sido sucessivamente prometido e adiado, situação que se arrasta há quatro anos. Na realidade, nem sequer o modelo para o concurso está definido. Actualmente o processo está suspenso sem justificação plausível.

Ainda não há muito tempo ouvi um responsável ponderar sobre a necessidade de um novo estudo, dado o tempo que já tinha passado! Seria mais um estudo desnecessário a somar aos vários "estudos" já feitos e que para nada serviram. Ou melhor, serviram para fazer perder tempo. Todos sabemos que quando os Governos não querem tomar decisões (por exemplo quando há lobbies de interesses privados), uma das estratégias passa por encomendar estudos. E estudos sobre o aumento da oferta de canais na TDT já há vários. Há, por exemplo, aquele encomendado pela ANACOM à empresa que audita as contas dos grupos donos da SIC e da TVI (ignorando um evidente conflito de interesses) e que sempre se opuseram ao aumento da oferta de canais na TDT! 

Recordo que a nível Europeu e Mundial, a TDT portuguesa é das que têm a mais reduzida oferta de canais. E vários inquéritos revelaram que os portugueses desejam maior oferta de canais na TDT.

A Altice, que é o operador da rede de TDT, também já em várias ocasiões tem dito que deseja mais canais na TDT. Mais, diz que não há limitação técnica, ou seja, há é falta de decisão política. O que já sabemos!

Como é sabido, a Altice tem vindo a vender a sua infraestrutura de telecomunicações. Já vendeu parte da rede de torres de telecomunicações e de fibra óptica. E como tenho lembrado, a Altice tem contrato para operar a TDT até 2023, mas já "avisou" que não está interessada em renovar esse contrato. Pretenda ou não vender as torres que fazem parte da rede de TDT em 2023, não surpreende que a Altice pretenda mais canais na TDT, pois uma TDT com mais canais gera mais receitas e aumenta o valor desse activo!

De referir que a redução do preço cobrado pela Altice aos operadores de TV imposta pela ANACOM implicou a redução dessas receitas. Esta decisão foi contestada pela operadora que afirmou que a mesma iria comprometer seriamente a sustentabilidade da TDT.

Uma coisa é certa, como sempre afirmei, esta TDT a meio gás foi propositadamente arquitectada para fomentar a migração para pacotes de TV por subscrição, objectivo há muito conseguido. Já muito antes da disponibilização da RTP Memória e da RTP3 na TDT eu argumentava que a disponibilização desses canais não iria fazer a mínima mossa nas finanças dos operadores de TV por subscrição e dos operadores privados. O tempo deu-me razão. E o mesmo acontecerá com a disponibilização de mais dois canais. A Altice sabe isso e também por esse motivo diz publicamente ser a favor do aumento do número de canais.

O que acontecerá em 2023 ainda é uma incógnita. O aumento da oferta de canais na TDT poderá não impedir a desistência da Altice em operar a TDT. Mas, sem o aumento da oferta de canais, a probabilidade da Altice abandonar a exploração da TDT parece-me bem real.

A batata quente está nas mãos do Governo!

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terça-feira, 27 de agosto de 2019

Alteracoes à rede de TDT começam em Janeiro de 2020

A alteração da rede de TDT, noticiada pelo blog TDT em Portugal em Junho e cujo inicio estava previsto para o Outono, foi adiada para Janeiro de 2020. O adiamento não constitui surpresa pois em Junho era já evidente o atraso do processo. Relativamente ao plano de migração (o designado roteiro nacional para a faixa dos 700Mhz), pode dizer-se que a ANACOM fez uma inversão de 180 graus!

Assim, a alteração da frequência dos emissores, que estava inicialmente planeada para começar de Norte para Sul irá agora decorrer de Sul para Norte. Segundo a ANACOM, o processo não terá qualquer impacto juntos dos utilizadores que já estão a sintonizar os canais 40, 42, 45, 46, 47 e 48. Os utilizadores que estão a sintonizar o canal 49, 54, 55 ou 56 terão de proceder à ressintonia dos seus equipamentos receptores, mas não será necessária a reorientação das respectivas antenas de recepção.

Mas a alteração mais significativa consiste na manutenção da rede MFN, a designada rede overlay! Recordo que o plano original previa o desaparecimento desta segunda rede. Isto é muito importante, pois como venho alertando desde 2013, a transformação da rede SFN nacional em redes SFN mais pequenas  (desaparecendo a rede MFN) não iria resolver todos os problemas de recepção.

«A solução adoptada para a rede TDT não é isenta de riscos
Alerta-se o regulador para o facto da decisão de transformação da rede SFN nacional em MFN’s de SFN’s não constituir solução para todos os problemas de recepção do sinal TDT. As dificuldades de recepção têm causas múltiplas já abordadas pelo blogue TDT em Portugal e não são apenas consequência de fenómenos de propagação. Devido ao tamanho das áreas MFN definidas e porque no seu interior continuam em operação redes SFN, continuam a impor-se especiais precauções quanto à potência dos emissores, diagramas de radiação e sincronismo (offset temporal). É essencial que as simulações de cobertura utilizem modelos de propagação adequados aos sites e respectivas áreas de serviço, salvaguardando todas as condições de propagação. A não observância destas precauções teria consequências nefastas pois desaparecerá a rede (alternativa) MFN “pura” e continuariam os problemas de recepção associados à utilização de rede SFN. » - Em Resposta ao Projecto de Decisão da Evolução da rede de TDT – Abril/2013

Felizmente a Altice chegou à mesma conclusão que eu e propôs a manutenção da rede overlay, tendo a ANACOM finalmente acabado por reconhecer que esta seria a melhor opção.

Ainda em Junho expliquei que a rede MFN actual utiliza poucos emissores na mesma frequência, limitando o potencial de auto-interferência e instabilidade da rede. E que se a ampliação da rede MFN não for cuidadosamente planeada (por exemplo ditada por critérios economicistas) poderiam voltar a ocorrer problemas de recepção, tal como acontece com a rede SFN. Ora, de acordo com o SPD da Anacom, a migração da rede SFN irá mesmo ser condicionada por critérios economicistas, constituindo a manutenção da rede overlay (MFN) uma importante rede de segurança.

O cronograma actual para a migração dos emissores é o seguinte:


As perguntas mais frequentes relacionadas com o processo de migração foram publicadas no post anterior, pelo recomendo a sua consulta levando em conta as alterações divulgadas neste post.
 
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segunda-feira, 10 de junho de 2019

Alterações à rede TDT começam no Outono

Uma nova alteração à rede de TDT está planeada para começar no quarto trimestre de 2019. A alteração consiste na alteração do canal utilizado para difundir o MUX A da Televisão Digital Terrestre em rede SFN (rede de frequência única).

Porquê alterar o canal de emissão?

Por disposição da União Europeia será necessário libertar as frequências acima de 700Mhz até Junho de 2020 (o chamado dividendo digital II). Tal significa que os emissores de TV que utilizem frequências acima de 700Mhz terão que migrar para um canal de emissão inferior aos 700Mhz.

Dos vários Muxes inicialmente previstos em 2008, o MUX A, o que difunde a RTP1, RTP2, RTP3, SIC, TVI, RTP Memória e ARTV, foi o único que viria a ser utilizado. O MUX A utiliza duas redes, uma (principal) de frequência única (SFN) que utiliza o canal 56 (frequência 754Mhz) em todo o território do Continente e uma rede "complementar" de frequências múltiplas (MFN).  

