Várias vezes tenho afirmado que a TDT que é “oferecida” aos portugueses fica muito aquém das possibilidades técnicas do sistema digital. E não me refiro apenas à reduzida oferta de canais de televisão (que deixa mais de 30% do espaço do multiplex desocupado) ou à ausência das rádios. Várias outras situações colocam-nos na cauda do pelotão da Televisão Digital Terrestre. Por exemplo, causa-me profunda indignação que quatro anos depois do arranque da Televisão Digital Terrestre a Portugal a televisão pública continue a desperdiçar a possibilidade de transmitir um canal de áudio-descrição nos seus canais. Ainda mais quando tecnicamente é facílimo de fazer e praticamente sem custos!
Actualmente a RTP emite áudio-descrição através da Onda Média da Antena1, uma solução manifestamente insatisfatória. Devido a insuficiências da rede de emissores, as emissões em Onda média são difíceis de captar e estão sujeitas a inúmeras fontes de interferências, quer de outras emissoras estrangeiras (principalmente à noite), quer por interferências causadas por equipamentos electrónicos em casa dos próprios ouvintes/telespectadores. Isto seria facilmente ultrapassado utilizando um canal áudio extra nos canais da RTP na TDT. Bastaria um canal áudio suplementar com um débito de 64~96Kb/s, portanto com uma utilização de espectro mínima para disponibilizar um serviço de áudio-descrição com boa qualidade técnica. O custo seria irrisório!
Recordo que durante os jogos do Mundial de Futebol 2010 a RTP e a SIC emitiram um canal áudio suplementar em que o barulho (ensurdecedor) da Vuvuzela era filtrado. Acho incompreensível que a audio-descrição emitida através da Onda Média da Antena1 não seja também emitida através da TDT. Ainda mais porque a disponibilização de funcionalidades que proporcionem o acesso das pessoas com limitações visuais e auditivas às emissões de televisão está expressamente prevista no título que confere o direito de utilização de frequências! Isto inclui a audio-descrição e a legendagem (por teletexto e dvb). Basta os canais requerem à PTC a utilização do espectro adicional.
Exemplo de audio-descrição na TDT espanhola
Em Janeiro de 2009 critiquei a ausência de links de backup na rede de distribuição do sinal da RDP, o que ocasionava falhas sistemáticas de recepção em várias zonas do país. Algum (demasiado) tempo depois a RDP acabou por adoptar a solução óbvia e passou a utilizar também ligações via satélite. A TSF acabou por seguir o exemplo mais tarde (embora tecnicamente mal implementada). Em Março de 2012 publiquei um extenso post criticando o atraso na utilização do 16:9. Em Maio do mesmo ano a RTP anunciou (finalmente) que a RTP2 iria passar a difundir a sua emissão na integra em 16:9.
Em nome de poderosos interesses, a TDT portuguesa tem sido descaradamente sabotada. O que “lá fora” funciona bem e merece nota positiva dos cidadãos, em Portugal é continuamente marginalizado. A Televisão Digital Terrestre permite aumentar a inclusão de todos os cidadãos, incluindo aqueles com necessidades especiais. Infelizmente, o serviço público de televisão que temos (que tem obrigações especiais perante a sociedade) tem demonstrado pouco interesse em cumprir a sua missão, como tenho documentado no blogue TDT em Portugal. Como é evidente, ele parece mais empenhado em incentivar a migração dos portugueses para plataformas de televisão por subscrição do que qualquer outra coisa.
É lamentável que os cidadãos tenham constantemente que recordar e pedir aos políticos e àqueles que assumem cargos de responsabilidade em empresa públicas que cumpram plenamente as suas atribuições e defendam o interesse público. Espero que não demore muito mais até que aos responsáveis pela televisão pública finalmente decidam disponibilizar a áudio-descrição na TDT.
VITÓRIA!
