terça-feira, 16 de junho de 2009

RTPN e RTP Memória na TDT, já!

Está à vista de todos que a oferta minimalista da TDT portuguesa, previsivelmente, não está a despertar grande interesse nos portugueses. Depois do aparente abandono das emissões partilhadas no Canal HD (nunca chegaram a concretizar-se) e da incerteza quanto ao 5º Canal generalista, a oferta da TDT gratuita resume-se a RTP1, RTP2, SIC e TVI (mais a RTP Açores e RTP Madeira nos arquipélagos). Ou seja, em termos de oferta televisiva a TDT não está a oferecer nada de novo aos portugueses, nem se perspectiva uma alteração desta situação a curto prazo.

Como se não basta-se, a somar à paupérrima oferta de canais, a nossa TDT tem ainda contra si o preço elevado dos adaptadores necessários, resultado da escolha da norma MPEG-4/H.264, tema amplamente discutido no blog.

No caso português, é caso para dizer que nunca uma nova tecnologia ofereceu tão pouco em troca de tanto dinheiro. Pelo andar da carruagem, vai mudar alguma coisa para que tudo fique na mesma.

Em 2004, aquando do lançamento dos canais RTPN e RTP Memória, foi dada como justificação para a sua não difusão na rede analógica de televisão a falta de espectro (espaço) radioeléctrico. Os canais, apesar de classificados de interesse público, foram directamente para as plataformas de canais pagos (cabo e satélite).

A RTP gastou recentemente bastante dinheiro com a sua restruturação e mudança da imagem corporativa, tendo-se nitidamente "inspirado" na BBC e na RTVE. Pena que não tenha também seguido o exemplo desses operadores públicos e salvaguardado espaço na TDT para disponibilizar novos canais.

Agora que a TDT oferece o espaço necessário para a emissão desses canais, muitos portugueses recordam o que foi dito na altura e reclamam a inclusão da RTPN e RTP Memória na oferta gratuita da televisão digital terrestre. E com razão!

Tomando o exemplo da RTP Memória. Como se justifica que este canal, em que quase toda a programação tem origem no arquivo da RTP que ao longo de décadas foi pago pelos contribuintes portugueses através da taxa de televisão e dos impostos, seja um exclusivo da televisão por assinatura?

A própria RTP parece pouco interessada em alterar esta situação ou discutir este assunto. Tão pouco é possível encontrar informação contabilística que discrimine de forma autónoma os custos e proveitos dos canais RTPN/RTP Memória. No entanto no Relatório e Contas da RTP de 2007, está escrito:

«Face ao impacto na população portuguesa e as obrigações de serviço público que Ihe estão cometidas, a RTP, enquanto operador de serviço público, pretende ter um papel activo neste processo de evolução tecnológica e de alargamento da capacidade de oferta de serviços do sector audiovisual de forma a ser possível desenvolver uma verdadeira plataforma multimédia na TDT em Portugal.

A exemplo de outros países e das experiências mais recentes de TDT na Europa, 0 papel do Serviço Publico de Televisão (e concretamente as exigências em matéria de inovação e de cobertura universal de Portugal) pode ser decisivo para um switch-off mais rápido, quer através da qualidade e diversidade dos serviços de programas oferecidos, quer ainda pelo desenvolvimento de novos serviços ligados ao desenvolvimento da Sociedade da informação (informação, educação, etc.).»


Como é reconhecido pela RTP, pelo Governo e por vários estudiosos destas matérias, a oferta de novos programas na TDT é um factor muito importante, senão mesmo crucial para uma rápida adesão à plataforma e o seu sucesso. Em toda a Europa, a TDT portuguesa, que é das últimas a serem implantadas, tendo portanto um dos períodos de transição/adaptação mais curtos, é também das que têm uma oferta de canais gratuitos mais reduzida!

O Blog TDT-Portugal cedo apontou a difusão da RTPN e RTP Memória em canal aberto como solução para o impasse na TDT. Muitos leitores têm manifestado a mesma opinião nos vários comentários recebidos.

Para além de participarem no inquérito que está a decorrer no blog, cujos resultados demonstram de forma inequívoca o apoio a esta solução, os leitores podem fazer chegar a sua opinião directamente a várias entidades e aos partidos políticos. Sugestões:

Ministro dos Assuntos Parlamentares (Augusto Santos Silva):

Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações (Mário Lino): gmoptc@moptc.gov.pt

Bloco de Esquerda: bloco.esquerda@bloco.org


Partido Social Democrata: psd@psd.pt

CDS - Partido Popular: cds-pp@cds.pt

Novo!
Foi criada uma petição para a emissão da RTPN e RTP Memória na TDT em canal aberto. Clique aqui para assinar!

segunda-feira, 15 de junho de 2009

A TDT está a chegar a Leiria (act.)

