Como tem sido noticiado na comunicação social, algumas localidades do país têm enfrentado problemas na recepção do sinal da TDT. Como tenho afirmado, os problemas têm várias causas e não é correcto responsabilizar apenas a empresa responsável pela rede emissora. Como tenho desde há muito alertado através do blogue TDT em Portugal, a Televisão Digital Terrestre é muito mais exigente do que a televisão analógica relativamente aos sistemas de antena e de distribuição do sinal e nem todos têm noção dessa particularidade. Muitos dos problemas de recepção têm origem em deficiências do sistema de recepção (antena, cablagem, etc) que se podem manifestar a qualquer momento.
Dito isto, há de facto indícios de haver zonas onde existem dificuldades de recepção do sinal devido ao deficiente planeamento da rede e/ou à deficiente instalação dos equipamentos emissores. Ao longo de quase 3 anos testemunhei e tomei conhecimento de várias situações através de testemunhos credíveis, que me levaram a ter afirmado que a rede de emissores TDT foi implementada de forma "trapalhona". As provas de que o planeamento e/ou a execução da rede de difusão do sinal da TDT foram deficientes avolumam-se.
Após determinação recente da ANACOM, a PTC tem finalmente vindo a introduzir correcções na rede no sentido de eliminar ou minorar alguns dos problemas de recepção que ocorrem em alguns locais. Como referi em post de Dezembro de 2011, a localização, potência e diagrama de irradiação das antenas dos emissores têm que ser muito bem calculados para reduzir ao mínimo o potencial de interferência, uma vez que no Continente e na Madeira é utilizada rede de frequência única (SFN). O alcance dos emissores é deliberadamente limitado de forma a não chegarem sinais demasiado desfasados no tempo (fora do chamado intervalo de guarda) o que provocaria interferência destrutiva no sinal e a impossibilidade de receber as emissões sem falhas. Daí ter escrito há muito que tinha algumas reservas relativamente à localização e potência de alguns emissores que servem a faixa litoral Centro - Norte, nalguns casos instalados praticamente “em cima” do mar e com potências superiores a 1Kw. E tudo indica que não foram mesmo tomados todos os cuidados necessários.
Um exemplo chega-nos de Viana do Castelo. Tanto na cidade como no Alto do Galeão (Darque) foram introduzidas alterações nas antenas dos respectivos emissores de forma a limitar o alcance dos sinais para Sul. Concretamente foi recentemente aplicado Tilt (inclinação) e reduzida a potência de emissão nos painéis orientados a sul. Isso pode ser constatado nas imagens enviadas pelo leitor Abílio Azevedo, instalador e residente na zona. Como se pode verificar na imagem acima, os emissores de Viana do Castelo têm o potencial de causar interferências destrutivas no sinal recebido em algumas localidades distantes junto à costa, pois a maioria do trajecto do sinal é sobre o mar, o que com frequência permite excelentes condições de propagação e um maior alcance dos sinais.
Aplicar um ângulo de inclinação nos painéis emissores, permite reduzir o cone de sombra da antena, aumentando a intensidade do sinal nas proximidades do emissor e, mais importante, limitar o alcance do emissor a uma distância inferior à chamada “linha de vista”. Isso permite reduzir a possibilidade do emissor alcançar distâncias muito superiores ao alcance para o qual o mesmo foi calculado aquando da presença de fenómenos de propagação já referidos em post anterior e frequentes na costa portuguesa, sobretudo por altura do Verão, o que causaria interferências destrutivas no sinal recebido em várias localidades distantes a sul, para além da linha de vista, sobretudo ao longo da costa.
É perfeitamente possível utilizar redes de frequência única (SFN) a nível nacional, basta planear e implementar correctamente. A PT sabe isso certamente. Este é apenas um exemplo onde aparentemente houve falha no planeamento e/ou execução da instalação da cobertura de uma zona específica mas que, devido a se tratar de rede SFN, tem impacto negativo em zonas afastadas. Isso leva a supor que mais casos semelhantes existirão e infelizmente, apesar de os emissores terem sido instalados há muitos meses, ainda se anda a corrigir a rede.
14/08/2012:
A ANACOM anunciou o prolongamento do prazo para requerer os apoios e comparticipação à aquisição de receptores TDT para a recepção terrestre e DTH (satélite). O prazo limite foi prolongado até 31/12/2012. Já anteriormente o prazo havia sido prolongado até 31/08/2012. A razão para mais este prolongamento deverá estar na reduzida adesão à modalidade DTH (TDT Complementar), já referida no blogue TDT em Portugal, em locais considerados oficialmente sem cobertura terrestre ou com reduzida probabilidade de cobertura. A data 31/12/2012 ocorre cerca de um mês após o fim previsto das emissões temporárias em frequências alternativas.