Como a rede SFN utiliza uma frequência acima dos 700Mhz será necessário alterar o canal de emissão. Já a rede "complementar" que foi activada a partir de 2012 devido às graves deficiências da rede SFN, ao contrário da rede SFN, já utiliza canais com frequências abaixo dos 700Mhz.

Quando ocorrerá a migração?

O início da migração está previsto para o quarto trimestre de 2019 e deverá terminar em Maio de 2020. De notar que não está excluído um possível adiamento até 2022. Essa possibilidade é contemplada pela União Europeia e inclusivamente defendida pelo operador da rede de TDT. O mapa seguinte contém o cronograma da migração.


Espera-se que a ANACOM e/ou o operador da rede de TDT (MEO) divulgue atempadamente informação adequada. Nomeadamente o dia e a hora em que em cada região ou emissor se procederá à alteração do canal de emissão.

Quem será afectado pela migração?

Quem recebe a TDT através do canal 56 (frequência 754Mhz). Apesar de existir a emissão em rede complementar (MFN), esta rede ainda dispõe de poucos emissores e muitos espectadores ainda dependem da rede SFN (canal 56).

Como será feita a migração?

A migração ocorrerá de forma faseada por regiões e de Norte para Sul. Açores de Madeira serão as últimas regiões a migrar. No total a migração de frequência abrangerá cerca de 240 emissores.

A ANACOM optou pela opção com menos custos para o Estado, decidindo não impor um período de simulcast (ao contrário do que propus em consulta pública). Assim sendo, em cada região, a emissão no canal 56 será desligada até as alterações estarem concluídas. Isso implica que quem recebe a TDT através do canal 56 (C54 nos Açores e Madeira) ficará temporariamente sem sinal. Uma vez concluída a alteração do canal de emissão os emissores serão ligados no novo canal de emissão que será o canal da rede MFN atribuído à respectiva região e os telespectadores terão que efectuar uma pesquisa de canais para voltarem a receber os programas.

Na prática, trata-se da ampliação da rede MFN à custa da eliminação da rede SFN. No final passarão a existir várias SFN's de menor dimensão.

Quanto tempo durará a interrupção?

Nada a este respeito foi ainda esclarecido. No entanto é previsível que a interrupção da emissão (no pior cenário) possa durar até um par de horas enquanto os emissores são reconfigurados para a nova frequência. É igualmente previsível que posteriormente à alteração da nova frequência a emissão sofra pequenas interrupções para que se proceda a ajustes.

Será necessário comprar um receptor novo?

Não. Não haverá alteração das normas de emissão, continuando a utilizar-se o DVB-T MPEG-4 (H.264/AVC), pelo que os equipamentos actualmente utilizados estão aptos a receber a emissão na nova frequência devendo apenas ser necessário realizar uma pesquisa de canais.

Como receber a nova frequência?

Quem actualmente recebe a TDT através do canal 56 (frequência 754Mhz) deverá efectuar uma pesquisa de canais no canal atribuído à sua região de residência de acordo com o mapa e na data que vier a ser anunciada. 

Como infelizmente tem sido a norma, a ANACOM é parca em informações não fornecendo dados muito pertinentes quer para o público quer para os profissionais. Por exemplo, se as alterações aos emissores se ficam pela alteração da frequência ou poderão contemplar outras alterações, como a alteração da potência de emissão e/ou o diagrama de radiação de alguns emissores. É que se as alterações não se limitarem à alteração do canal de emissão nalgumas situações poderá ser necessário proceder à reorientação das antenas de recepção.

Espera-se que a ANACOM e/ou o operador da rede de TDT (MEO) divulgue atempadamente informação adequada. Nomeadamente o dia e a hora em que em cada região ou emissor se procederá à alteração do canal de emissão.

O sinal TDT vai melhorar?

Para quem recebe a TDT através do canal 56 (rede SFN) é previsível que o sinal melhore. No entanto, para quem actualmente sintoniza os canais da rede complementar (MFN), tal como alertei em consulta pública em 2013, a qualidade de emissão poderá piorar comparativamente à rede MFN actual: 

«A solução adoptada para a rede TDT não é isenta de riscos
Alerta-se o regulador para o facto da decisão de transformação da rede SFN nacional em MFN’s de SFN’s não constituir solução para todos os problemas de recepção do sinal TDT. As dificuldades de recepção têm causas múltiplas já abordadas pelo blogue TDT em Portugal e não são apenas consequência de fenómenos de propagação. Devido ao tamanho das áreas
MFN definidas e porque no seu interior continuam em operação redes SFN, continuam a impor-se especiais precauções quanto à potência dos emissores, diagramas de radiação e sincronismo (offset temporal). É essencial que as simulações de cobertura utilizem modelos de propagação adequados aos sites e respectivas áreas de serviço, salvaguardando todas as condições de propagação. A não observância destas precauções teria consequências nefastas pois desaparecerá a rede (alternativa) MFN “pura” e continuariam os problemas de recepção associados à utilização de rede SFN. » - Em Resposta ao Projecto de Decisão da Evolução da rede de TDT – Abril/2013

Isto porque a rede MFN actual ainda utiliza poucos emissores na mesma frequência, limitando o potencial de auto-interferência e instabilidade da rede. Se a ampliação da rede MFN não for cuidadosamente planeada (não ditada por critérios economicistas) poderão voltar a ocorrer problemas de recepção, tal como acontece com a rede SFN.

E os novos canais?

Estão há muito prometidos dois novos canais privados na TDT, um canal de desporto e outro de informação. Estes canais estão sujeitos a concursos que têm sido sucessivamente prometidos e adiados, situação que se arrasta desde 2016.

Mais do mesmo?

A migração para a TDT foi um escandaloso desastre. Os alertas (o blogue TDT em Portugal fez vários) foram ignorados e as evidências negadas. Uma vergonha nacional! Mal planeada e mal executada, a migração falhou em quase tudo. Falhou o sinal, falhou a oferta de canais (ainda se recordam do Canal HD às escuras?), falhou a certificação de equipamentos, falhou a divulgação e informação à população e falhou a subsidiação dos custos de migração. Tudo isto contribuiu para que muitos desistissem da TDT e encheu os bolsos dos operadores de TV por subscrição. 

Estamos a poucos meses da data planeada para se iniciar a nova migração e o regulador ainda não informou como a migração irá ser comunicada à população. É um mau presságio! 

Que futuro para a TDT?

Tal como tendo afirmando desde 2009, em Portugal a TDT foi sabotada. A plataforma foi deliberadamente enfraquecida e marginalizada desde o inicio. O operador público cedo esqueceu as suas obrigações e deixou na gaveta os seus planos para a melhoria da oferta de canais temáticos.

Só a pressão pública (liderada pelo blogue TDT em Portugal) conseguiu que a RTP 3 e a RTP Memória chegassem (muito tarde) à TDT. Os operadores privados já instalados não estão interessados no aumento da oferta de canais e apenas em pagar o menos possível pelo sinal (como previ em 2013) e o interesse de novos operadores esmorece perante os obstáculos criados. 

Não menos desencorajador é o facto de a ANACOM ter encomendado um estudo sobre a viabilidade do aumento da oferta de canais na TDT à empresa que audita os grupos donos da SIC e da TVI

Como também alertei em 2014, o próprio operador da rede de TDT (MEO) comunicou que não pretende continuar a prestar este serviço para além de 2023, ano em que termina a obrigação contratual. 

O futuro da TDT em Portugal está pois longe de estar assegurado.


