terça-feira, 22 de maio de 2012

TDT - Emissão em Frequências Alternativas

Nota: O titulo original deste post era "Nova alteração da frequência TDT em curso?". Uma vez que pouco tempo após a sua publicação foi conhecida informação oficial sobre a matéria, o titulo foi alterado para "TDT - Emissão em Frequências Alternativas". A informação actualizada está assinalada mais adiante.

Segundo vários relatos, estão no ar, em vários pontos do país, emissões TDT em novas frequências. As alegadas novas emissões do Mux A utilizam os canais 42 e 49 da banda UHF. A confirmar-se esta informação, poderá tratar-se de uma solução para ultrapassar algumas limitações da rede SFN (já abordadas pelo blogue TDT em Portugal) adoptada para a cobertura de Portugal Continental e Madeira ou, para reduzir o potencial de interferência com a rede 4G/LTE, que utiliza frequências próximas do canal 56 utilizado pelo Mux A, dentro da faixa UHF de televisão. 

A confirmar-se a informação, a rede poderá em breve deixar de ser exclusivamente SFN e passar a MFN ou (mais provável) mista. A utilização de mais de uma frequência de emissão permite utilizar maiores potências de emissão e diagramas de irradiação menos restritos em locais com cotas mais elevadas, como acontece com algumas serras do país, onde até ao fim das emissões analógicas se utilizavam emissores potentes. No entanto, poderemos estar apenas perante a preparação de uma nova alteração da frequência TDT a nível nacional. Essa alteração era aliás previsível a médio prazo pois, como o blogue TDT em Portugal divulgou, a ITU aprovou recentemente a atribuição de uma faixa adicional de frequências UHF, o que implica a alteração de todas as frequências TDT acima do canal 49 até 2015. Recordo que aquando da consulta sobre a alteração da frequência TDT, a PT favoreceu a adopção do canal 36 ou canal 40 em detrimento do canal 56, mas a ANACOM decidiu pelo canal 56. 

A confirmar-se a alteração na rede de emissão de SFN para MFN ou mista, estará a fazer-se o mesmo que outros países fizeram, mas logo de início! Por exemplo, a vizinha Espanha, utiliza sobretudo redes SFN nos muxes com cobertura nacional, mas utiliza também frequências alternativas nas emissões com desconexão regional e em vários locais. Como já comentei em post anterior, vários países com muitos mais canais analógicos (espectro mais saturado), conseguiram colocar no ar vários muxes SFN e MFN em coexistência com vários canais analógicos. 

Caso se confirme a alteração na rede TDT, os telespectadores afectados terão de resintonizar os seus televisores ou receptores TDT e eventualmente reorientar a antena de recepção. Importa referir que ainda não há qualquer informação sobre o assunto por da parte da PT ou da ANACOM.

CONFIRMADO: MUX A ESTÁ A SER EMITIDO EM VÁRIAS FREQUÊNCIAS


Em vários pontos do país o Mux A está a ser recebido em duas ou mais frequências para além da emissão oficial no canal 56. Na primeira imagem pode ver-se em simultâneo o sinal de três frequências TDT activas (C42, C46 e C56). Nas outras imagens pode ver-se a sintonia individual do canal 46 (674000 Khz) e do canal 42 (642000 Khz). A emissão nos canais 46 e 42 são uma cópia exacta do canal 56.

Tudo indica que a PT está a fazer ensaios para alterar a frequência de emissão em pelo menos alguns emissores a fim de melhorar a recepção em algumas zonas do país.

 (act.) ALTERAÇÃO É TEMPORÁRIA!

De acordo com informação da ANACOM há pouco divulgada, a activação de novas frequências destina-se a minorar os problemas de recepção detectados em alguns locais do país e é temporária. Os emissores ficarão activados durante 6 meses, enquanto a PT procede à "optimização" da rede SFN, durante a altura do ano mais afectada por fenómenos de propagação e abrange a faixa do Litoral, a mais susceptível a dificuldades de recepção por auto-interferência, como justamente referi no post de Dezembro. Esta aliás foi a solução adoptada por Espanha para minorar o mesmo tipo de problema na costa sul do país, mas em Espanha os emissores "alternativos" têm permanecido "no ar" durante todo o ano. Extracto da resolução da ANACOM:

«...» o ICP-ANACOM deliberou, a 18 de Maio de 2012, o seguinte:
1. Atribuir à PTC uma licença temporária de rede, pelo prazo de 180 dias, constituída por 3 estações, a qual deve estar implementada até ao próximo dia 25 de maio, nos seguintes termos:
a) Emissor de Monte da Virgem: canal 42 (638-646 MHz);
b) Emissor da Lousã: canal 46 (670-678 MHz);
c) Emissor de Montejunto: canal 49 (694-702 MHz).