14/08/2012:
A ANACOM anunciou o prolongamento do prazo para requerer os apoios e comparticipação à aquisição de receptores TDT para a recepção terrestre e DTH (satélite). O prazo limite foi prolongado até 31/12/2012. Já anteriormente o prazo havia sido prolongado até 31/08/2012. A razão para mais este prolongamento deverá estar na reduzida adesão à modalidade DTH (TDT Complementar), já referida no blogue TDT em Portugal, em locais considerados oficialmente sem cobertura terrestre ou com reduzida probabilidade de cobertura. A data 31/12/2012 ocorre cerca de um mês após o fim previsto das emissões temporárias em frequências alternativas.
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16 comentários:
No passado dia 27 junho, dia da meia final ibérica do europeu, na minha zona ninguém teve tdt. Fiquei a saber, pelos vizinhos, que se deveu a problemas atmosféricos, informou o nº pt. De lá para cá nunca mais aconteceu. O que eu sei é que isto é uma verdadeira máfia: as pessoas vem-se sem televisão em condições, ou chamam um técnico que lhe coloca mais um amplificador ou um antena mais cara; ou adere à televisão paga... Não sei onde isto vai parar...
ana
Colocar um amplificador ou mesmo uma antena mais cara nem sempre resolve a situação e muitos instaladores só agora se apercebem disso. Como já foi referido muitas vezes no blog, um dos aspectos mais importantes é mesmo a qualidade. Por vezes ao colocar um amplificador nao resolve a situação, pelo contrário. claro que não se pode afirmar que um amplificador nao resolve, até me acredito que alguns casos se resolvam.
A tdt portuguesa é a cereja no topo do bolo da vergonha nacional! uma verdadeira miséria na difusão da televisão dita para todos.... Por favor volta CH3 de VHF cheio de parasitas onde se pode ver "por traz" alguma coisa da RTP1! Estás Perdoado...
As características técnicas e a qualidade da antena utilizada são importantes. Claro que há zonas onde é quase indiferente o tipo de antena utilizado, mas há muitas situações em que utilizar uma boa antena (ganho adequado) ajuda bastante a evitar alguns dos problemas de recepção. Em relação aos amplificadores, já deixei o alerta, devem ser utilizados quando são realmente necessários, caso contrário podem até criar problemas de recepção.
Os "problemas atmosféricos" são obrigatoriamente levados em consideração em qualquer plano técnico sério, aquando do planeamento da rede TDT. Logo, não servem de justificação para falhas prolongadas.
Boa noite,
Desde do dia 30 de Julho que o sinal tdt da Póvoa de Varzim, mais uma vez deixou de funcionar em perfeitas condições.
No início da instalação do tdt também houve esse problema, depois a situação foi ultrapassada com a alteração da frequência.
Gostaria de saber se alguém está com o mesmo problema e qual a solução...
Cumprimentos
Sou de Vila do Conde e não tenho tido problemas recebo a tdt atravez do emissor da Junqueira mas apercebi-me na passada 4ªfeira que o sinal oscilava entre o médio e forte isto visto pelo indicador das tv´s que tenho com sintonizador integrado tdt ambas Sony apresentando uma taxa de valores de pre-viterbi e 5s altos oscilando entre de -6,... até 8,... quando normalmente apresentam valores na ordem dos 1,.... no máximo 2,.... e post-viterbi que normalmente estão em branco apreciam também valores indicando que estaria a haver quebra de sinal eu levo a que seja fenómeno de propagação e que possivelmente sinal vindo dos emissores da Penha ou Falpêrra(Braga)que nesse dia estivessem a chegar com alguma intensidade suficiente para perturbar o sinal pois são emissores cuja diferença angular da orientação da antena no meu caso para o emissor da Junqueira é mínimo para esses emissores, atenção que mesmo assim não tive quebras quer de imagem quer de sinal vi sempre sem problemas sei que alguma coisa se passou porque tenho o cuidado de ver todos os dias esses mesmos dados.
Outra coisa José, não sei qual a orientação da sua antena, mas atenção que aqui na nossa zona vejo muita coisa mal montada isto é orientada, alguns instaladores nas instalações onde as antenas estavam orientadas ao emissor do Muro nem se deram ao trabalho de as reorientar pois a orientação das mesmas em certas zonas fica a meio pau entre o emissor da Junqueira e o da Franqueira os 2 emissores que cobrem a nossa zona embora a parte norte da Povoa também tenha um bom sinal do emissor do Monte de Faro(Esposende), a ideia de alguns é que assim recebem os 2 só que isso pode originar problemas pois a intensidade do sinal proveniente dos mesmos não é igual varia de zona para zona podia-se pensar assim se trabalha-sem em frequências diferentes. Sempre tive o cuidado de reorientar as antenas mesmo que fosse um jeitinho de nada porque a diferença de 1mm para esquerda ou direita pode fazer a diferença e até hoje nas instalações que fiz grande parte delas as antenas ficaram as mesmas sendo apenas reorientadas ou dado um pequeno jeitinho ninguém se queixou da falta de sinal.
