quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

PTelecom autorizada a emitir a TDT a nível nacional

A Anacom emitiu com data de 9 de Dezembro, o título de atribuição do direito de utilização de frequências para a prestação do serviço de Televisão Digital Terrestre, a que está associado o multiplexer A (canais de acesso livre). A PT Comunicações pode assim iniciar a emissão do Mux A a nível nacional.

Os parâmetros da emissão serão os seguintes:


A capacidade a reservar para a emissão dos programas sofreu uma redução, de 11 Mbits/s para 9,6 Mbits/s para os programas em definição standard e um aumento de 3,8 Mbits/s para 5,3 Mbits/s para a emissão em alta definição. Estes são os valores mínimos passíveis de reforço quando a capacidade reservada para determinadas funcionalidades não estiver a ser utilizada. O bitrate utilizado actualmente nos canais SD (2.9-3.0 Mbits/s) deverá baixar para 1.8-1.9 Mbits/s quando arrancar o 5º Canal.

Irão ser emitidos 5 canais em definição standard (RTP1, RTP2, SIC, TVI e 5º Canal) e um canal em alta definição com elementos de programação dos 5 canais (em simultâneo com um dos canais em definição standard).

Recorde-se que, segundo a PTelecom, a cobertura de Lisboa deverá estar concluída até ao final de 2008, devendo depois avançar em Janeiro/Fevereiro para o resto do país (zona do Litoral) afim de assegurar o arranque oficial em Abril de 2009. O direito de utilização de frequências agora atribuído prevê o compromisso de iniciar a exploração dos serviços até 31 de Agosto de 2009.

Actualização 10/12/2008 13:00
Segundo noticia publicada no portal Sapo (empresa do grupo PT):
«A PT planeia um investimento de 120 milhões de euros para a TDT. Em termos de canais, a oferta de acesso gratuito é composta por cinco canais no continente e 6 nas regiões autónomas. No que se refere aos serviços a empresa promete canais temáticos, Guia Tv, áudio-descrição e legendagem, video-on-demand, etc. Do investimento previsto pela PT, 15 milhões servirão para subsidiar equipamentos e tornar mais fácil o acesso de pensionistas com baixos rendimentos, famílias beneficiárias do rendimento social de inserção ou instituições de carácter social à TDT. Os preços dos serviços e das boxes não foram revelados pela PT, que sublinhou a importãncia das condições do mercado na altura de lançamento do serviço para definir este factor.»

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Televisores compatíveis com a TDT portuguesa

Depois da Anacom ter finalmente divulgado em 27-11 passado as características técnicas necessárias dos aparelhos (televisores e receptores) para receber a TDT portuguesa, os fabricantes começam também agora a informar os consumidores. É o caso da Sony, o fabricante líder em televisores, que também já disponibiliza no seu site alguma informação sobre a TDT portuguesa e os (seus) modelos de televisores já compatíveis.

Isto demostra bem a necessidade e urgência da oficialização e divulgação das normas técnicas a utilizar na TDT, insistentemente pedida, aqui neste Blog. Se a Anacom (ou outra entidade oficial) tivesse divulgado à mais tempo essa informação (do seu conhecimento desde Fevereiro), mais fabricantes estariam já em condições de oferecer mais modelos de televisores compatíveis com a nossa TDT. Mas, possivelmente, este "atraso" foi conveniente para alguém.

Segundo o fabricante os aparelhos identificados com os logótipos HD TV e HD TV 1080p contém sintonizador MPEG-4 AVC e são portanto compatíveis com a TDT portuguesa.

Todas as iniciativas que permitam o esclarecimento dos consumidores, como é o caso, são de aplaudir. No entanto muito há ainda por fazer para esclarecer o público. Deveria já estar em marcha uma campanha televisiva sobre a TDT. E apesar de se aproximar a data do lançamento oficial (Abril/2009) ainda não é sequer conhecido o logotipo oficial que permitirá identificar facilmente os equipamentos compatíveis.


quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

PTelecom não irá subsidiar adaptadores para a TDT

Segundo noticia publicada no portal Sapo (pertencente ao grupo PTelecom), sob o título "A sua TV é compatível com a TDT?", também a Portugal Telecom não irá subsidiar a aquisição dos adaptadores necessários à recepção da TDT Portuguesa.