2. Determinar que a máxima potência aparente radiada (PAR) de cada estação, referida no número anterior, deve ser de 10 kW.

3. Determinar à PTC a apresentação ao ICP-ANACOM, no prazo de 15 dias, os seguintes elementos relativos a cada estação:
a) Coordenadas geográficas (WGS84);
b) Altura da antena;
c) Diagrama de radiação da antena;
d) Indicação da PAR a utilizar.

4. Determinar à PTC a otimização das características técnicas da rede suportada no canal 56, tendo em vista uma diminuição efetiva das zonas de auto interferência, com carácter prioritário nas zonas não abrangidas pela cobertura da rede cujo licenciamento temporário é atribuído na presente decisão.

5. Determinar à PTC, para efeitos do número anterior, o envio mensal ao ICP-ANACOM de um relatório com indicação das alterações das características técnicas efetuadas na rede, tendo em vista a diminuição das potenciais zonas de auto interferência, indicando igualmente as zonas onde é garantido um incremento da relação Sinal/Ruído (S/N) face à situação anterior.

6. Determinar à PTC a concretização, o mais tardar até à data da efetiva implementação pela PTC da rede referida no n.º 1, dos procedimentos adequados a eliminar os custos em que os utilizadores incorram para fazer a adaptação à rede agora licenciada, os quais devem ser comunicados ao ICP-ANACOM.

7. Determinar à PTC a concretização, o mais tardar até à data da efetiva implementação pela PTC da rede referida no n.º 1, de um plano de comunicação aos utilizadores de TDT afetados, adequado a divulgar a informação necessária decorrente da entrada em funcionamento da rede agora licenciada, o qual deve ser comunicado ao ICP-ANACOM.

Ou seja, a ANACOM, acaba por reconhecer (tarde) as deficiências da rede TDT e deu um "puxão de orelhas" à PT! Esta situação é lamentável, pois é (em parte) o resultado da migração apressada e mal conduzida, como tenho referido em diversas ocasiões no blogue TDT em Portugal. Por exemplo, recordo os alertas que lancei na sequência dos desligamentos piloto de Alenquer e Cacém.

O comunicado da ANACOM pode ser lido aqui.

Recordo alguns alertas  que fiz já têm algum tempo a propósito deste assunto: 

«...as falhas de sinal podem ter várias causas, tanto no lado da recepção como no lado da emissão. A rede que vem sendo implementada tem-me suscitado algumas reservas, nomeadamente relativamente à localização escolhida e potência de alguns dos emissores, especialmente na faixa do Litoral entre a Figueira da Foz e o Porto, dado que é uma zona onde com alguma frequência (sobretudo no Verão) as condições de propagação podem mais que duplicar o alcance dos emissores, criando naturalmente interferências destrutivas que podem impossibilitar a recepção correcta do sinal.»
in Falhas na recepção da TDT têm origens múltiplas - blogue TDT em Portugal, 11 de Dezembro de 2011

«Essa situação é possível que ocorra em determinados locais do país. Eu próprio pude verificar o problema este verão, que até foi bem fraquinho em termos de propagação troposférica. Esse problema era previsível e é quase impossível de eliminar totalmente mas, infelizmente algumas das opções tomadas quanto à rede de emissores não foi a mais acertada. Embora já tenha deixado alguns alertas em posts e comentários anteriores, optei aguardar pelo término da implantação da cobertura TDT para fazer novas considerações.»
in TDT: Apagão deixa Aveiro e Coimbra sem sinal digital - blogue TDT em Portugal, 2 de Dezembro de 2010

28/05/2012:
Ao contrário da informação da ANACOM, tudo indica que o canal 46 não está a ser emitido apenas a partir da Lousã. Estou a receber do norte sinal com boa intensidade, embora mais baixo que o canal 56. Possivelmente a partir do emissor de Lourosa ou Vale de Cambra. Actualização: trata-se de uma reflexão de sinal proveniente do emissor da Lousã.

ATÉ AO MOMENTO NENHUMA INFORMAÇÃO À POPULAÇÃO SOBRE A EMISSÃO DA TDT EM FREQUÊNCIAS ALTERNATIVAS POR PARTE  DA PT, ANACOM OU CANAIS DE TV.