Um leitor do blog reparou numa nova antena instalada num poste da PT situado junto à localidade de Alcogulhe – Leiria (coordenadas 39º42’23” N, 8º51’40” W). Trata-se de uma antena utilizada na emissão da TDT, o que indicia que a TDT deverá estar prestes a chegar à cidade de Leiria. A potência do emissor é desconhecida, mas deverá assegurar a cobertura de Leiria, Marinha Grande, Batalha, Porto de Mós e outras localidades próximas. O emissor não está ainda activo.

Aqui ficam algumas fotos tiradas pelo leitor. A antena de TDT é composta pelos painéis vermelhos no topo do poste.



Actualização 1/08/2009:
A TDT já é recebida em Leiria.

Notícias relacionadas:
TDT: Emissores e mapas de cobertura
TDT arranca a 29 de Abril
TDT: Cobertura do Litoral

quarta-feira, 3 de junho de 2009

A TDT, o servico público e a lenda do cavalo de Tróia

De acordo com a lenda associada à conquista de Tróia pela Grécia, na chamada Guerra de Tróia, um grande cavalo de madeira foi deixado junto às muralhas de Tróia. Construído de madeira e oco no seu interior, o cavalo abrigava alguns soldados gregos dentro da sua barriga. Deixado à porta da cidade pelos gregos, os Troianos acreditaram que ele seria um presente como sinal de rendição do exército inimigo. Durante a noite, os guerreiros deixaram o artefacto e abriram os portões da cidade. O exército grego pôde assim entrar sem esforço em Tróia, tomar a cidade, destruí-la e incendiá-la.

Fonte: Wikipédia

Aquando do concurso ao 5º canal de televisão generalista, vieram a público informações surpreendentes acerca da estratégia de um dos candidatos para o seu canal de televisão na plataforma TDT. Em síntese, o candidato planeava utilizar o seu canal na TDT essencialmente para promover as suas plataformas de televisão por assinatura (táctica do cavalo de Tróia). Uma das tácticas previa a emissão do primeiro episódio de cada nova série televisiva, no seu canal TDT e os seguintes apenas na plataforma de canais pagos! A sua candidatura, felizmente, foi chumbada.

É notório que não há grande interesse na plataforma de canais gratuitos da TDT (Mux A), aliás, só duas empresas se apresentaram ao concurso do 5º canal. Nem o serviço público de televisão parece estar interessado na TDT! Parece ser mais vantajoso (para a RTP) continuar a emitir canais como a RTP Memória ou RTPN apenas nas plataformas de canais pagos. Mas agora, a desculpa da falta de espectro já não “pega”! O canal em alta definição não está a ser transmitido e o 5º canal não se vislumbra no horizonte próximo (os dois únicos candidatos foram chumbados).

A RTP que tanto se tem "inspirado" na RTVE e na BBC, porque não "copia" também o exemplo desses serviços públicos que introduziram novos canais temáticos na plataforma (gratuita) da TDT?

A opção tecnológica adoptada (compressão MPEG-4) permite transmitir pelo menos sete canais de televisão em definição standard. Actualmente os espectadores não têm acesso nem a mais canais de televisão nem a alta definição. Ou seja, quem pretender aceder à TDT tem que pagar (e muito) para receber os mesmos canais que já recebe em analógico. Os consumidores estão a pagar mais por uma tecnologia que está a ser subaproveitada.

E, infelizmente, também não estaremos longe da verdade se dissermos que temos uma TDT gratuita de “favor”. Vejamos: a “promoção” é feita pelo serviço MEO (vêr site oficial), a tecnologia foi seleccionada tendo em conta a TDT paga e a promoção a sério (televisão) provavelmente também só começará quando a TDT paga estiver pronta para arrancar.

Depois do falso arranque em 2001 e da falta de interesse no concurso de 2008 (só a PT concorreu ao Mux A), a TDT gratuita parece ter ficado irremediavelmente refém dos interesses dos grandes grupos de media nacionais e da empresa que faz a distribuição do sinal.

Haja vontade política e firmeza para tomar as decisões que permitam corrigir esta situação.

Noticias relacionadas:

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Blog TDT-Portugal completa 1 ano

Faz hoje um ano que o blog TDT-Portugal nasceu. Como entusiasta da TDT, criei este espaço com o objectivo de acompanhar a introdução da televisão digital terrestre em Portugal.

Neste curto espaço de tempo assistimos às polémicas dos concursos, aos silêncios comprometedores, às contradições quase diárias e a lamentáveis encenações. Aqui foi denunciada a falta de informação e daqui partiram os primeiros alertas para os consumidores. No meio das polémicas, arrancou finalmente a TDT.

O blog TDT-Portugal é e continuará a ser um espaço independente, aberto à crítica construtiva.

Decorrido um ano, posso afirmar com natural satisfação que o balanço é francamente positivo. Para o sucesso deste espaço muito tem contribuído a participação dos leitores a quem deixo aqui o meu sincero agradecimento.