"atenção que aqui na nossa zona vejo muita coisa mal montada" - Isso é um mal generalizado. Há MUITAS instalações mal feitas por todo o país! Antenas orientadas a olho, antenas orientadas na direcção errada, utilização de antenas não adequadas à zona, má utilização de amplificadores, etc. Na minha zona seguramente 80% das antenas não estão orientadas para o(s) emissor(es) que oferece(m) a melhor cobertura. Mais cedo ou mais tarde surgem os problemas, as pessoas queixam-se, chateiam-se e dizem mal da TDT.
E convencer as pessoas não é só "rodar a antena" ou "ligar o cabo ao descodificador" como dizia a informação que andou a passar na TV?
Pelos vistos a "campanha" funcionou, e de tal maneira que quando algumas pessoas me contactam porque não estão a ver TV em condições ou não estão a ver mesmo e eu, técnico qualificado e profissional a tempo inteiro nesta área lhes digo que o problema está na antena, vêm logo com o argumento "Ah, mas eles diziam que não era preciso mexer nas antenas" e até chegam a desconfiar da minha palavra, mesmo depois de lhes explicar o porquê da necessidade da mudança da antena. Já recusei trabalhos porque o cliente quis "ficar na dele", só que acabam sempre por pedir a um "jeitoso" qualquer para lhes fazer o trabalho e invariavelmente acabam por voltar a telefonar para eu ir pôr as coisas em condições.
São eles que ficam a perder, pelos custos e pelo tempo em que estão sem ver TV, mas conseguir convencê-los disso?
Seguramente que fazer apenas isso do tilt pouco ou nada vai resolver, só vai fazer ainda cm que hajam menos zonas com cobertura, enquanto a PT insistir em manter a SFN vai haver sempre problemas...
Yagi, na zona onde resido 95% da receção dos canais emitidos em UHF no sistema analógico era feita via emissor do Muro, e essas mesmas antenas continuam como estavam na mesma posição, sei que a diferença angular da posição para o antigo emissor analógico do Muro em relação ao emissor tdt da Junqueira ou mesmo para a Franqueira não é muita, mas por vezes suficiente entre termos uma receção estável ou instável mas não culpo só os instaladores que só mostram ser pouco profissionais mas culpo mais a Anacom e PT que simplesmente se marimbaram para tudo isto não informando e formando os intervenientes,da-me a entender que foi um frete que foi feito, porque teve que ser ou seja fez-se qualquer coisa para não dizer que não se fez nada.
Em relação aos ajustes que estão a fazer em certos emissores ou seja colocarem os painéis radiantes apontados ligeiramente para baixo é uma solução que já foi utilizada no sistema analógico, mais propriamente no emissor da TVI do Muro.Em 99, a RETI(antiga operadora da rede de emissores da TVI)teve que fazer uma operação de cosmética do género no emissor do Muro pois o seu sinal estava a chegar muito para alem do Rio Douro isto para sul interferindo com alguns retransmissores aí instalados e emitindo também no canal 30,ora foi remédio santo problema resolvido só que na zona de cobertura do emissor, o sinal principalmente em zonas baixas, teve uma quebra brutal e então quando vinha o mau tempo nem se fala, só para dar o exemplo da diferença de nível de sinal entre as 3 redes de UHF os canais 24 e 27 eram possíveis serem recebidos com uma imagem limpa sem qualquer tipo de amplificação e com uma antena de 12 elementos a TVI com muito ruído alias uma antena de 12 elementos não chegava tinha que ser no mínimo com 17db de ganho e amplificador com ganho no máximo e mesmo assim em dias de mau tempo havia sempre quebras na qualidade da imagem isto em zonas baixas como aquela em que resido para ver a disparidade na tomada mais afastada do amplificador os canais 24/27 tinham valores na ordem dos 90db e a TVI 65/70db isto amplificado com antena dat45 sem amplificação caiam para 70/75db e a TVI 50/55db, por isso isto não é novo só que quem não tinha problemas até agora via esses emissores alterados que se prepare que eles vão aparecer principalmente em zonas mais sensíveis e isto era muito simples de resolver alterar as frequências dos emissores em causa e passarmos a ter uma rede mista em vez de andarmos aqui com frequências temporárias que só enganam as pessoas pois a partir de Outubro vão voltar a ter que andar a mexer nas antenas, alias com esta medida só estão a mostrar que o tipo de cobertura escolhido foi errado e com o sistema mfn teria-se aproveitado a maior parte dos emissores e retransmissores analógicos obtendo melhores resultados de cobertura e menos problemas de receção.