DIALOGO DE SURDOS (actualização 27/07/2019)
Quando escrevi este texto (inicio de Junho) era já evidente que Anacom e a Altice (MEO) não estavam "sincronizadas" (para não variar) a respeito deste assunto. Cerca de um mês após ter publicado este post ocorreu a primeira reunião do grupo de trabalho para a migração da TDT. Agora, mais um mês passou e o desentendimento não só persiste como parece ter-se agravado.

A Altice afirma que os trabalhos para a migração de frequência estão atrasados, não acredita que o processo esteja a ser bem conduzido, que o prazo previsto é insuficiente e que deveria ter-se optado por um período de simulcast (como defendi em consulta pública). 

As críticas têm razão de ser pois já só faltam cerca de três meses para a suposto inicio das alterações e a Anacom ainda não deu a conhecer o plano detalhado ao público nem (mais grave) à Altice. Lamentavelmente, o regulador parece alheio ao facto de que o operador da rede necessita planear os trabalhos com antecedência, pois normalmente este tipo de operação envolve a contratação de técnicos e pode eventualmente também requerer a aquisição de equipamentos. Entretanto, afirmou que não será necessário os telespectadores reorientarem as antenas de recepção.

A trapalhada da TDT portuguesa continua. Como sempre, quem paga é o telespectador/consumidor.  

INVERSÃO DE 180º (actualização 27/08/2019)
A alteração da frequência dos emissores, que estava inicialmente planeada para começar de Norte para Sul irá agora decorrer de Sul para Norte e arranca em Janeiro de 2020. Não será necessária a reorientação das respectivas antenas de recepção e será mantida a rede MFN! Mais informação aqui.

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sábado, 4 de junho de 2016

Sondas comprovam falhas do sinal TDT

Ainda o Verão não chegou e já se sentem um pouco por todo o país dificuldades na recepção da TDT!

As perturbações do sinal, que em casos extremos podem ocasionar a perda total de imagem e som, são ocorrência frequente ao longo do ano, mas habitualmente intensificam-se no Verão devido à maior ocorrência de fenómenos de inversão térmica que aumentam o alcance do sinal dos emissores. O aumento do alcance dos emissores poderá parecer algo de positivo para o leigo, mas no caso de redes SFN (frequência única), como a utilizada em Portugal, tal traduz-se em interferências que vão da pixelização momentânea da imagem (quadradinhos) à perda total da mesma.

Está a acontecer o que todos os que dependem da TDT têm comprovado desde há anos e para o qual o blogue TDT em Portugal oportunamente alertou: a qualidade da rede SFN (canal 56) deixa muito a desejar!

No entanto, desde Fevereiro a ANACOM disponibiliza uma ferramenta onde é possível comprovar as falhas do sinal TDT. Esta avaliação do sinal faz-se com base em medições realizadas pelas sondas de monitorização instaladas pelo regulador. A ferramenta tem muitas limitações e disponibiliza informação muito básica, mas permite através de um código de cores averiguar se na nossa zona de residência a qualidade do sinal de TDT foi afectada, isto caso exista uma sonda por perto.

Veja-se o mapa da qualidade do sinal TDT referente ao dia de ontem, 02/06/2016. Como se pode comprovar, inúmeras sondas reportaram fraca ou má qualidade de recepção do sinal TDT no canal 56, sobretudo na faixa litoral:

Mapa falhas sondas TDT
O mapa completo pode ser consultado aqui. Os pontos vermelhos indicam valores abaixo do limiar mínimo de qualidade (MER < 19,5 dB) e sem recepção da rede complementar MFN. 

De referir que este valor (19,5 dB) foi definido pela ANACOM e foi melhorado dos 17,1 dB propostos originalmente pela mesma ANACOM no seu projecto de decisão relativo às obrigações de cobertura a cumprir pelo operador da rede TDT. O blogue TDT em Portugal foi a única entidade que reclamou do valor proposto (17,1 dB), valor muito inferior ao recomendável, tendo proposto um valor maior (>20,3 dB min.). Esta diferença de +2,4 dB (19,5 - 17,1), representa quase o dobro da exigência na avaliação da qualidade do sinal relativamente à proposta inicial da ANACOM, o que se traduz numa melhor defesa dos interesses dos telespectadores. 
 
A situação ocorrida nos últimos dias, a repetir-se com frequência (como é previsível que venha a ocorrer), deita por terra a afirmação do operador da rede segundo a qual a mesma atingiu a estabilidade.

09/06/2016:
No dia de ontem a situação foi ainda pior, com ainda mais localidades afectadas:

Se dúvidas restassem, estes dados desvanecem-nas por completo e reforçam a urgência de avançar para a instalação da rede de MFN's de SFN's.

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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Rede TDT MFN tem +4 emissores

No seguimento de deficiências detectadas pela ANACOM na recepção do sinal TDT em várias zonas de Portugal, o regulador atribuiu uma licença temporária (mas que certamente passará a definitiva) para a activação de quatro novos emissores de TDT em rede MFN:
  • emissor do Mendro: canal 40;
  • emissor de Palmela: canal 45;
  • emissor de São Mamede: canal 47;
  • emissor da Marofa: canal 48.
A potência (PAR) máxima para cada uma das estações referidas é de 10 kW, à exceção do emissor de São Mamede, no sector 20º - 110º, cuja PAR máxima será de 100 W. Esta "solução" deverá ser implementada no prazo máximo de 5 dias úteis. 

A ANACOM determinou ainda à PTC a apresentação, no prazo de 10 dias úteis, de um plano para a instalação dos emissores principais necessários para a resolução dos problemas constatados nas zonas não abrangidas quer pela atual rede MFN (C42, C46, C49), quer pelos quatro emissores agora temporariamente licenciados. 

Já em 2012 foi necessário activar emissores "alternativos" em rede MFN (temporária) para remediar os graves (mas previsíveis) problemas de recepção que afectaram o litoral e, em 2013, foi decidida a migração da actual rede SFN para uma rede MFN de SFN's em 2017. Referindo inúmeras falhas na recepção do sinal TDT em vários pontos do país, o regulador está a antecipar essa migração, sendo de prever para breve a activação dos restantes emissores principais (C33, C34, C43).

Mas também os graves problemas financeiros que têm afectado a PT são públicos. Como é sabido, a empresa está em processo de fusão com a operadora brasileira Oi e, como o blogue TDT em Portugal destacou, já deu a entender não estar interessada em manter as emissões terrestres da TDT por muitos mais anos. Mesmo havendo protocolos assinados, é pois do interesse do Estado que a migração da rede TDT seja concretizada o mais rapidamente possível!

Recordo que o blogue TDT em Portugal vem desde há anos alertando para as deficiências da rede de TDT, inclusivamente através das várias consultas públicas já realizadas. Ainda recentemente, nas consultas sobre o futuro da TDT e definição das obrigações de cobertura terrestre (relatório ainda não publicado), o blogue TDT em Portugal voltou a criticar (referindo vários exemplos) a forma deficiente como a rede tem sido implementada. Estão documentados os inúmeros alertas e as criticas do blogue à forma como se estava a processar a migração para a TDT em Portugal, enquanto os principais meios de comunicação social (e certas entidades privadas) se limitaram a "vender" a posição do Governo e do regulador de que tudo estava e iria correr bem! 

A deliberação da ANACOM pode ser consultada aqui.

Actualização:
A zona servida pelo emissor em rede MFN da Serra da Lousã (C46) foi a primeira zona do país a iniciar a implementação de rede MFN de SFN's. Em Setembro foi activado o canal 46 também no emissor da Boa Viagem (Figueira da Foz).

