sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

TDT paga sofre novo atraso (act.)

O Tribunal Administrativo de Lisboa recusou a invocação de interesse público do concurso de TDT, que tinha sido alegado pela Anacom com o apoio do Governo, para evitar que o processo da TDT paga ficasse parado na sequência de uma providência cautelar interposta pela Airplus.

A consequência imediata desta decisão é a suspensão do concurso até que o tribunal decida a providência cautelar ou a acção principal interposta pela Airplus. Até lá, não poderá ser atribuída à PTelecom a licença dos ‘muxes’ B a F e só o será caso o tribunal decida contra a providência cautelar da Airplus. E mesmo após a decisão do tribunal, tanto a AirPlus como a Anacom têm ainda direito a apresentar recurso. Esta batalha judicial poderá pois arrastar-se por largos meses pondo em causa a data de arranque dos canais pagos.

A AirPlus, recorde-se foi a única empresa que concorreu contra a PTelecom ao concurso dos canais a pagar, não tendo concorrido aos canais livres (Mux A). A Sonaecom desistiu do concurso alegando que o mesmo estaria feito “à medida” da PTelecom. A Media Capital, proprietária da TVI, também desistiu, aliando-se á última hora com a PTelecom, vendendo-lhe a sua rede de emissão (RETI), o que permitiu à PTelecom assegurar o monopólio da distribuição de sinal.

As razões da AirPlus
Para além das alegadas irregularidades formais que levaram à demissão do presidente do júri, e a uma segunda avaliação, a AirPlus apresentou ainda as seguintes queixas:

- Ausência da divulgação de alguns dos critérios de pontuação, antes da entrega das propostas, e violação do caderno de encargos;

- Sempre que houve dúvidas em algum ponto da sua proposta por parte do júri, a empresa foi penalizada, ao passo que, quando a mesma situação ocorreu com a PT, «foram solicitadas informações adicionais»;

- A análise (da sua proposta) evidencia erros técnicos e enviezamentos grosseiros que fazem com que a Airplus, apesar de ganhar em quatro critérios, de sete, saia perdedora. Um dos exemplos, dos alegados erros técnicos, é a análise dos modelos de cobertura radioeléctrica. A Airplus foi pontuada com -40 contra 100 da PTC. O ‘software’ utilizado foi o mesmo da PT.

Na pré-decisão do júri, a AirPlus ficou à frente nos tópicos «a2», sobre soluções tecnologicamente inovadoras, «a3», que se referia à qualidade do plano técnico, o «b1», sobre a qualificação da oferta televisiva, e o «b3», que se refere à difusão de obras em língua portuguesa.

No entanto, ficou atrás da PT no ponto «a1», sobre a rápida massificação e promoção de concorrência. A AirPlus esperava (ou espera) investir na promoção da TDT 154 milhões de euros (face aos 13,5 (?) milhões da PT); no ponto «a4», que ressalva o impacto do projecto na actividade económica do País, reclamando que conseguiria colocar os equipamentos de recepção da TDT «a um custo praticamente nulo»; e no ponto «b2», o que analisa a contribuição para a produção de conteúdos europeus. Algo incompreendido pela AirPlus que refere que o seu projecto assenta em 16 canais face a três da PT Comunicações.

(Nota: informação baseada em declarações da AirPlus à comunicação social)

Embora esta “guerra” diga respeito aos canais pagos (Mux B a F), se o assunto se arrastar pelos tribunais, poderá acabar por afectar também a TDT gratuita. É que não havendo TDT paga, o interesse na TDT será menor (a TDT gratuita terá apenas 5 canais). Isto poderá tornar o preço dos adaptadores ainda mais alto, porque sem decisão à vista a PTelecom certamente não irá arriscar a encomenda de grandes quantidades e, como se sabe, o preço destes equipamentos depende em grande medida das quantidades encomendadas.

A seguir com atenção em 2009!

Fontes/Links:
DE - Airplus nunca aceitou decisão do júri
Agência Financeira - AirPlus diz que júri da TDT cometeu «erros técnicos grosseiros»
DN - PT admitida a concursos e Air Plus TV condicionada
DE - Sonaecom diz que concurso da TDT foi criado apenas para beneficiar a PT

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

PTelecom autorizada a emitir a TDT a nível nacional

A Anacom emitiu com data de 9 de Dezembro, o título de atribuição do direito de utilização de frequências para a prestação do serviço de Televisão Digital Terrestre, a que está associado o multiplexer A (canais de acesso livre). A PT Comunicações pode assim iniciar a emissão do Mux A a nível nacional.

Os parâmetros da emissão serão os seguintes:


A capacidade a reservar para a emissão dos programas sofreu uma redução, de 11 Mbits/s para 9,6 Mbits/s para os programas em definição standard e um aumento de 3,8 Mbits/s para 5,3 Mbits/s para a emissão em alta definição. Estes são os valores mínimos passíveis de reforço quando a capacidade reservada para determinadas funcionalidades não estiver a ser utilizada. O bitrate utilizado actualmente nos canais SD (2.9-3.0 Mbits/s) deverá baixar para 1.8-1.9 Mbits/s quando arrancar o 5º Canal.

Irão ser emitidos 5 canais em definição standard (RTP1, RTP2, SIC, TVI e 5º Canal) e um canal em alta definição com elementos de programação dos 5 canais (em simultâneo com um dos canais em definição standard).