A cobertura da TVI (RETI) era diferente da dos outros canais em vários pontos do país e em muitos casos deficiente, como referi em post de 2008, onde exemplifiquei com o caso do emissor do Muro, Monte da Virgem e Lousã. A utilização de Tilt é perfeitamente normal em analógico e digital e não é novidade. Como escrevo no artigo, ao aplicar Tilt a intensidade do sinal é reforçada a distâncias mais curtas e, naturalmente, diminui a distâncias maiores. Mas o alcance dos emissores em SFN deve ser mesmo limitado, precisamente para evitar interferências destrutivas! Se a aplicação de Tilt nalgum emissor comprometer a recepção em alguns locais, a solução é instalar mais emissores ou Gap-Fillers onde forem necessários ou eventualmente reforçar o sinal a partir de outro(s) emissores. Mas claro que isso representa mais custos que a PT certamente quer evitar. A solução mais simples é utilizar rede mista, mas isso representa utilizar mais espectro que alguem tem de pagar!
Hélder, isso que aqui disseste não corresponde na totalidade à verdade. É verdade que as emissões da tvi proveniente do emissor do muro eram de péssima qualidade, não comparadas com outras, mas esse problema também atingia as pessoas que viviam perto do emissor. Isto já poderia pôr em causa o que tu disseste que o emissor da RETI no muro tinha uma irradiação em Tilt. Como em penso que não tinha vou, vou apontar mais tês motivos: Como existiam reclamações para a RETI por causa da ausência de sinal, eles diziam que os valores do emissor estavam normais, pois estavam a controla-lo a partir de vila nova de gaia. Se emissor tivesse um tilt, era muito difícil controla-lo a esta distancia. Quando afirmas que eles colocaram um tilt por causa das interferências que ele provocava, eles na altura resolviam estas situações com alteração da frequência de transmissão. Por fim, eu estive lá, acerca de dois anos atrás, o que vi é que os dois emissores tinham radiantes similares: tratava-se um cilindro, pintado a vermelho e branco, numa base que parecia cimento. Penso que o problema seria outro…
José
@Anónimo 10/08: O cilindro vermelho e branco é apenas a redoma de protecção das antenas. Os emissores podem ser controlados à distância, mesmo sem se receber o sinal emitido. Apesar do sinal ser bastante inferior ao dos emissores da RTP e SIC, era possível recebe-lo na região de Aveiro. A alteração da frequência de emissão nem sempre pode ser possível devido ao congestionamento do espectro e/ou à necessidade de coordenação com Espanha.
Caro Sr. João Nogueira dos Santos, o seu comentário é bastante interessante mas p.f. submeta novamente o seu comentário sem divulgar o nome e contacto telefónico do técnico em questão bem como o nome da empresa. Obrigado
É verdade o que se diz por aí à boca pequena no meio radioamadorístico, que a PT já terminou a "correcção" da rede no fim de Julho (ao que parece, sem grandes correcções...) e que vai passar a aconselhar as pessoas com problemas a optar pela TDT DTH?
Parece-me que a PT anda a fazer alguma coisa para não ser acusada de nada fazer. Se a PT vai alargar a opção TDT DTH a novas zonas desconheço. Mas parece-me uma opção lógica porque as alterações em curso são para solucionar problemas em zonas supostamente COM COBERTURA terrestre. Logo, se a PT não melhorar a cobertura nessas zonas específicas, terá que as classificar como zonas TDT DTH.
Como informo no post, não esquecer que o prazo para requerer apoios foi prolongado até 31/12/2012, cerca de 1 mês após o fim do prazo para a operação da rede temporária MFN. Como já foi reconhecido pela ANACOM e também já comentei aqui no blogue, a adesão à TDT DTH ficou muito abaixo do esperado, logo há muitas habitações que estão a receber por via terrestre quando (tecnicamente) deveriam a estar a receber por satélite. Se a rede temporária cessar emissões em Novembro, como planeado, sem que a PT tenha melhorado a rede SFN, a opção TDT tem que continuar disponível.
Mas muito provavelmente, nem PT nem ANACOM vai fazer publicidade à opção TDT DTH, porque o que interessa realmente é vender MEO e ZON e fazer de conta que se está a defender o interesse público. Nada de novo...
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