8/10/2014:
Em consulta pública alertei a ANACOM em Maio (e novamente em Agosto) para a desactualização e incorrecção da informação relativa aos emissores TDT. Curiosamente, mais ninguém referiu essa situação insólita. Finalmente, ao fim de quatro meses após o meu alerta, a ANACOM lá actualizou e corrigiu a informação que estava desactualizada desde Dezembro de 2012!

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terça-feira, 7 de maio de 2013

TDT espanhola recebida

Como tenho partilhado, sob condições excepcionais de propagação recebo dezenas de canais de televisão e radio a partir da Galiza, a mais de 200Km de distância. Embora não tenha sido a primeira vez este ano (a primeira ocasião foi a 26 de Janeiro), no passado Domingo, apesar da propagação não ter sido propriamente forte, captei novamente muitos canais espanhóis: nacionais, regionais e locais. 

Enquanto por cá o regulador afirma que os operadores não têm interesse na TDT e se discute o sexo dos anjos, de Espanha chegam-nos sinais de um país onde a TDT é um sucesso. Um sucesso que diga-se, incomoda alguns responsáveis portugueses. Mas não faz mal, a TDT espanhola tem muitos canais de TV e rádio, HD e até funcionalidades avançadas, mas a nossa TDT tem o Canal Parlamento e a espanhola não!!! Nós é que somos um país moderno! Um exemplo em matéria de TDT :)

Capturas de alguns dos canais recebidos:

Telecinco HD

 TVE HD

GRAN HERMANO - Big Brother no novo canal Nueve

TVG2 (Galego)

V Televisión (Galego)

Popular TV Galicia

Localia Vigo (Galego)

Televigo (Galego)

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segunda-feira, 11 de março de 2013

ANACOM decidiu alterar a rede de TDT

A ANACOM acaba de dar conhecimento da decisão de alterar a configuração da rede TDT para uma rede de multi-frequência (MFN) constituída por pequenas redes de frequência única (MFN de SFN). Este foi um dos cenários apresentados na recente consulta pública sobre a evolução da rede de Televisão Digital Terrestre em que o blogue TDT em Portugal participou. Todavia, esta alteração não deverá ocorrer a curto prazo. Certa (como já tinha vaticinado) é a passagem a definitiva da rede temporária constituída pelos emissores da Lousã, Monte da Virgem e Montejunto a operar em frequências alternativas desde Maio de 2012.

A prazo, e se o projecto de decisão passar a definitivo, nas zonas do mapa ilustrado, serão progressivamente activadas novas frequências e alterada a frequência de emissão da actual rede SFN para a mesma frequência a utilizar em cada zona de cobertura. Em alguns locais, para além da resintonia dos equipamentos, será necessário proceder à reorientação da antena de recepção. Esta é a opção que mais garantias de qualidade de cobertura dá, mas é também a que mais impacto terá junto população, pelo que já havia apresentado diversos alertas e sugestões à ANACOM no sentido de serem salvaguardados os interesses da população, nomeadamente:
  • Definindo um período adequado de simulcast para as emissões.
  • Divulgando o processo de forma atempada e pormenorizada através dos canais FTA
  • Aumentando previamente a oferta de canais de forma a compensar os transtornos e custos em que os cidadãos irão incorrer.
Relatório da consulta pública sobre a evolução da rede TDT
Contributo do blogue TDT em Portugal à consulta pública (na integra)
Resposta do blogue TDT em Portugal ao projecto de decisão (na integra)

11/04/2013: actualizado com a resposta ao projecto de decisão
20/05/2013:
A Anacom aprovou o projecto de decisão que, a prazo, irá transformar a rede SFN em rede  MFN de SFN's. A decisão pode ser consultada aqui.

Relatório da consulta pública ao projecto de decisão (obs: a maioria das criticas e considerações do blogue TDT em Portugal não constam do documento!)

Mais uma vez lamento a ausência de resposta por parte da Anacom (documento acima) a várias questões colocadas e a supressão de todas as criticas constantes no documento enviado. A resposta do blogue TDT em Portugal pode ser consultado (sem censura) aqui.


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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Alterações à rede de TDT: resposta do blogue TDT em Portugal

Como informado no penúltimo post, a ANACOM abriu consulta pública sobre os cenários de evolução da actual rede de televisão digital terrestre que terminou no dia 1 de Fevereiro. Esta consulta decorreu da necessidade de se decidir qual a solução definitiva para solucionar as deficiências detectadas (tardiamente) na rede TDT, uma vez que a licença da rede temporária activada em Maio de 2012 já foi renovada uma vez e não poderá ser renovada novamente. Como comentei anteriormente, o regulador concedeu um prazo de apenas 10 dias úteis, o que é manifestamente curto. Além disso não foi fornecida informação essencial para a correcta avaliação dos cenários propostos.

Apesar disso, o blogue TDT em Portugal respondeu ao pedido enviando um documento onde comenta os cenários propostos, faz recomendações e criticas. São recordados alguns dos muitos alertas que fiz a respeito do processo de migração e switch-off que poderiam ter evitado a situação actual. Recordo que no próprio dia em que foi divulgado onde seriam realizados os desligamentos piloto (6/08/2010) alertei que não iriam permitir efectuar verdadeiros testes à preparação para o switch-off de 2012, que só após um nível de migração significativo seria possível detectar algumas insuficiências da rede e, voltei a alterar para a necessidades de se aprender e corrigir caminho após a experiência desastrosa de Alenquer. Em Dezembro de 2010 afirmei que já não seria possível uma transição tranquila para a TDT no espaço de tempo disponível. Apesar disso, para o regulador os desligamentos piloto foram um sucesso e, apesar de até as comparticipações à migração terem sido disponibilizadas só em Abril de 2011, o regulador afirma agora que esperava que a migração fosse gradual(!), acabando implicitamente por confessar que (tal como afirmei) o período de simulcast (que já era um dos mais curtos da Europa) foi quase totalmente desperdiçado. Tudo porque os nossos políticos colocaram alguns interesses privados acima do interesse público, recusando aumentar a oferta de canais reclamada pelo blogue TDT em Portugal desde Junho de 2009!

Como disse, a licença da rede temporária termina em Maio e não pode ser renovada novamente. Com base em informação da PTC a "optimização" da rede SFN já deverá ter ficado concluída (bem ou mal). Os tais fenómenos "imprevisíveis", prevê-se :) que regressem na Primavera/Verão (na verdade já se manifestaram no dia 26/01).

O regulador parece ter-se colocado entre a espada e a parede pois, ou faz o que a PTC quer e converte a licença temporária em definitiva ou a rede é desactivada e corre-se o risco de voltarem a verificar-se problemas de recepção em algumas zonas, porque parece não haver medições que comprovem a eficácia das "correcções". Como referi em Novembro, o que muito provavelmente vai acontecer é (mais uma vez) o que a PTC pretende: vão manter-se as três frequências alternativas e sem custos adicionais para a empresa. Claro que esta situação era evitável pois, como refiro no contributo enviado não faltaram alertas em tempo útil da parte do blogue TDT em Portugal para esta e outras situações.

O contributo do blogue TDT em Portugal pode ser consultado aqui (pdf).

