segunda-feira, 29 de março de 2010

TDT: como melhorar o sinal

No verão de 2009 deixei aqui no Blog algumas dicas úteis para quem pretende receber o sinal da TDT. Neste post tentarei abordar, de uma forma o mais acessível possível, um requisito essencial para a recepção fiável da televisão digital terrestre: a margem de segurança.

Tal como já tive oportunidade de explicar aos leitores, o sinal digital é muito diferente do sinal analógico. Na televisão analógica, à medida que o nível de sinal baixa, apesar da qualidade de imagem piorar, continua a ser possível seguir a emissão até quase não haver sinal. Isto não se verifica nos sistemas digitais como a TDT.

Na TDT, existe um nível (limiar) de sinal mínimo, abaixo do qual a recepção falha por completo! Mas, acima desse limiar a qualidade de imagem é perfeita (vêr figura 1). Essa é uma das principais vantagens dos sistemas digitais, mas que induz em erro muitos telespectadores!

A melhor forma de assegurarmos uma recepção sem falhas passa por utilizar uma antena adequada (de banda larga), com ganho suficiente (ganho sem amplificação) e devidamente situada e orientada ao emissor de TDT que melhor serve a zona de residência. Atenção que o emissor mais próximo pode não ser aquele com melhor recepção!

O nível do sinal TDT deverá portanto estar sempre acima do referido limiar de recepção. Para que isso aconteça é essencial assegurar uma margem de segurança! É essa margem de segurança que vai evitar falhas na recepção da TDT quando as condições de propagação do sinal forem desfavoráveis ou, em caso de interferências no sinal. A pixelização, paragens ou cortes mais ou menos frequentes de imagem, são quase sempre um indicador de que o nível do sinal de antena está demasiado baixo. Quanto maior a margem de segurança melhor!

Acontece também que a generalidade dos equipamentos (televisores ou receptores de TDT) podem indicar um nível/qualidade de sinal alto (exemplo: qualidade 100%), quando de facto o sinal poderá ser apenas marginal, ou seja, a margem de segurança é muito pequena. Sem utilizar linguagem demasiado técnica, basta saber que isso se deve à forma como o sinal é “medido” pelo aparelho. Os indicadores de sinal dos televisores e receptores têm ainda outro importante “defeito”: são demasiado lentos a mostrar as variações de sinal. Isto limita muito a sua utilidade para orientar uma antena. Apenas instrumentos de medida profissionais (bastante caros) podem medir com fiabilidade o sinal de TDT.

Terminarei por agora, alertando para um erro frequente. Muitas pessoas, quando suspeitam que o sinal de antena é fraco, começam por instalar um amplificador de antena e, se isso não resolver o problema, trocam por um de ganho maior. Este é um dos erros mais frequentes em que caem inclusivamente alguns instaladores de antenas! Antes de recorrer a amplificadores de sinal (que em determinadas situações só agravam o problema) importa assegurar a compatibilidade da antena, o seu ganho adequado e a sua correcta localização e orientação. A antena é o melhor “amplificador”!

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segunda-feira, 22 de março de 2010

TDT paga sob investigação

A polémica gerada com o pedido de revogação das licenças relativas à TDT paga pela PTC poderá ainda fazer correr muita tinta. Na sequência de uma queixa apresentada pela Sonaecom, a revogação das licenças para os canais pagos e o destino a dar ao espaço assim deixado livre (5 Muxs) irão ser discutidos pelas comissões de Ética e de Comunicações do Parlamento. A informação foi prestada à agência Lusa pelo presidente da comissão parlamentar de Obras Públicas, Transportes e Comunicações, José de Matos Correia.

Serão convocadas cinco audições onde serão ouvidos o Ministro dos Assuntos Parlamentares, o Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, os conselhos de administração da Anacom e da PT e o conselho regulador da ERC.

A Sonaecom, recorde-se, foi uma das interessadas nos concursos da TDT mas acabou por "bater com a porta" afirmando que as regras dos concursos teriam sido "feitas à medida" da PT. Agora, acusa a Portugal Telecom de ter "violado as obrigações assumidas" no concurso de TDT e quer que a empresa seja responsabilizada por não ter cumprido os compromissos assumidos.

Recorde-se que a ERC rejeitou por unanimidade o pedido da PTC mas a Anacom (ao que tudo indica) irá confirmar a sua decisão anterior (em sentido oposto) e aprovar o pedido da PTC. A confirmar-se o sentido de decisão da Anacom, as consequências (jurídicas e outras) que tal decisão acarretará não são ainda claras. Uma coisa parece certa, a TDT paga, tal como foi proposta, não vai sair do papel.

Historicamente, as comissões parlamentares não têm tido muita eficácia. Esperemos que esta não seja "mais uma" em que nada se apura e nada se decide. O país não se pode dar ao luxo de perder mais tempo! Espere-mos que, as noticias que vierem (?) a público sirvam para "por a nu" a grande trapalhada em que foi envolvida a televisão digital terrestre portuguesa e forcem os políticos a tomar as medidas correctivas eficazes que se impõem, na defesa do interesse público.

Desde acerca de dois anos venho alertando o público e as autoridades para n situações que são contrárias ao interesse público. Contra a demagogia e a mentira espalhadas por uma máquina bem oleada que, com a ajuda de um exército de lacaios bem colocados, o silêncio e a indiferença de muitos, e a conivência de alguns interesses, tem conseguido enganar, desinformar e iludir muitos portugueses. O resultado está à vista!