30/05/2012:
Os instaladores TDT habilitados estão a receber da PTC informação e instruções como proceder relativamente à reorientação de antenas e resintonização de equipamentos. Para obter a comparticipação dos custos, a população afectada deverá contactar um instalador habilitado que confirmará junto da PT se o local está abrangido. O instalador facturará o serviço e entregará ao consumidor um formulário que deverá ser preenchido e enviado para posterior reembolso por transferência bancária.

TDT - Frequências alternativas e reorientação de antena - Carta aos agentes instaladores
Formulário pedido de reembolso do custo de reorientação de antena e sintonização de receptor TDT

(Nota: documentos enviados por um leitor e disponibilizados pelo blogue TDT em Portugal exclusivamente a titulo informativo!)

Uma questão pertinente se coloca: Se as novas emissões são temporárias (180 dias), como é afirmado na autorização da ANACOM, muitos cidadãos terão que pedir a reorientação da antena duas vezes este ano! Uma agora e outra novamente daqui por 6 meses. Sendo que só é custeada uma alteração por habitação.

Não há ainda qualquer informação à população relativamente a este assunto, o que parece ir contra o ponto 7 do comunicado da ANACOM. Se continuar assim, sem qualquer publicidade, este "programa" de reembolso vai ter o mesmo insucesso que o programa de subsidiação à aquisição de receptores TDT. Com isso ganha a PT, evidentemente, pois não suporta os custos das alterações.

19/11/2012:
A ANACOM prorrogou a licença temporária concedida à PTC. As emissões em canais alternativos (C42 Monte da Virgem, C46 Trevim-Lousã e C49 Montejunto) continua assim por mais 6 meses.
 
Posts relacionados: 
Falhas na recepção da TDT têm origens múltiplas
TDT: Mux A vai utilizar o Canal 56
Televisão perde mais frequências
TDT: Emissores e Mapas de cobertura
TDT: problemas de recepção, antenas, etc

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Fim da televisão analógica originou sofrimento e exclusão

A forma como a Televisão Digital Terrestre foi introduzida em Portugal não permitia esperar outro resultado. Os cidadãos em geral e as populações mais desfavorecidas em particular foram altamente lesados com a migração para a TDT. O processo de migração português foi concebido e implementado com quase total desrespeito pelos cidadãos, ignorando por completo as experiências de outros países, as recomendações de especialistas e as graves dificuldades económicas da maioria da população. 

Em Dezembro de 2010 alertei que já não seria possível implementar um processo de switch-off que decorre-se de forma tranquila. Os factos deram-me razão, em Portugal não tivemos uma verdadeira migração, mas sim uma expropriação. Tratou-se de uma verdadeira agressão à população, perpetrada por políticos sem escrúpulos ao serviço do lobby da televisão paga. A mudança foi imposta a todo o custo, sem estarem reunidas as condições, com grandes benefícios para alguns poucos, mas com uma factura pesada e sem contrapartidas relevantes para a população. 

ANACOM e responsáveis políticos decidiram que um ano bastaria para vários milhões de portugueses se prepararem e fazerem a mudança para a TDT. Apesar dos avisos e das inúmeras evidências em contrário, para eles foi um sucesso, pois avaliação diferente poria em causa os seus juízos e a sua competência. 

Aos olhos dos políticos o processo correu tão bem que o administrador da ANACOM com a responsabilidade da TDT (o mesmo que em Fevereiro de 2011 afirmou que a instalação de emissores tinha ficado concluída no final de 2010), foi “premiado” com novos pelouros. Entre outras atribuições, será responsabilidade deste Sr. coordenar e decidir a gestão e fiscalização do espectro radio-eléctrico. Já todos podem imaginar o que poderá vir a acontecer e qual será o futuro que espera a TDT portuguesa… 

Segundo a ANACOM, após as três fases de desligamento, terão sido recebidos no total 4.065 telefonemas para a linha de apoio da TDT por parte de pessoas que ficaram sem TV. A mesma considera estes números “pouco expressivos” e eu concordo. Os números são de facto pouco expressivos porque não expressam a realidade! A maioria das pessoas que liga para a linha de apoio sabe porque ficou sem televisão, simplesmente não tem disponibilidade financeira para fazer a mudança porque, ao contrário do que é afirmado na publicidade que passou na TV, na maioria dos casos não basta comprar um “descodificador” e ligar ao televisor.  