Recorde-se que também o Governo parece já ter afastado essa possibilidade, pelo menos para o próximo ano, porque não há verbas atribuidas para o efeito na proposta do orçamento de Estado para 2009.

Citação:

A Portugal Telecom, que ganhou a licença de TDT, já confirmou porém que não tenciona subsidiar estes aparelhos, pelo que terão de ser os utilizadores a pagar - a pronto ou em mensalidades - as set-top-boxes, num modelo de comercialização e preços que ainda não estão definidos.

Estranha, esta posição, pois aquando da apresentação da sua candidatura a Portugal Telecom referia, em Abril e passo a citar:

A candidatura assenta, ainda, uma oferta de conteúdos alargada e de qualidade (cinco canais de sinal aberto e no Pay-TV até 49 canais – três em alta definição, três canais em português e espaço reservado para dois canais regionais), e a massificação da TDT (criação de um Fórum para promoção da TDT e política de subsidiação de equipamento).

O que aconteceu à politica de subsidiação de equipamento? Não haverá subsidio, nem para as famílias mais carenciadas?

A confirmar-se esta notícia acho que estamos perante um verdadeiro escândalo e os concursos para a TDT terão sido pouco mais do que um embuste!

Actualização 10/12/2008:
De acordo com o artigo 12, nº 1, alínea f do direito de utilização de frequências do Mux A emitido pela Anacom em 9/12/2008, a PTelecom estará obrigada, a:

«Subsidiar a aquisição de equipamentos de recepção, nos termos da proposta apresentada, designadamente por parte de cidadãos com necessidades especiais, grupos populacionais mais desfavorecidos e instituições de comprovada valia social, até à cessação das emissões televisivas analógicas terrestres.»

Portanto, pelo menos parte da população deverá ser contemplada com a subsidiação do equipamento de recepção e a notícia do Sapo parece ser (pelo menos em parte) desmentida pelo documento da Anacom.

Actualização 10/12/2008 14:25
A PTelecom vem agora por intermédio do portal Sapo informar que irá investir 15 milhões de euros na subsidiação de equipamentos.

Links:
Portal Sapo: A sua TV é compatível com a TDT?
Apresentação da proposta da PTelecom para a TDT

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

TDT Portuguesa em MPEG-4: Prós e Contras

Com o esclarecimento publicado pela Anacom, em 27/11, foi confirmado publicamente o sistema de compressão do sinal a utilizar pela futura TDT portuguesa. Trata-se do MPEG-4/H.264.

Em termos simples, a compressão MPEG-4, sendo mais eficiente (comprime mais o sinal), permite difundir mais canais no mesmo espectro (espaço) radioeléctrico (Mux) em comparação com o MPEG-2. Ou seja, utilizando o MPEG-4 é possível difundir mais programas com a mesma qualidade num Mux comparativamente ao MPEG-2. O espectro radioeléctrico (frequências) é um bem escasso e a sua utilização é paga. Ao utilizar o MPEG-4 o negócio da TDT fica economicamente mais atractivo para o operador da rede (PTelecom), porque pode transmitir mais canais, criando uma oferta comercialmente mais atractiva e porque o custo da emissão dos seus próprios canais (versão do MEO) é mais baixo. O principal interessado na adopção do MPEG-4 é portanto o operador da rede e os operadores de televisão que a vão utilizar.

Se fosse permitida a difusão dos canais livres em MPEG-2 (sendo os canais a pagar emitidos em MPEG-4), grande parte do público comprava equipamento apenas compatível com o MPEG-2 (vulgarizado e relativamente barato), o que se tornaria num obstáculo a uma possível futura adesão aos canais a pagar, devido à necessidade de comprar novo equipamento. Assim para ver a TDT o público é obrigado a comprar um equipamento mais caro, já compatível com os canais a pagar (em MPEG-4). Mais uma vez os interesses do operador são colocados à frente dos interesses dos espectadores.