Felizmente que pelo caminho alguém me tem escutado. Ainda bem…

Agora, que o modo de funcionamento da "máquina" foi exposto, verifico (sem surpresa) que alguns cúmplices tentam "salvar a cara". Em bom português "os ratos abandonam o barco"!

A decisão da ERC é corajosa e de aplaudir. Pelo que me foi possível aperceber, traduz o que a esmagadora maioria dos portugueses informados pensa sobre este assunto concreto. Mas, será que os nossos "responsáveis" políticos vão ter a ousadia de ignorar esta decisão?

Veremos…

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sexta-feira, 19 de março de 2010

TDT paga: ERC vs ANACOM

A ERC tornou hoje pública a sua deliberação definitiva a propósito do pedido de revogação dos direitos de utilização das licenças da componente paga da plataforma de televisão digital terrestre (Multiplexers B a F). Como era esperado, a ERC declarou improcedente o pedido da PTC.

A ERC sublinha que, "o dito requerimento de revogação tem por objecto e significado o abandono de uma componente essencial da introdução da televisão digital terrestre em Portugal, enquanto projecto definido e apresentado como dotado de importância estratégica e decisiva para o interesse nacional", e que, à data, "se mantém válida e inalterada pelas instâncias competentes a definição do interesse público relativo a esta matéria".

E sublinha também a unanimidade no sentido da rejeição das pretenções da PTC, quanto aos contributos recebidos em consulta pública ao Projecto de Decisão do Conselho Regulador da ERC.

Entre as entidades que se manifestaram em consulta pública estão: Sonaecom, Impresa, Media Capital, Zon, APIT e a própria PTC.

Como ao que tudo indica, o ICP-Anacom irá (em sentido contrário ao da ERC) confirmar o sentido da sua deliberação anterior e aprovar (a pedido da PTC) a revogação da atribuição dos direitos de utilização de frequências associados à TDT paga. Poderá pois avizinhar-se mais uma embrulhada jurídica a envolver a TDT portuguesa o que, lamentávelmente, poderá vir a atrasar ainda mais o processo de transição, isto quando faltam apenas dois anos para a data limite prevista para o encerramento das emissões analógicas de televisão.

A deliberação da ERC, que contém os contributos da consulta pública, pode ser consultado aqui.

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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

TDT Espanhola: novidades

A implantação da televisão digital terrestre na vizinha Espanha entrou na sua recta final. É já a partir de 10 de Março que entra em vigor a última fase do plano com vista ao desligamento de todas as emissões analógicas em 3 de Abril próximo. Desde 2008 que muitos emissores e retransmissores analógicos vêem sendo desligados, libertando frequências que serão em parte utilizadas para a introdução de novos canais na TDT.

A Alta definição é um dos beneficiários da libertação de frequências, mas também os canais autonómicos (regionais) e locais que há muito são uma realidade em Espanha. As emissões em HD vêm ganhando terreno, sobretudo através do serviço público, com o alargamento das emissões do Canal TVE HD a vários pontos do território, mas também através de alguns canais públicos de âmbito regional.

Mas, há também boas notícias para os portugueses que residem nas zonas fronteiriças, em particular os que têm acesso aos sinais que chegam a partir do centro emissor de Montanchez. Nos últimos dias, a empresa espanhola Abertis, procedeu à alteração da frequência de emissão do Mux 67 espanhol, para o canal 39 da banda de UHF, a fim de solucionar definitivamente o conflito de frequências entre Portugal e Espanha (o Mux A português emite também no canal 67). Segundo informação recebida, a recepção dos canais espanhóis através deste multiplex melhorou de forma notória. Como tinha anteriormente informado, os sinais deste centro emissor alcançam com relativa facilidade inúmeras localidades da Beira Baixa e do Alto e Baixo Alentejo.

Actualmente a TDT espanhola é recebida em mais de 80% dos lares espanhóis e contra com um elevado grau de satisfação por parte dos telespectadores (inclusivé portugueses). Neste momento é difícil fazer uma comparação de números com a TDT portuguesa, pois em Portugal ainda não há dados divulgados. A única informação disponível reclama uma cobertura de 80% da população, o que obviamente não significa que 80% da população receba efectivamente a TDT. O número de portugueses que recebem a nossa TDT deverá ser, aliás, bem baixo, dada a ausência de promoção, a reduzida oferta de programas e o preço ainda elevado dos equipamentos compatíveis (receptores) com a norma a utilizar em Portugal (é possível adquirir equipamentos para receber a TDT espanhola a partir de 20€). De seguida apresento alguns dados que demonstram a enorme disparidade entre a oferta da TDT espanhola e a portuguesa.

TDT Espanhola:
  • Mais de 25 canais de televisão de acesso gratuito (a oferta varia de região para região);

  • Canais regionais e locais;

  • Canais de rádio de acesso gratuito;

  • Canais em Alta definição;

  • Generalização das emissões em 16:9;

  • Utilização de dois canais áudio (Dobragem/VO) por alguns canais;

  • Canais pagos (Gol Televisión);

  • Serviços interactivos;

  • TDT por satélite.
TDT Portuguesa:

  • 4 Canais de televisão de acesso gratuito.

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