Recorde-se que, segundo a PTelecom, a cobertura de Lisboa deverá estar concluída até ao final de 2008, devendo depois avançar em Janeiro/Fevereiro para o resto do país (zona do Litoral) afim de assegurar o arranque oficial em Abril de 2009. O direito de utilização de frequências agora atribuído prevê o compromisso de iniciar a exploração dos serviços até 31 de Agosto de 2009.

Actualização 10/12/2008 13:00
Segundo noticia publicada no portal Sapo (empresa do grupo PT):
«A PT planeia um investimento de 120 milhões de euros para a TDT. Em termos de canais, a oferta de acesso gratuito é composta por cinco canais no continente e 6 nas regiões autónomas. No que se refere aos serviços a empresa promete canais temáticos, Guia Tv, áudio-descrição e legendagem, video-on-demand, etc. Do investimento previsto pela PT, 15 milhões servirão para subsidiar equipamentos e tornar mais fácil o acesso de pensionistas com baixos rendimentos, famílias beneficiárias do rendimento social de inserção ou instituições de carácter social à TDT. Os preços dos serviços e das boxes não foram revelados pela PT, que sublinhou a importãncia das condições do mercado na altura de lançamento do serviço para definir este factor.»

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Televisores compatíveis com a TDT portuguesa

Depois da Anacom ter finalmente divulgado em 27-11 passado as características técnicas necessárias dos aparelhos (televisores e receptores) para receber a TDT portuguesa, os fabricantes começam também agora a informar os consumidores. É o caso da Sony, o fabricante líder em televisores, que também já disponibiliza no seu site alguma informação sobre a TDT portuguesa e os (seus) modelos de televisores já compatíveis.

Isto demostra bem a necessidade e urgência da oficialização e divulgação das normas técnicas a utilizar na TDT, insistentemente pedida, aqui neste Blog. Se a Anacom (ou outra entidade oficial) tivesse divulgado à mais tempo essa informação (do seu conhecimento desde Fevereiro), mais fabricantes estariam já em condições de oferecer mais modelos de televisores compatíveis com a nossa TDT. Mas, possivelmente, este "atraso" foi conveniente para alguém.

Segundo o fabricante os aparelhos identificados com os logótipos HD TV e HD TV 1080p contém sintonizador MPEG-4 AVC e são portanto compatíveis com a TDT portuguesa.

Todas as iniciativas que permitam o esclarecimento dos consumidores, como é o caso, são de aplaudir. No entanto muito há ainda por fazer para esclarecer o público. Deveria já estar em marcha uma campanha televisiva sobre a TDT. E apesar de se aproximar a data do lançamento oficial (Abril/2009) ainda não é sequer conhecido o logotipo oficial que permitirá identificar facilmente os equipamentos compatíveis.


quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

PTelecom não irá subsidiar adaptadores para a TDT

Segundo noticia publicada no portal Sapo (pertencente ao grupo PTelecom), sob o título "A sua TV é compatível com a TDT?", também a Portugal Telecom não irá subsidiar a aquisição dos adaptadores necessários à recepção da TDT Portuguesa.

Recorde-se que também o Governo parece já ter afastado essa possibilidade, pelo menos para o próximo ano, porque não há verbas atribuidas para o efeito na proposta do orçamento de Estado para 2009.

Citação:

A Portugal Telecom, que ganhou a licença de TDT, já confirmou porém que não tenciona subsidiar estes aparelhos, pelo que terão de ser os utilizadores a pagar - a pronto ou em mensalidades - as set-top-boxes, num modelo de comercialização e preços que ainda não estão definidos.

Estranha, esta posição, pois aquando da apresentação da sua candidatura a Portugal Telecom referia, em Abril e passo a citar:

A candidatura assenta, ainda, uma oferta de conteúdos alargada e de qualidade (cinco canais de sinal aberto e no Pay-TV até 49 canais – três em alta definição, três canais em português e espaço reservado para dois canais regionais), e a massificação da TDT (criação de um Fórum para promoção da TDT e política de subsidiação de equipamento).

O que aconteceu à politica de subsidiação de equipamento? Não haverá subsidio, nem para as famílias mais carenciadas?

A confirmar-se esta notícia acho que estamos perante um verdadeiro escândalo e os concursos para a TDT terão sido pouco mais do que um embuste!

Actualização 10/12/2008:
De acordo com o artigo 12, nº 1, alínea f do direito de utilização de frequências do Mux A emitido pela Anacom em 9/12/2008, a PTelecom estará obrigada, a:

«Subsidiar a aquisição de equipamentos de recepção, nos termos da proposta apresentada, designadamente por parte de cidadãos com necessidades especiais, grupos populacionais mais desfavorecidos e instituições de comprovada valia social, até à cessação das emissões televisivas analógicas terrestres.»

Portanto, pelo menos parte da população deverá ser contemplada com a subsidiação do equipamento de recepção e a notícia do Sapo parece ser (pelo menos em parte) desmentida pelo documento da Anacom.

Actualização 10/12/2008 14:25
A PTelecom vem agora por intermédio do portal Sapo informar que irá investir 15 milhões de euros na subsidiação de equipamentos.

Links:
Portal Sapo: A sua TV é compatível com a TDT?
Apresentação da proposta da PTelecom para a TDT