6/02/2013: OLHA QUEM FALA!
Não deixa de ser surpreendente ver uma entidade que em matéria de TDT andou "de mãos dadas" com o regulador até à véspera do primeiro "apagão" analógico e que durante quase todo o processo de migração praticamente nada fez em defesa dos interesses dos consumidores, prometer agora a resolução rápida dos problemas de recepção da TDT se forem ao seu site inserir os seus dados pessoais e registar uma queixa que... será encaminhada para a PT. Esta é a mesma entidade que "informava" que os adaptadores TDT tinham qualidade quando apenas 3 em 25 equipamentos por si testados eram classificados como "Bom". Muita "porcaria" foi vendida e está na origem de muitos dos problemas de recepção. Cá estão novamente os media portugueses a fazer de papagaio. Cá estão as televisões a ir novamente a casa do reformado que vê TV aos quadradinhos sem quererem saber o porquê das dificuldades de recepção. Ou à casa do Sr. que tem problemas de recepção mas que mesmo assim utiliza uma antena não adequada. Pelo meio diz-se que a TDT não presta e que o problema se resolve aderindo à televisão por assinatura. Como comentei no contributo que enviei à ANACOM, há mais interesse em divulgar o problema do que a solução...  Nem oito nem oitenta!  

14/02/2013: ANACOM VAI INSTALAR SONDAS
Uma das criticas que fiz à ANACOM na consulta pública prende-se com o facto de terem passado mais de dois anos desde a data em que um administrador do regulador afirmou que a cobertura estava terminada, sem que haja dados que permitam uma avaliação correcta da rede TDT. Pois bem, o Correio da Manhã na edição de hoje informa que a ANACOM vai investir cerca de 480000 Euros (valor base do concurso público para o fornecimento da solução) numa rede nacional de sondas para a monitorização do sinal de TDT. Como também referi na consulta pública sobre a evolução da rede TDT, o operador da rede deveria fazer a monitorização do sinal e fornecer os dados ao regulador. Os 480000 Euros dariam para instalar (pelo menos) 16 emissores TDT!
 
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quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Rede temporária TDT vai manter-se por mais 6 meses

A ANACOM anunciou a renovação por mais 180 dias da licença que permite à PTC utilizar três frequências adicionais para a difusão do sinal TDT no Continente. Como o blogue TDT em Portugal informou em Maio, havia sido concedida autorização para a emissão temporária e simultânea do sinal TDT por 180 dias a partir do emissor do Monte da Virgem, Lousã e Montejunto. Esta rede deverá portanto manter-se em funcionamento até Maio de 2013. No entanto, parece ser desejo da PTC manter em funcionamento permanente a rede MFN o que implicará a emissão de uma licença definitiva.

A rede temporária MFN (multi-frequência), recordo, foi activada em Maio como alternativa temporária à rede principal devido a deficiências detectadas na cobertura do sinal. Deficiências essas detectadas tardiamente (pelo operador e pelo regulador), devido à forma como decorreu o processo de migração e switch-off, com a esmagadora maioria da população a fazer a migração praticamente em cima das datas limite, o que naturalmente não permitiu a detecção e correcção atempada de muitas situações de dificuldade de recepção antes do switch-off, como por diversas ocasiões alertei iria suceder. O período de simulcast, destinado precisamente a detectar e retificar estas situações, foi essêncialmente desperdiçado!

Segundo a PTC foram efectuados vários procedimentos de optimização da rede SFN:
  • "Atrasos de lançamento" em algumas estações;
  • Instalação de 12 novos emissores;
  • Abaixamento do diagrama de radiação vertical em 11 emissores;
  • Transformação de 9 gap-fillers em emissores;
  • Modificação do diagrama de radiação horizontal de 3 estações.
Por "atrasos de lançamento" a PTC possivelmente refere-se ao "acerto" do sincronismo dos emissores! Para além destes procedimentos, apesar de não o referir, a PTC procedeu também à alteração da potência de emissão de vários emissores. Segundo estimativas da ANACOM, estes procedimentos permitiram aumentar a cobertura da rede TDT (C56) no Continente em cerca de 30.000 pessoas. Informa também que estão em fase de estudo e planeamento acções de intervenção para o Baixo Alentejo e Algarve.

Parece evidente que a PTC não irá optimizar muito mais a rede SFN. Mas a utilização dos três emissores em rede MFN complementar (Monte da Virgem, Lousã e Montejunto) é apenas a solução mais económica para minorar as deficiências de cobertura. No entanto a orografia do país poderia ser melhor aproveitada para melhorar em muito a cobertura e também praticamente eliminar os problemas causados por fenómenos de propagação anormal do sinal. Os problemas de recepção no litoral aquando da presença de fenómenos de propagação devem-se fundamentalmente à quase ausência de barreiras naturais à propagação do sinal (terreno relativamente plano), o que em muitos locais pode permitir a recepção de vários emissores distantes. A localização dos emissores actuais nesta zona (utilizando o canal 56) obriga em muitos casos a uma orientação das antenas de recepção praticamente paralela à costa, o que favorece a captação de emissões indesejadas. Utilizando-se sites adicionais e localizados a cotas mais elevadas (mas utilizando diagramas de radiação com restrições) seria possível diminuir o número de "zonas de sombra" e praticamente evitar totalmente os problemas da auto-interferência entre emissores, pois dessa forma, nas zonas problemáticas a orientação das antenas de recepção poderia ser feita de forma perpendicular à costa, o que iria bloquear a recepção da maioria das emissões interferentes. Creio que a PTC não adoptou esta solução por motivos económicos. A solução de rede temporária adoptada acaba por ser mais económica e provavelmente a PTC até vai conseguir a utilização do espectro dos canais 42,46 e 49 sem pagar por ele.

A propósito de rede TDT, tenho monitorizado o sinal (na região de Aveiro) e confirmo a melhoria das condições de recepção, nomeadamente a estabilidade do sinal. Tenho visitado também vários sites de emissão e também com base em inúmeras fotos recebidas de vários pontos do país, excluindo a ausência de utilização de tilt nas antenas (que parece ter sido esquecida aquando do planeamento da rede), posso assegurar que foram de facto tomadas algumas precauções básicas relativamente a alguns sites “sensíveis”. É o caso do emissor da Serra da Boa Viagem (Figueira da Foz). Neste emissor são utilizados dois grupos de 3 painéis (ao contrário da mais habitual configuração de grupos de 4 painéis), orientados de forma a que a “face” sem painéis fica voltada para o litoral norte. Ao contrário do que alguns poderão pensar, apesar de não existirem painéis emissores numa direcção há sempre alguma radiação de sinal nessa direcção, embora fortemente atenuada. É o que acontece com este emissor. A cobertura a partir do emissor da Boa Viagem, junto à costa norte só é possível nas localidades muito próximas, mas melhora substancialmente à medida que nos afastamos do mar. Isto é tecnicamente correcto face ao que tenho referido a propósito das condições de propagação junto à costa.

Já para a emissão no canal 56 a partir do emissor da Lousã (Trevim) não encontro explicação. Este emissor está localizado a uma cota de 1190m, utiliza 750W de PAR e, pelo que pude apurar, emite para todos (ou praticamente todos) os quadrantes! Mesmo que seja utilizado tilt nas antenas, parece-me pouco credível que seja possível evitar a degradação do sinal em determinadas zonas mais afastadas. Aliás, os problemas de recepção do sinal durante o passado verão na zona de Estarreja, reportados na comunicação social, bem poderão ter sido motivados, pelo menos em parte, por interferência a partir deste emissor que teoricamente chega a esta zona já fora do chamado Intervalo de Guarda (esta situação poderá entretanto já ter sido corrigida). Não encontro explicação para o emissor da Lousã permanecer no ar com esta configuração sobretudo se a emissão no canal 46 passar a definitiva.

O ditado é antigo: “não há omelete sem ovos”. Se em 2010 a PT tivesse avançado com a sua oferta de TV por subscrição através da TDT não duvido que a qualidade de cobertura seria superior à actual. Parece-me que se pretende culpar os "fenómenos naturais" (que qualquer técnico envolvido no planeamento de redes de radiocomunicações deverá ter em conta), pelas deficiências da rede TDT. A PTC apresentou nos concursos um plano técnico de cobertura que na prática parece não assegurar os níveis de qualidade do serviço que a mesma estaria obrigada a prestar. A rede temporária, portanto, provavelmente irá passar a definitiva. Resta também saber se a PTC irá pagar pela utilização do espectro adicional (como seria normal) e se vai repercutir esse custo no valor que cobra aos canais. Se a utilização do espectro adicional lhe for concedida de forma gratuita ficará ainda mais desacreditada a desculpa da não emissão na TDT dos canais de interesse público RTP Memória e RTP Informação, pois terão que explicar aos portugueses porque motivo o espectro necessário para emitir esses canais não pode também ser cedido gratuitamente pelo Estado.

21/01/2013:
Na sequência dos problemas identificados na rede TDT e amplamente abordados no blogue TDT em Portugal, a ANACOM abre agora uma consulta pública sobre os cenários de evolução da actual rede de televisão digital terrestre. Em "discussão" estão cinco cenários:
  • Eliminação da rede em overlay (rede temporária) e operação exclusiva da rede SFN no canal 56;
  • Manutenção da rede em overlay;
  • Eliminação dos três emissores do canal 56 co-localizados com os emissores da rede em overlay;
  • Alteração do canal de emissão dos emissores da rede SFN, localizados no interior das zonas de cobertura dos emissores da rede overlay do Monte da Virgem e da Lousã;
  • Alteração da configuração para uma rede MFN (MFN de SFN’s).
A consulta decorre pelo período de 10 dias úteis, terminando a 1 de Fevereiro, devendo os contributos ser enviados, preferencialmente por correio electrónico, para o endereço evolucao.TDT@anacom.pt. O prazo parece-me demasiado curto dada a complexidade técnica do assunto em "discussão".

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quinta-feira, 19 de julho de 2012

PT Faz Correcções na Rede de Emissores TDT

Como tem sido noticiado na comunicação social, algumas localidades do país têm enfrentado problemas na recepção do sinal da TDT. Como tenho afirmado, os problemas têm várias causas e não é correcto responsabilizar apenas a empresa responsável pela rede emissora. Como tenho desde há muito alertado através do blogue TDT em Portugal, a Televisão Digital Terrestre é muito mais exigente do que a televisão analógica relativamente aos sistemas de antena e de distribuição do sinal e nem todos têm noção dessa particularidade. Muitos dos problemas de recepção têm origem em deficiências do sistema de recepção (antena, cablagem, etc) que se podem manifestar a qualquer momento. 

Dito isto, há de facto indícios de haver zonas onde existem dificuldades de recepção do sinal devido ao deficiente planeamento da rede e/ou à deficiente instalação dos equipamentos emissores. Ao longo de quase 3 anos testemunhei e tomei conhecimento de várias situações através de testemunhos credíveis, que me levaram a ter afirmado que a rede de emissores TDT foi implementada de forma "trapalhona". As provas de que o planeamento e/ou a execução da rede de difusão do sinal da TDT foram deficientes avolumam-se. 

Após determinação recente da ANACOM, a PTC tem finalmente vindo a introduzir correcções na rede no sentido de eliminar ou minorar alguns dos problemas de recepção que ocorrem em alguns locais. Como referi em post de Dezembro de 2011, a localização, potência e diagrama de irradiação das antenas dos emissores têm que ser muito bem calculados para reduzir ao mínimo o potencial de interferência, uma vez que no Continente e na Madeira é utilizada rede de frequência única (SFN). O alcance dos emissores é deliberadamente limitado de forma a não chegarem sinais demasiado desfasados no tempo (fora do chamado intervalo de guarda) o que provocaria interferência destrutiva no sinal e a impossibilidade de receber as emissões sem falhas. Daí ter escrito há muito que tinha algumas reservas relativamente à localização e potência de alguns emissores que servem a faixa litoral Centro - Norte, nalguns casos instalados praticamente “em cima” do mar e com potências superiores a 1Kw. E tudo indica que não foram mesmo tomados todos os cuidados necessários. 

Um exemplo chega-nos de Viana do Castelo. Tanto na cidade como no Alto do Galeão (Darque) foram introduzidas alterações nas antenas dos respectivos emissores de forma a limitar o alcance dos sinais para Sul. Concretamente foi recentemente aplicado Tilt (inclinação) e reduzida a potência de emissão nos painéis orientados a sul. Isso pode ser constatado nas imagens enviadas pelo leitor Abílio Azevedo, instalador e residente na zona. Como se pode verificar na imagem acima, os emissores de Viana do Castelo têm o potencial de causar interferências destrutivas no sinal recebido em algumas localidades distantes junto à costa, pois a maioria do trajecto do sinal é sobre o mar, o que com frequência permite excelentes condições de propagação e um maior alcance dos sinais. 

Aplicar um ângulo de inclinação nos painéis emissores, permite reduzir o cone de sombra da antena, aumentando a intensidade do sinal nas proximidades do emissor e, mais importante, limitar o alcance do emissor a uma distância inferior à chamada “linha de vista”. Isso permite reduzir a possibilidade do emissor alcançar distâncias muito superiores ao alcance para o qual o mesmo foi calculado aquando da presença de fenómenos de propagação já referidos em post anterior e frequentes na costa portuguesa, sobretudo por altura do Verão, o que causaria interferências destrutivas no sinal recebido em várias localidades distantes a sul, para além da linha de vista, sobretudo ao longo da costa. 

É perfeitamente possível utilizar redes de frequência única (SFN) a nível nacional, basta planear e implementar correctamente. A PT sabe isso certamente. Este é apenas um exemplo onde aparentemente houve falha no planeamento e/ou execução da instalação da cobertura de uma zona específica mas que, devido a se tratar de rede SFN, tem impacto negativo em zonas afastadas. Isso leva a supor que mais casos semelhantes existirão e infelizmente, apesar de os emissores terem sido instalados há muitos meses, ainda se anda a corrigir a rede.

14/08/2012:
A ANACOM anunciou o prolongamento do prazo para requerer os apoios e comparticipação à aquisição de receptores TDT para a recepção terrestre e DTH (satélite). O prazo limite foi prolongado até 31/12/2012. Já anteriormente o prazo havia sido prolongado até 31/08/2012. A razão para mais este prolongamento deverá estar na reduzida adesão à modalidade DTH (TDT Complementar), já referida no blogue TDT em Portugal, em locais considerados oficialmente sem cobertura terrestre ou com reduzida probabilidade de cobertura. A data 31/12/2012 ocorre cerca de um mês após o fim previsto das emissões temporárias em frequências alternativas.

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terça-feira, 22 de maio de 2012

TDT - Emissão em Frequências Alternativas

Nota: O titulo original deste post era "Nova alteração da frequência TDT em curso?". Uma vez que pouco tempo após a sua publicação foi conhecida informação oficial sobre a matéria, o titulo foi alterado para "TDT - Emissão em Frequências Alternativas". A informação actualizada está assinalada mais adiante.

Segundo vários relatos, estão no ar, em vários pontos do país, emissões TDT em novas frequências. As alegadas novas emissões do Mux A utilizam os canais 42 e 49 da banda UHF. A confirmar-se esta informação, poderá tratar-se de uma solução para ultrapassar algumas limitações da rede SFN (já abordadas pelo blogue TDT em Portugal) adoptada para a cobertura de Portugal Continental e Madeira ou, para reduzir o potencial de interferência com a rede 4G/LTE, que utiliza frequências próximas do canal 56 utilizado pelo Mux A, dentro da faixa UHF de televisão. 