Como já referi neste blogue, o programa de subsidiação dos equipamentos TDT foi um fracasso, a verba utilizada ficou substancialmente abaixo dos valores apresentados pela PTC na fase de concursos. Ou seja, tudo indica que a PT acabou por poupar muito dinheiro com o programa de subsidiação! Terá sido porque os portugueses são ricos, ou devido à falta de divulgação e todas as burocracias necessárias para obter a comparticipação? Não há responsáveis?  

A contrapor ao sucesso apregoado pelos políticos e pelos responsáveis da ANACOM, há verdadeiros dramas de famílias e pessoas isoladas que ficaram sem televisão, a sua única fonte de distracção ou companhia. Eis o extracto de uma mensagem recebida pelo Blogue TDT em Portugal de uma funcionária da linha de apoio TDT que chega a atender várias dezenas de pessoas por dia:
Sou trabalhadora da linha de atendimento da TDT (a serviço da PT) há 7 meses. Lido diariamente com casos de telespectadores indignados que me deixam igualmente indignada e perplexa. Enquanto trabalhadora esforço-me ao máximo por ser imparcial, pessoalmente não consigo ficar indiferente aos problemas que este novo sistema está causar não a dezenas, nem a centenas, mas a milhares de cidadãos portugueses. Todos os dias regresso a casa com o sentimento de que estou a compactuar com o demónio. Raramente temos soluções gratuitas a baixo custo para oferecer aos telespectadores. Oiço pessoas a chorar, a gritar, a conformarem-se devido a esta situação. Estamos a falar da televisão, um bem adquirido pelos portugueses há 55 anos, o meio de informação das massas, o único meio de entretenimento ou a única companhia de alguns. «…» Existem direitos civis básicos que estão a ser violentados pelas entidades responsáveis da TDT. 

Segundo a ANACOM, terão sido 4.065 telefonemas, mas quantos mais milhares ficaram sem televisão e não telefonaram pelas mais variadas razões? Afinal, a experiência diz que quando um reclama muitos mais ficam em silêncio. 

O processo de migração para a Televisão Digital Terrestre, pela forma como decorreu, ficará registado como um marco negro, não só na história da televisão portuguesa, mas também na história da nossa democracia. Infelizmente, a maioria da população achará que se tratou apenas de mais um “assalto” ao bolso dos cidadãos, mas quem seguiu o processo com atenção e tem alguma experiência de vida, sabe que se tratou de algo bem mais grave. Ficou bem evidente que a nossa democracia está doente e certos políticos não passam de serviçais do poder económico, neste caso a PT, que é quem de facto "governa" as telecomunicações e a televisão em Portugal. 

Os dias que correm fazem recordar tempos anteriores ao 25 de Abril de 1974, quando uma ditadura mentia e oprimia a população em benefício de meia dúzia de capitalistas. Parece que em vez de avançar recuamos no tempo! 

Posts relacionados:
TDT: falta de informação facilita burlas
Para que tudo fique na mesma…
Trapalhada Digital Terrestre
TDT: Blogue TDT em Portugal apelou ao Governo
O Futuro da TDT em Portugal
TDT: Emissores e Mapas de cobertura
TDT: problemas de recepção, antenas, etc

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Televisão analógica termina hoje

Cessam hoje em Portugal todas as emissões de televisão analógica com a concretização da terceira e última fase de desligamentos de emissores e retransmissores. Serão hoje desligados todos os emissores e retransmissores não afectados pela primeira e segunda fases dos desligamentos, inclindo o Monte da Virgem, Lousã, Montejunto, Marão e Muro. O marco será assinalado em cerimónia a realizar cerca das 11:45 no Porto onde estarão presentes membros do Governo, ANACOM e da Portugal Telecom. Conclui-se desta forma o processo de migração para a Televisão Digital Terrestre em Portugal iniciado em Abril de 2009. Um processo que segundo os políticos e responsáveis tem corrido bem, mas que mereceu e continua merecer fortes críticas da população.

A introdução da TDT em Portugal tem estado rodeada de polémicas e situações mal explicadas, desde a fase de concursos, em 2008. Nunca é demais recordar que a TDT portuguesa é das mais pobres a nível mundial, não só em número de canais, mas também em funcionalidades e nível de cobertura da população. Milhões de famílias foram obrigadas a suportar grandes despesas com a migração, em muitos casos, na ordem das centenas de euros. E isto apenas para não perderem o acesso aos quatro canais de televisão. Ao longo deste processo a informação foi escassa, de má qualidade e em regra tardia. O programa de subsidiação dos equipamentos não foi eficaz. A promoção da TDT praticamente não existiu. Desta forma, foram as empresas operadoras de serviços de televisão por assinatura e os canais generalistas que mais lucraram com a introdução da TDT. Algumas empresas de TV por subscrição recorreram a tácticas comerciais agressivas e desonestas que lesaram a população. Até á data nenhuma multa foi aplicada pelas entidades reguladoras.