Porque os equipamentos MPEG-4 ainda são muito caros, os operadores das redes de TDT estão em posição privilegiada de os poderem comprar a preço mais acessível, principalmente porque compram em grandes quantidades. Este facto torna-se num importante incentivo à adesão do público aos canais a pagar, porque se o preço do equipamento é alto, havendo um contrato de fidelização, o operador poderá vender o receptor a um preço mais baixo ou aluga-lo. Isto já sucede com o serviço MEO. O receptor MEO (sem gravador), suporta o MPEG-4/H.264 e custa 79€. Este valor está bem abaixo do preço de mercado (livre de operador). No entanto o preço de 79€ é válido só para quem assina um pacote de canais (fidelização). E é bem provável que com a TDT irá suceder algo de semelhante, o receptor será substancialmente mais barato, mas apenas para quem aderir aos canais a pagar! E o preço do receptor também deverá ser muito próximo do receptor já utilizado pelo serviço MEO satélite, porque o equipamento em termos de características é muito semelhante, um tem um sintonizador satélite, o da TDT terá um sintonizador terrestre. E também porque não faria muito sentido oferecer dois serviços equivalentes a preços muito díspares. Duvido que a PTelecom tenha apresentado valores muito diferentes destes na sua proposta aos concursos da TDT. Aguarda-se com expectativa o comunicado da PTelecom até ao final do ano, onde se espera que esta e outras questões sejam esclarecidas.

Também o uso do MPEG-4 torna muito mais difícil, no curto e médio prazo, o uso de equipamentos TDT portáteis “concorrentes” com os actuais e futuros serviços a pagar de televisão móvel (via telemóvel), a disponibilizar após o apagão analógico. Actualmente há grande oferta de televisores TDT MPEG-2 portáteis, mas nenhum MPEG-4. O MPEG-4 necessita de muito maior capacidade de processamento para fazer a descompressão do sinal em relação ao MPEG-2. Já é difícil conseguir uma autonomia de bateria de 2,5 horas com o MPEG-2, com o MPEG-4 ainda mais.

É verdade que só a utilização da compressão MPEG-4 permite a difusão dos quatro canais nacionais mais o quinto canal em alta definição(*)num único Mux. Mas, embora a disponibilização de um canal em alta definição na oferta de canais livres (Mux A) seja um incentivo à adesão à TDT, este incentivo acaba por ser neutralizado pelo alto preço associado à tecnologia utilizada (MPEG-4) e que é pago por todos os espectadores. Maior incentivo seria tornar obrigatória a emissão em formato panorâmico (16:9) de pelo menos os canais de acesso livre. Não se compreende que se esteja a adoptar o sistema de compressão mais recente (e caro) e no entanto se esteja a perpetuar o uso do formato 4:3, ultrapassado, numa nova plataforma de distribuição.

Uma melhor opção (para o consumidor) seria a difusão dos cinco canais em resolução standard no Mux A e a difusão do quinto canal em simultâneo, em alta definição, e em modo aberto (porventura temporariamente) num dos outros Mux nacionais. Desta forma só quem estivesse interessado na alta definição teria de adquirir o equipamento adequado e suportaria o respectivo preço. É perfeitamente possível transmitir com muito boa qualidade de imagem em definição standard (720x576) os 5 canais em MPEG-2 num único Mux. Isto pode ser facilmente comprovado através do visionamento de variados canais emitidos por satélite e da análise do respectivo bitrate. A definição standard resulta numa muito boa qualidade de imagem em ecrãs até 32 polegadas (a diagonal de LCD e plasmas mais vendida) desde que a fonte de sinal seja boa. Se a fonte (origem do material) não é de boa qualidade, não há bitrate nem MPEG-4 que salve a situação.
(*) Actualização: É agora sabido que o 5ºCanal será emitido em SD (definição standard) e o canal HD irá emitir programação da RTP1, RTP2, SIC, TVI e 5ºCanal em HD (alta definição) e em simultâneo.

Vantagens do MPEG-4 para o consumidor:
+ Torna possível uma maior oferta de canais.
+ Os programas gravados ocupam menos espaço.

Desvantagens do MPEG-4 para o consumidor:
- Preço elevado do equipamento (principalmente os receptores).
- É incompatível com praticamente todo o equipamento em uso (TDT MPEG-2).
- A oferta de equipamento compatível ainda é muito reduzida (televisores e receptores).
- Ainda não há equipamentos TDT portáteis compatíveis com MPEG-4.

Links: