terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Anacom decide alteração da frequência TDT

A ANACOM informa que aprovou o sentido provável de decisão relativo à alteração de alguns canais de funcionamento do Multiplexer A (Mux A) do serviço de radiodifusão televisiva digital terrestre (TDT). Assim, as frequências de emissão do Mux A acima de 790Mhz serão alteradas, sendos os canais 61 (794000KHz), 64 (818000KHz) e 67 (842000KHz) substituidos pelo canal 60 (786000KHz) para o território continental, e pelos canais 48 (690000KHz), 49 (698000KHz) e 55 (746000KHz) para a Região Autónoma dos Açores. Na Região Autónoma da Madeira o canal 67 será substituido pelo canal 54 (738000KHz). A ANACOM fixou um prazo até 30 de Abril de 2011 para que A PTC conclua os procedimentos indispensáveis à alteração da infra-estrutura de rede.

Informa ainda que estas alterações não acarretam custos acrescidos para o consumidor, pois este terá unicamente de sintonizar o respectivo equipamento receptor nos novos canais radioeléctricos. Esta informação não é totalmente exacta uma vez que em algumas instalações colectivas será necessário proceder a alterações na central amplificadora, o que poderá implicar custos para os inquilinos. Á PTC será concedida uma compensação para cobrir, no todo ou em parte, encargos que comprovadamente se verifiquem com a alteração de frequências.

A escolha do canal 60 não é isenta de riscos pois, ao ser adjacente à sub-banda 790-862Mhz, está potencialmente sujeita a interferências provocadas pelos serviços de comunicações electrónicas que a irão utilizar. A ANACOM afirma reconhecer os riscos e promete que serão tomadas as providências necessárias para a eliminação de eventuais interferências que se venham a manifestar.

Um aspecto que não está claro diz respeito ao período de tempo que a PTC terá para realizar a operação de alteração de frequências. É que, enquanto se procede à alteração de frequência, os emissores estarão desligados. Ao que tudo indica, embora isso seja técnicamente possível, não será activada a nova frequência mantendo temporariamante a antiga. Isso mesmo deixou transparecer recentemente a PTC ao reconhecer que zonas geográficas percam serviço durante um período significativo, que poderá atingir muitas horas ou até dias.

Não deixa também de ser curioso verificar que, aparentemente, o início da fase piloto de cessação das emissões analógicas terrestres (marcada para Fevereiro, Abril e Maio) foi adiada, do 1º e 2º trimestres de 2011, para agora só ocorrer previsivelmente nos 2º e 4º trimestres de 2011.

A ANACOM informa ainda que o projecto de decisão foi submetido à audiência prévia da PTC, bem como ao procedimento geral de consulta, tendo sido fixado o prazo de 15 dias úteis para os interessados (incluindo utilizadores e consumidores) se pronunciarem em ambos os procedimentos, devendo os mesmos ser enviados, preferencialmente por correio electrónico, para o endereço alt.canais.TDT@anacom.pt. O prazo para recepção de comentários termina, a 17 de Janeiro de 2011. Foi igualmente notificada a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), que disporá do mesmo prazo para se pronunciar.

Recordo que esta alteração estava prevista e vem na sequência da recente decisão de designar e disponibilizar a sub-faixa 790-862 MHz para serviços de comunicações electrónicas, tema já abordado neste blogue.

ANACOM - consulta sobre projecto de alteração de frequências do Mux A

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Desligamento analógico: adiamento cada vez mais provável

Seguindo uma recomendação da Comissão Europeia, foi decidido pelo Governo que, em Portugal, o sinal de televisão analógica, que há mais de 50 anos chega a casa da maioria dos portugueses, seria desligado em todo o país até 26/04/2012. Mas já a 3 de Fevereiro de 2011 está previsto ser desligado o primeiro retransmissor analógico. A partir dessa data, quem não for subscritor de um serviço de televisão paga (cabo, satélite ou IPTV) só terá acesso ao sinal da televisão digital terrestre (TDT) que substitui o antigo sistema analógico.

Após uma primeira tentativa falhada de lançamento da TDT em 2001, Portugal acabou por ser um dos últimos países a iniciar o processo de transição para a televisão digital terrestre e é também um dos países com um período de simulcast mais curto. Um período de simulcast mais curto significa que há menos tempo para os consumidores adaptarem os seus equipamentos para o sinal digital terrestre. Como escrevi em 2008, ao ser um dos últimos países a avançar para a TDT, Portugal teria a hipotética vantagem de poder evitar os erros cometidos por outros países e de seguir os bons exemplos (a vizinha Espanha é caso de estudo). Mas, como sabemos, não foi nada disso que aconteceu! Infelizmente, os motivos de queixa são vários e já têm sido abordados aqui em diversos posts.

Enquanto noutros países, um pouco por todo o mundo, os serviços públicos de televisão cumprem os seus desígnios e abraçam as novas oportunidades trazidas pela televisão digital terrestre (os baixos custos de emissão são um dos principais benefícios), lançando novos serviços para os seus públicos, em Portugal, o serviço público de televisão permanece de costas voltadas para a TDT e para a maioria dos cidadãos, teimando em privilegiar parcerias com empresas de TV por subscrição. Como os leitores mais atentos deverão saber, a luta iniciada em 2009 pelo blogue TDT em Portugal para disponibilizar os canais de interesse público RTP Memória e RTPN na TDT não foi fácil. Do blogue e da petição até à televisão (“A Voz do Telespectador”) e às entidades competentes, o caminho foi longo. Previsivelmente, fortes interesses económicos impediram uma maior visibilidade da petição que, apesar disso, e certamente para surpresa de alguns, seguiu o seu rumo. Falta agora ao Governo tomar uma decisão, que tarda.
 
Ao fim de todo este tempo, pasme-se, a divulgação da televisão digital terrestre continua ainda no papel! A empresa a quem foi entregue a exploração da rede TDT, e que assumiu o compromisso de promover a TDT (obrigação alias já reconhecida publicamente pela Anacom), ainda pouco fez. Recorde-se que essa mesma empresa, com dois administradores nomeados pelo Estado e incumbidos de representar os seus interesses (do Estado), falhou também o compromisso de disponibilizar uma oferta competitiva de canais de televisão pagos na TDT. Tal como previ há quase um ano atrás, e apesar da promessa em sentido contrário, a desistência da TDT paga acabou por afectar a TDT gratuita.

Mas a própria Anacom, entidade supervisora, e que se comprometeu em lançar uma campanha informativa a seguir ao Verão, também ainda não cumpriu com o prometido!

Infelizmente, a quebra de compromissos tem sido uma constante em todo este processo de implantação da televisão digital terrestre. E receio que algo de semelhante se estará a passar com a implantação da rede de difusão do sinal TDT. Parece-me que tudo está a ser feito de forma a criar no público (e nos próprios profissionais) um clima de desconfiança de forma a desencorajar a adesão à TDT!

Apesar de ter reconhecido que a empresa em questão seria a que melhores condições dispunha para garantir o sucesso da TDT em Portugal, por tudo o que tem acontecido e tenho relatado no blogue TDT em Portugal, cada vez mais me convenço de que o Estado, afinal, entregou o ouro ao bandido! O monopólio consentido na difusão do sinal de televisão digital, tem-se revelado um entrave ao desenvolvimento da televisão em Portugal. Como já disse, o que está a acontecer (por acção e inacção), é uma verdadeira sabotagem da TDT em favor das plataformas de televisão por subscrição! É o próprio futuro da televisão portuguesa que está em jogo. O fracasso da TDT implicará a impossibilidade da televisão regional no verdadeiro sentido da palavra, pois a TDT é a plataforma natural para os canais regionais.

Os nossos políticos parecem paralisados e não ter a mínima ideia do que fazer! Até à data, apenas uma ou outra declaração (que a meu ver visaram apenas descartar responsabilidades), e promessas vagas (como convém) para apaziguar e iludir os descontentes. Notícias de iniciativas para ultrapassar os problemas não há. Mas não são só os políticos que não sabem o que fazer! Ninguém se entende! Ao fim de quase dois anos após o arranque oficial, mantém-se a indecisão sobre praticamente tudo relacionado com a TDT! O mais grave é que o próprio Estado parece ter desistido de convencer os portugueses a aderir à TDT! Não me surpreendia se daqui por alguns meses algum responsável político viesse afirmar que só não tem TDT em casa quem não quer!

Os canais privados, principais interessados numa transição sem sobressaltos para a TDT, também pouco ou nada dizem sobre as suas pretensões. Cedo entraram num jogo de interesses viciado e parecem apostados em fazer “esticar a corda” para tentar “sacar” o máximo ao Estado! E só alguém completamente desligado da realidade pode acreditar que será possível a um país como Portugal (ou qualquer outro país), completar um processo de transição analógico/digital em apenas seis meses ou afirmar, como eu ouvi, que já é possível captar o sinal TDT em qualquer parte!

E com isto, chegamos ao final de 2010. Quando já deveriam ser mais os portugueses a receber a televisão digital terrestre do que a analógica, o futuro da TDT continua a ser uma incógnita!

Será já pois impossível concretizar um processo tranquilo de transição para a televisão digital terrestre em tão curto espaço de tempo. Dado o número altíssimo de sistemas de recepção que será necessário adaptar, dificilmente será possível completar estes trabalhos até Abril de 2012. Mais uma vez, serão os consumidores a sair lesados pois, ao adiarem (compreensivelmente) a adesão à TDT, irão ficar à mercê de indivíduos sem escrúpulos, que terão “a faca e o queijo na mão” para extorquirem dinheiro à custa da trapalhada que se avizinha. E como será impensável que tanto aos canais de TV (RTP, SIC e TVI) fiquem sem boa parte dos seus telespectadores, como que os telespectadores fiquem sem acesso aos seus canais de TV, o cenário mais plausível é que a data do desligamento das emissões analógicas acabe adiada!

Concluindo, Portugal é um péssimo exemplo e sem dúvida alguma o mau aluno da TDT!

Bom 2011!


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terça-feira, 23 de novembro de 2010

TDT: Apagão deixa Aveiro e Coimbra sem sinal digital

Quem já modificou o seu sistema de recepção de sinal TV para a TDT teve hoje uma desagradável surpresa. Durante várias horas, vários dos emissores que dão cobertura a boa parte do litoral centro e norte do país foram simplesmente desligados! Este “desligamento digital colectivo” afectou, pelo menos, os distritos de Aveiro e Coimbra. Alguns dos emissores desligados foram: Vale de Cambra, Águeda, Penedo da Saudade e Ceira. Minutos antes das 15H00 a emissão foi finalmente reposta mas, a esta hora, a potência do sinal TDT em algumas zonas do distrito de Coimbra permanece significativamente reduzida.

Este “desligamento” certamente foi programado e deveu-se a motivos técnicos com a finalidade de proceder a medições ou correcções na rede de emissão. A PTC comprometeu-se a completar a cobertura do sinal TDT até 31/12/2010, recordo. Mas, a verdade é que o arranque oficial da TDT já foi há mais de ano e meio e os emissores hoje desligados já foram instalados há mais de um ano. Desde essa data as interrupções (nesta zona) felizmente não foram muitas, é certo, mas sempre foram algumas. Quem já recebe a TDT há algum tempo nesta zona do país, certamente já se deu conta de algumas interrupções que, nalguns casos e em alguns locais, chegaram a durar vários dias! O que não se compreende é que, por muito poucas pessoas que já dependam do sinal TDT, o detentor da rede pura e simplesmente desligue o sinal numa vasta zona do país sem avisar os telespectadores! Deixar os telespectadores com os ecrãs de televisão negros durante várias horas seguidas, sem aviso, não é seguramente a melhor forma de promover a adesão à TDT! Já não bastam os problemas que a nossa TDT enfrenta, tantas vezes expostos aqui, neste blogue? Será que não houve aviso à população para desta forma não “publicitar” a TDT? Já nada me surpreende!

29/11/2010: O sinal proveniente dos emissores de Coimbra retomou o nível normal. 

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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

TDT: MAP e ERC decidem novos canais

O Blogue TDT em Portugal recebeu do Gabinete do Secretário de Estado Adjunto, das Obras Públicas e das Comunicações um ofício resposta a um pedido de esclarecimento sobre o ponto da situação relativamente à Petição pela emissão da RTPN e RTP Memória na TDT em Canal Aberto, criada em Junho de 2009 e enviada em 8/7/2010, para o Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações (MOPTC) e para o Ministério dos Assuntos Parlamentares (MAP). Neste ofício pode ler-se que a decisão sobre o preenchimento do espectro livre no Mux A da TDT portuguesa será tomada pelo MAP e pela Entidade Reguladora para a Comunicação (ERC). O Gabinete do Sec. Estado Adjunto das OPTC informa ainda que a petição foi também enviada para a ERC e para o ICP-ANACOM, que mostrou disponibilidade para efectuar as alterações necessárias ao título habilitante (direito de utilização de frequências do Mux A, atribuído à PT – Comunicações, S.A.).

Recorda-se que o primeiro “apagão” do sinal analógico de televisão está programado para 3 de Fevereiro de 2011 em Alenquer. De seguida serão desligados os retransmissores do Cacém e da Nazaré, a 7 de Abril e a 5 de Maio, respectivamente. Até à data, ainda não foi lançada a prometida campanha de informação aos cidadãos sobre a TDT e as alterações profundas que se avizinham na televisão terrestre.


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