Em todo o processo de introdução e migração para a Televisão Digital Terrestre, as televisões demonstraram comportamentos cínicos e, de forma consciente ou não, foram, regra geral, agentes da desinformação, só muito tarde fazendo algum eco da realidade e do descontentamento das populações. Foi graças ao protesto das populações que a cobertura foi melhorada em alguns locais, mas apenas nas vésperas dos "apagões".

Nota muito negativa para a RTP que, apesar de ser a empresa titular do serviço público de rádio e televisão, sempre esteve de costas voltadas para a TDT, recusando apostar naquela que foi designada da Televisão Digital de Todos, indo contra as suas intenções declaradas em 2008 relativamente à Televisão Digital Terrestre e já transcritas no blogue TDT em Portugal em diversas ocasiões. Ao contrário das congéneres europeias (e não só), o serviço dito público de rádio e televisão continua a favorecer de forma escandalosa (com a cobertura do Governo) as plataformas de televisão por subscrição, fornecendo canais exclusivos como a RTP Memória, a RTP Informação e a RTP HD. A manutenção do exclusivo destes canais pelos serviços de televisão por assinatura favoreceu naturalmente a adesão às plataformas pagas em detrimento da TDT.

Apesar de existir espectro não utilizado no único multiplex utilizado em Portugal, que permitiria emitir mais alguns canais, o actual e o anterior Governo nunca tomaram medidas para relançar a TDT após o fracasso do lançamento do Quinto Canal generalista e do Canal HD. Pelo contrário, temos assistido a sucessivas manobras demagógicas destinadas a enganar os cidadãos e defender os interesses do lobby da televisão por subscrição.

Para cúmulo, depois de não terem sido capazes de acautelar e defender os interesses da população no processo de migração para a TDT, os políticos premiaram-se a si mesmos com a decisão de emitir a ARTV na TDT, que poderá acontecer a qualquer momento.

Após quase três anos de luta em defesa de uma TDT digna, com o apelo de inúmeros cidadãos, o Governo optou por fazer ouvidos de mercador e agradar ao lobby da televisão paga ignorando a opinião da esmagadora maioria da população.

Infelizmente, ao contrário dos outros países, com a migração para a TDT nada mudou na televisão portuguesa. A opinião e as aspirações da população não contaram. Que tipo de regime nos faz lembrar estas práticas? Será o povo sereno demais?

Gravação do momento do encerramento da emissão da SIC captada do emissor da Lousã

  
Actualização - a migração para a TDT continuará para além de 26 de Abril

O apagão do dia 26 de Abril, segundo a ANACOM, afectou um universo de mais de 1,9 milhões de pessoas - cerca de 730 mil famílias, mas não encerra o processo de migração. Apesar do sinal analógico já ter sido desligado em todo o país, prossegue a instalação de emissores TDT destinados a reforçar a cobertura, que é deficiente ou inexistente em vários pontos do país. Lamentavelmente, a instalação de emissores ou retransmissores continua a ser feita em completo silêncio, sem qualquer informação à população, quer por parte da ANACOM quer por parte da PT. Ainda na passada sexta-feira 4/05 o blogue TDT em Portugal recebeu de um leitor informação da entrada em funcionamento de um retransmissor em Cedrim - Sever do Vouga.

Segundo a ANACOM, após o desligamento de 26 de Abril ter-se-ão registado 2.264 chamadas telefónicas para a linha de apoio.

O blogue TDT em Portugal continuará a informar os seus leitores sobre todos os desenvolvimentos relacionados com a Televisão Digital Terrestre.

Posts relacionados:
TDT: Emissores e Mapas de cobertura
TDT: problemas de recepção, antenas, etc
Para que tudo fique na mesma…
RTP vs. TDT
Portugueses querem RTP Memória na TDT
TDT: Blogue TDT em Portugal apelou ao Governo
O Futuro da TDT em Portugal
 

quarta-feira, 18 de abril de 2012

TDT - Terrestre ou Satélite?

A poucos dias do último “apagão” do sinal analógico de televisão, boa parte da população desconhece ainda como irá continuar a receber a RTP, SIC e TVI após o dia 26 de Abril. Existem ainda numerosas zonas do país onde o sinal da Televisão Digital Terrestre, ou não chega, ou chega em condições deficientes durante boa parte do tempo. De acordo com os dados de cobertura mais recentes e já publicados no blogue TDT em Portugal, em 60 Concelhos do país a cobertura terrestre é inferior a 70% da população e em 25 a cobertura é mesmo inferior a 50%. Como é sabido, parte da população terá que recorrer à recepção via satélite adquirindo o kit "TDT Complementar", destinado a colmatar a falta de cobertura terrestre. No entanto, apesar do recente aumento da comparticipação, receber a TDT portuguesa via satélite apresenta várias desvantagens, já abordadas no blogue TDT em Portugal.

Resultado da pressão das populações, a PT comprometeu-se recentemente a reforçar a cobertura terrestre nas sedes de Concelho com menor cobertura, sempre que haja viabilidade técnica e a complexidade do sistema o permita. Ainda segundo a mesma, este reforço será progressivo e deverá ocorrer até à data do Switch-off, ou seja, presume-se que até ao dia 26 de Abril. No entanto, apesar deste reforço, que irá aumentar a cobertura, no máximo, até 93% ou 94% da população, a TDT portuguesa apresenta ainda um nível de cobertura terrestre bem abaixo da de outros países (em Espanha é de 98,5% para os muxes públicos).

Como venho criticando desde há muito, o facto de a PT não divulgar os locais onde irá colocar emissores ou reforçar a cobertura, tem dificultado a tomada de decisão por parte dos consumidores e a gastos que nalguns casos mais tarde se vêm a revelar desnecessários. Desta forma, e uma vez que a TDT portuguesa apenas emite os mesmos canais da televisão analógica, muitos adiam a migração até aos últimos dias também na esperança que o sinal melhore. A motivação para a migração praticamente não existe e, como têm demonstrado os inquéritos (e era previsível), adiar tem sido a decisão da maioria dos consumidores, mesmo correndo o risco de se ficar sem televisão durante alguns dias. 

A situação é lamentável e caricata, pois a ANACOM gasta dinheiro em campanhas (últimatos) "apelando" à população para fazer a migração e no entanto, ANACOM e PT deixam a população "às escuras" relativamente à questão do reforço de sinal. Esta falta de informação beneficia a migração para a TDT ou a adesão às plataformas de televisão por subscrição? A televisão por subscrição, pois claro!

A título de exemplo, os casos dos Concelhos de Mira e Vagos, em pleno Litoral, mas zonas onde a cobertura terrestre é ainda deficiente. Segundo dados da PTC, o Concelho de Mira tem apenas 51% da população coberta pelo sinal terrestre. No Concelho de Vagos a situação é um pouco melhor mas, ainda assim, a cobertura é de apenas 64%. Não há qualquer impedimento técnico para que não se faça o reforço de sinal nestas zonas, reforço que pode ser implementado de diversas formas, podendo beneficiar inclusivamente muitas outras localidades da região consoante a opção adoptada. Neste momento, a uma semana do "apagão", desconhece-se se estas zonas serão ou não contempladas com um "prémio" da lotaria do reforço do sinal terrestre!



21/05/2012:
De acordo com os dados de cobertura mais recentes fornecidos pela PTC, o Concelho de Mira tem uma previsão de cobertura terrestre de apenas 23,1%! Os valores ficam bastante abaixo dos 51% divulgados em Fevereiro. Isto significa que muitos locais anteriormente dados como cobertos afinal não o são. Como tem sido divulgado no blogue TDT em Portugal, muitos habitantes perante a informação de estarem em zona coberta, gastaram dinheiro em receptores e antenas mas não conseguem receber o sinal com regularidade. E agora? Quem paga a despesa?

2/06/2012:
Como foi noticiado pelo blogue TDT em Portugal, a PT está a utilizar frequências alternativas na emissão da TDT. Em zonas com ausência ou deficiente cobertura pelo canal 56 poderá eventualmente ser possível receber através das novas frequências: C42 (Monte da Virgem), C46 (Lousã) ou C49 (Montejunto). Mas atenção, segundo a ANACOM estas emissões em frequências alternativas durarão apenas 6 meses. Mais informação aqui.

Posts relacionados:
TDT: Emissores e Mapas de cobertura
TDT: problemas de recepção, antenas, etc
TDT via satélite
Cobertura da TDT portuguesa por Concelho
Falta de cobertura atrasa migração para a TDT
TDT: linha de apoio desmente Anacom
TDT: falta de cobertura mobiliza freguesias