A poucos dias do último “apagão” do sinal analógico de televisão, boa parte da população desconhece ainda como irá continuar a receber a RTP, SIC e TVI após o dia 26 de Abril. Existem ainda numerosas zonas do país onde o sinal da Televisão Digital Terrestre, ou não chega, ou chega em condições deficientes durante boa parte do tempo. De acordo com os dados de cobertura mais recentes e já publicados no blogue TDT em Portugal, em 60 Concelhos do país a cobertura terrestre é inferior a 70% da população e em 25 a cobertura é mesmo inferior a 50%. Como é sabido, parte da população terá que recorrer à recepção via satélite adquirindo o kit "TDT Complementar", destinado a colmatar a falta de cobertura terrestre. No entanto, apesar do recente aumento da comparticipação, receber a TDT portuguesa via satélite apresenta várias desvantagens, já abordadas no blogue TDT em Portugal.
Resultado da pressão das populações, a PT comprometeu-se recentemente a reforçar a cobertura terrestre nas sedes de Concelho com menor cobertura, sempre que haja viabilidade técnica e a complexidade do sistema o permita. Ainda segundo a mesma, este reforço será progressivo e deverá ocorrer até à data do Switch-off, ou seja, presume-se que até ao dia 26 de Abril. No entanto, apesar deste reforço, que irá aumentar a cobertura, no máximo, até 93% ou 94% da população, a TDT portuguesa apresenta ainda um nível de cobertura terrestre bem abaixo da de outros países (em Espanha é de 98,5% para os muxes públicos).
Como venho criticando desde há muito, o facto de a PT não divulgar os locais onde irá colocar emissores ou reforçar a cobertura, tem dificultado a tomada de decisão por parte dos consumidores e a gastos que nalguns casos mais tarde se vêm a revelar desnecessários. Desta forma, e uma vez que a TDT portuguesa apenas emite os mesmos canais da televisão analógica, muitos adiam a migração até aos últimos dias também na esperança que o sinal melhore. A motivação para a migração praticamente não existe e, como têm demonstrado os inquéritos (e era previsível), adiar tem sido a decisão da maioria dos consumidores, mesmo correndo o risco de se ficar sem televisão durante alguns dias.
A situação é lamentável e caricata, pois a ANACOM gasta dinheiro em campanhas (últimatos) "apelando" à população para fazer a migração e no entanto, ANACOM e PT deixam a população "às escuras" relativamente à questão do reforço de sinal. Esta falta de informação beneficia a migração para a TDT ou a adesão às plataformas de televisão por subscrição? A televisão por subscrição, pois claro!
A título de exemplo, os casos dos Concelhos de Mira e Vagos, em pleno Litoral, mas zonas onde a cobertura terrestre é ainda deficiente. Segundo dados da PTC, o Concelho de Mira tem apenas 51% da população coberta pelo sinal terrestre. No Concelho de Vagos a situação é um pouco melhor mas, ainda assim, a cobertura é de apenas 64%. Não há qualquer impedimento técnico para que não se faça o reforço de sinal nestas zonas, reforço que pode ser implementado de diversas formas, podendo beneficiar inclusivamente muitas outras localidades da região consoante a opção adoptada. Neste momento, a uma semana do "apagão", desconhece-se se estas zonas serão ou não contempladas com um "prémio" da lotaria do reforço do sinal terrestre!
21/05/2012:
De acordo com os dados de cobertura mais recentes fornecidos pela PTC, o Concelho de Mira tem uma previsão de cobertura terrestre de apenas 23,1%! Os valores ficam bastante abaixo dos 51% divulgados em Fevereiro. Isto significa que muitos locais anteriormente dados como cobertos afinal não o são. Como tem sido divulgado no blogue TDT em Portugal, muitos habitantes perante a informação de estarem em zona coberta, gastaram dinheiro em receptores e antenas mas não conseguem receber o sinal com regularidade. E agora? Quem paga a despesa?
2/06/2012:
Como foi noticiado pelo blogue TDT em Portugal, a PT está a utilizar frequências alternativas na emissão da TDT. Em zonas com ausência ou deficiente cobertura pelo canal 56 poderá eventualmente ser possível receber através das novas frequências: C42 (Monte da Virgem), C46 (Lousã) ou C49 (Montejunto). Mas atenção, segundo a ANACOM estas emissões em frequências alternativas durarão apenas 6 meses. Mais informação aqui.
2/06/2012:
Como foi noticiado pelo blogue TDT em Portugal, a PT está a utilizar frequências alternativas na emissão da TDT. Em zonas com ausência ou deficiente cobertura pelo canal 56 poderá eventualmente ser possível receber através das novas frequências: C42 (Monte da Virgem), C46 (Lousã) ou C49 (Montejunto). Mas atenção, segundo a ANACOM estas emissões em frequências alternativas durarão apenas 6 meses. Mais informação aqui.
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