A confirmar-se a informação, a rede poderá em breve deixar de ser exclusivamente SFN e passar a MFN ou (mais provável) mista. A utilização de mais de uma frequência de emissão permite utilizar maiores potências de emissão e diagramas de irradiação menos restritos em locais com cotas mais elevadas, como acontece com algumas serras do país, onde até ao fim das emissões analógicas se utilizavam emissores potentes. No entanto, poderemos estar apenas perante a preparação de uma nova alteração da frequência TDT a nível nacional. Essa alteração era aliás previsível a médio prazo pois, como o blogue TDT em Portugal divulgou, a ITU aprovou recentemente a atribuição de uma faixa adicional de frequências UHF, o que implica a alteração de todas as frequências TDT acima do canal 49 até 2015. Recordo que aquando da consulta sobre a alteração da frequência TDT, a PT favoreceu a adopção do canal 36 ou canal 40 em detrimento do canal 56, mas a ANACOM decidiu pelo canal 56. 

A confirmar-se a alteração na rede de emissão de SFN para MFN ou mista, estará a fazer-se o mesmo que outros países fizeram, mas logo de início! Por exemplo, a vizinha Espanha, utiliza sobretudo redes SFN nos muxes com cobertura nacional, mas utiliza também frequências alternativas nas emissões com desconexão regional e em vários locais. Como já comentei em post anterior, vários países com muitos mais canais analógicos (espectro mais saturado), conseguiram colocar no ar vários muxes SFN e MFN em coexistência com vários canais analógicos. 

Caso se confirme a alteração na rede TDT, os telespectadores afectados terão de resintonizar os seus televisores ou receptores TDT e eventualmente reorientar a antena de recepção. Importa referir que ainda não há qualquer informação sobre o assunto por da parte da PT ou da ANACOM.

CONFIRMADO: MUX A ESTÁ A SER EMITIDO EM VÁRIAS FREQUÊNCIAS


Em vários pontos do país o Mux A está a ser recebido em duas ou mais frequências para além da emissão oficial no canal 56. Na primeira imagem pode ver-se em simultâneo o sinal de três frequências TDT activas (C42, C46 e C56). Nas outras imagens pode ver-se a sintonia individual do canal 46 (674000 Khz) e do canal 42 (642000 Khz). A emissão nos canais 46 e 42 são uma cópia exacta do canal 56.

Tudo indica que a PT está a fazer ensaios para alterar a frequência de emissão em pelo menos alguns emissores a fim de melhorar a recepção em algumas zonas do país.

 (act.) ALTERAÇÃO É TEMPORÁRIA!

De acordo com informação da ANACOM há pouco divulgada, a activação de novas frequências destina-se a minorar os problemas de recepção detectados em alguns locais do país e é temporária. Os emissores ficarão activados durante 6 meses, enquanto a PT procede à "optimização" da rede SFN, durante a altura do ano mais afectada por fenómenos de propagação e abrange a faixa do Litoral, a mais susceptível a dificuldades de recepção por auto-interferência, como justamente referi no post de Dezembro. Esta aliás foi a solução adoptada por Espanha para minorar o mesmo tipo de problema na costa sul do país, mas em Espanha os emissores "alternativos" têm permanecido "no ar" durante todo o ano. Extracto da resolução da ANACOM:

«...» o ICP-ANACOM deliberou, a 18 de Maio de 2012, o seguinte:
1. Atribuir à PTC uma licença temporária de rede, pelo prazo de 180 dias, constituída por 3 estações, a qual deve estar implementada até ao próximo dia 25 de maio, nos seguintes termos:
a) Emissor de Monte da Virgem: canal 42 (638-646 MHz);
b) Emissor da Lousã: canal 46 (670-678 MHz);
c) Emissor de Montejunto: canal 49 (694-702 MHz).

2. Determinar que a máxima potência aparente radiada (PAR) de cada estação, referida no número anterior, deve ser de 10 kW.

3. Determinar à PTC a apresentação ao ICP-ANACOM, no prazo de 15 dias, os seguintes elementos relativos a cada estação:
a) Coordenadas geográficas (WGS84);
b) Altura da antena;
c) Diagrama de radiação da antena;
d) Indicação da PAR a utilizar.

4. Determinar à PTC a otimização das características técnicas da rede suportada no canal 56, tendo em vista uma diminuição efetiva das zonas de auto interferência, com carácter prioritário nas zonas não abrangidas pela cobertura da rede cujo licenciamento temporário é atribuído na presente decisão.

5. Determinar à PTC, para efeitos do número anterior, o envio mensal ao ICP-ANACOM de um relatório com indicação das alterações das características técnicas efetuadas na rede, tendo em vista a diminuição das potenciais zonas de auto interferência, indicando igualmente as zonas onde é garantido um incremento da relação Sinal/Ruído (S/N) face à situação anterior.

6. Determinar à PTC a concretização, o mais tardar até à data da efetiva implementação pela PTC da rede referida no n.º 1, dos procedimentos adequados a eliminar os custos em que os utilizadores incorram para fazer a adaptação à rede agora licenciada, os quais devem ser comunicados ao ICP-ANACOM.

7. Determinar à PTC a concretização, o mais tardar até à data da efetiva implementação pela PTC da rede referida no n.º 1, de um plano de comunicação aos utilizadores de TDT afetados, adequado a divulgar a informação necessária decorrente da entrada em funcionamento da rede agora licenciada, o qual deve ser comunicado ao ICP-ANACOM.

Ou seja, a ANACOM, acaba por reconhecer (tarde) as deficiências da rede TDT e deu um "puxão de orelhas" à PT! Esta situação é lamentável, pois é (em parte) o resultado da migração apressada e mal conduzida, como tenho referido em diversas ocasiões no blogue TDT em Portugal. Por exemplo, recordo os alertas que lancei na sequência dos desligamentos piloto de Alenquer e Cacém.

O comunicado da ANACOM pode ser lido aqui.

Recordo alguns alertas  que fiz já têm algum tempo a propósito deste assunto: 

«...as falhas de sinal podem ter várias causas, tanto no lado da recepção como no lado da emissão. A rede que vem sendo implementada tem-me suscitado algumas reservas, nomeadamente relativamente à localização escolhida e potência de alguns dos emissores, especialmente na faixa do Litoral entre a Figueira da Foz e o Porto, dado que é uma zona onde com alguma frequência (sobretudo no Verão) as condições de propagação podem mais que duplicar o alcance dos emissores, criando naturalmente interferências destrutivas que podem impossibilitar a recepção correcta do sinal.»
in Falhas na recepção da TDT têm origens múltiplas - blogue TDT em Portugal, 11 de Dezembro de 2011

«Essa situação é possível que ocorra em determinados locais do país. Eu próprio pude verificar o problema este verão, que até foi bem fraquinho em termos de propagação troposférica. Esse problema era previsível e é quase impossível de eliminar totalmente mas, infelizmente algumas das opções tomadas quanto à rede de emissores não foi a mais acertada. Embora já tenha deixado alguns alertas em posts e comentários anteriores, optei aguardar pelo término da implantação da cobertura TDT para fazer novas considerações.»
in TDT: Apagão deixa Aveiro e Coimbra sem sinal digital - blogue TDT em Portugal, 2 de Dezembro de 2010

28/05/2012:
Ao contrário da informação da ANACOM, tudo indica que o canal 46 não está a ser emitido apenas a partir da Lousã. Estou a receber do norte sinal com boa intensidade, embora mais baixo que o canal 56. Possivelmente a partir do emissor de Lourosa ou Vale de Cambra. Actualização: trata-se de uma reflexão de sinal proveniente do emissor da Lousã.

ATÉ AO MOMENTO NENHUMA INFORMAÇÃO À POPULAÇÃO SOBRE A EMISSÃO DA TDT EM FREQUÊNCIAS ALTERNATIVAS POR PARTE  DA PT, ANACOM OU CANAIS DE TV.

30/05/2012:
Os instaladores TDT habilitados estão a receber da PTC informação e instruções como proceder relativamente à reorientação de antenas e resintonização de equipamentos. Para obter a comparticipação dos custos, a população afectada deverá contactar um instalador habilitado que confirmará junto da PT se o local está abrangido. O instalador facturará o serviço e entregará ao consumidor um formulário que deverá ser preenchido e enviado para posterior reembolso por transferência bancária.

TDT - Frequências alternativas e reorientação de antena - Carta aos agentes instaladores
Formulário pedido de reembolso do custo de reorientação de antena e sintonização de receptor TDT

(Nota: documentos enviados por um leitor e disponibilizados pelo blogue TDT em Portugal exclusivamente a titulo informativo!)

Uma questão pertinente se coloca: Se as novas emissões são temporárias (180 dias), como é afirmado na autorização da ANACOM, muitos cidadãos terão que pedir a reorientação da antena duas vezes este ano! Uma agora e outra novamente daqui por 6 meses. Sendo que só é custeada uma alteração por habitação.

Não há ainda qualquer informação à população relativamente a este assunto, o que parece ir contra o ponto 7 do comunicado da ANACOM. Se continuar assim, sem qualquer publicidade, este "programa" de reembolso vai ter o mesmo insucesso que o programa de subsidiação à aquisição de receptores TDT. Com isso ganha a PT, evidentemente, pois não suporta os custos das alterações.

19/11/2012:
A ANACOM prorrogou a licença temporária concedida à PTC. As emissões em canais alternativos (C42 Monte da Virgem, C46 Trevim-Lousã e C49 Montejunto) continua assim por mais 6 meses.
 
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quinta-feira, 26 de abril de 2012

Televisão analógica termina hoje

Cessam hoje em Portugal todas as emissões de televisão analógica com a concretização da terceira e última fase de desligamentos de emissores e retransmissores. Serão hoje desligados todos os emissores e retransmissores não afectados pela primeira e segunda fases dos desligamentos, inclindo o Monte da Virgem, Lousã, Montejunto, Marão e Muro. O marco será assinalado em cerimónia a realizar cerca das 11:45 no Porto onde estarão presentes membros do Governo, ANACOM e da Portugal Telecom. Conclui-se desta forma o processo de migração para a Televisão Digital Terrestre em Portugal iniciado em Abril de 2009. Um processo que segundo os políticos e responsáveis tem corrido bem, mas que mereceu e continua merecer fortes críticas da população.

A introdução da TDT em Portugal tem estado rodeada de polémicas e situações mal explicadas, desde a fase de concursos, em 2008. Nunca é demais recordar que a TDT portuguesa é das mais pobres a nível mundial, não só em número de canais, mas também em funcionalidades e nível de cobertura da população. Milhões de famílias foram obrigadas a suportar grandes despesas com a migração, em muitos casos, na ordem das centenas de euros. E isto apenas para não perderem o acesso aos quatro canais de televisão. Ao longo deste processo a informação foi escassa, de má qualidade e em regra tardia. O programa de subsidiação dos equipamentos não foi eficaz. A promoção da TDT praticamente não existiu. Desta forma, foram as empresas operadoras de serviços de televisão por assinatura e os canais generalistas que mais lucraram com a introdução da TDT. Algumas empresas de TV por subscrição recorreram a tácticas comerciais agressivas e desonestas que lesaram a população. Até á data nenhuma multa foi aplicada pelas entidades reguladoras.

Em todo o processo de introdução e migração para a Televisão Digital Terrestre, as televisões demonstraram comportamentos cínicos e, de forma consciente ou não, foram, regra geral, agentes da desinformação, só muito tarde fazendo algum eco da realidade e do descontentamento das populações. Foi graças ao protesto das populações que a cobertura foi melhorada em alguns locais, mas apenas nas vésperas dos "apagões".

Nota muito negativa para a RTP que, apesar de ser a empresa titular do serviço público de rádio e televisão, sempre esteve de costas voltadas para a TDT, recusando apostar naquela que foi designada da Televisão Digital de Todos, indo contra as suas intenções declaradas em 2008 relativamente à Televisão Digital Terrestre e já transcritas no blogue TDT em Portugal em diversas ocasiões. Ao contrário das congéneres europeias (e não só), o serviço dito público de rádio e televisão continua a favorecer de forma escandalosa (com a cobertura do Governo) as plataformas de televisão por subscrição, fornecendo canais exclusivos como a RTP Memória, a RTP Informação e a RTP HD. A manutenção do exclusivo destes canais pelos serviços de televisão por assinatura favoreceu naturalmente a adesão às plataformas pagas em detrimento da TDT.

Apesar de existir espectro não utilizado no único multiplex utilizado em Portugal, que permitiria emitir mais alguns canais, o actual e o anterior Governo nunca tomaram medidas para relançar a TDT após o fracasso do lançamento do Quinto Canal generalista e do Canal HD. Pelo contrário, temos assistido a sucessivas manobras demagógicas destinadas a enganar os cidadãos e defender os interesses do lobby da televisão por subscrição.

Para cúmulo, depois de não terem sido capazes de acautelar e defender os interesses da população no processo de migração para a TDT, os políticos premiaram-se a si mesmos com a decisão de emitir a ARTV na TDT, que poderá acontecer a qualquer momento.

Após quase três anos de luta em defesa de uma TDT digna, com o apelo de inúmeros cidadãos, o Governo optou por fazer ouvidos de mercador e agradar ao lobby da televisão paga ignorando a opinião da esmagadora maioria da população.

Infelizmente, ao contrário dos outros países, com a migração para a TDT nada mudou na televisão portuguesa. A opinião e as aspirações da população não contaram. Que tipo de regime nos faz lembrar estas práticas? Será o povo sereno demais?

Gravação do momento do encerramento da emissão da SIC captada do emissor da Lousã

  
Actualização - a migração para a TDT continuará para além de 26 de Abril

O apagão do dia 26 de Abril, segundo a ANACOM, afectou um universo de mais de 1,9 milhões de pessoas - cerca de 730 mil famílias, mas não encerra o processo de migração. Apesar do sinal analógico já ter sido desligado em todo o país, prossegue a instalação de emissores TDT destinados a reforçar a cobertura, que é deficiente ou inexistente em vários pontos do país. Lamentavelmente, a instalação de emissores ou retransmissores continua a ser feita em completo silêncio, sem qualquer informação à população, quer por parte da ANACOM quer por parte da PT. Ainda na passada sexta-feira 4/05 o blogue TDT em Portugal recebeu de um leitor informação da entrada em funcionamento de um retransmissor em Cedrim - Sever do Vouga.

Segundo a ANACOM, após o desligamento de 26 de Abril ter-se-ão registado 2.264 chamadas telefónicas para a linha de apoio.

O blogue TDT em Portugal continuará a informar os seus leitores sobre todos os desenvolvimentos relacionados com a Televisão Digital Terrestre.

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