Ontem, 28/07/2013, a RTP transmitiu pela primeira vez através da TDT audiodescrição de um programa televisivo. Foi durante a série "Depois do Adeus" emitida pela RTP1. Após as criticas à ausência de emissão de audiodescrição através da TDT, o blogue TDT em Portugal saúda esta decisão da RTP e faz votos que mais programas sejam emitidos com audiodescrição, tanto pela RTP como pela SIC e pela TVI.
É lamentável que os cidadãos tenham constantemente que recordar e pedir aos políticos e àqueles que assumem cargos de responsabilidade em empresa públicas que cumpram plenamente as suas atribuições e defendam o interesse público. Espero que não demore muito mais até que aos responsáveis pela televisão pública finalmente decidam disponibilizar a áudio-descrição na TDT.
VITÓRIA!
Ontem, 28/07/2013, a RTP transmitiu pela primeira vez através da TDT audiodescrição de um programa televisivo. Foi durante a série "Depois do Adeus" emitida pela RTP1. Após as criticas à ausência de emissão de audiodescrição através da TDT, o blogue TDT em Portugal saúda esta decisão da RTP e faz votos que mais programas sejam emitidos com audiodescrição, tanto pela RTP como pela SIC e pela TVI.
O som de audiodescrição pode ser escutado seleccionando o canal audio apropriado, premindo para tal a tecla audio do telecomando do aparelho TDT ou televisor, quando se visiona um programa com emissão de audiodescrição.
16/12/2013:
Infelizmente, tudo em Portugal é complicado! O canal som da audiodescrição emite apenas o som de audiodescrição, em vez da mistura do audio "normal" com a audiodescrição. A maioria dos equipamentos de recepção não fazem essa mistura. Resultado: ou se ouve o audio normal ou a audiodescrição. Isto acontece há quase 5 meses sem que a RTP ou a PT Comunicações rectifiquem a situação! A solução é simples: ou a RTP fornece à PT Comunicações o audio da audiodescrição já misturado, ou a PT Comunicações faz a mistura antes de enviar para o multiplexer.
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10 comentários:
Para quem não sabe o que é ou para que serve a audio-descrição: http://pt.wikipedia.org/wiki/Audiodescri%C3%A7%C3%A3o
Este país é deficitário em muita coisa... menos na corrupção e nos pseudo-políticos... aí é tudo à campeão. Enquanto o povo receber esmolas e viver de caridade isto não vai mudar. As próximas eleições deverão ser o começo da mudança... aproveitar o voto para mudar o rumo deste país e apostar verdadeiramente naqueles que querem fazer alguma coisa pelas nossas terras e pelos seus concidadãos, com ou sem necessidades especiais, porque se começarmos a fazer o bem pelos necessitados estamos a ajudar todos e não apenas aqueles que têm necessidades especiais.
Antes mesmo das eleições vê-se bem quem concorre para ajudar o povo e quem concorre para se auto-promover e dar tachos para os boys. É começar a cortar-lhes as asas que eles até vão parecer baratas tontas sem saber o que fazer.
A RTP comportasse como um mero canal comercial. Preocupada, sobretudo, com audiências, com contratações milionárias e com as relações amor/ódio com os governos. Só se lembra que é pública quando precisa do nosso apoio. Uma empresa pública não precisa de estrelas, precisa de ter uma programação e comportamento que cheguem ao máximo de pessoas, principalmente aquelas que não interessam ao sector comercial. Não será isso que está a acontecer quando se exclui todos de ver (RTP INFOR..., RTP MEM..., RTPHD) o que todos na prática pagam? Para RTP os português não tem limitações físicas...
«A RTP (...) só se lembra que é pública quando precisa do nosso apoio.»
Infelizmente, assim é. Durante anos não ouvi ninguém da RTP defender a disponibilização da RTP Memória e da RTP Informação na TDT. Quando surgiu a intenção de privatizar a RTP, então "lembraram-se" da TDT.
Para não falar da recusa da administração em prestar esclarecimentos sobre a separação do negócio dos canais cabo e FTA ou da recusa em discutir a TDT nos seus programas de debate como o Prós e Contras, Sociedade Civil ou outro.
Várias vezes entrevistaram o ministro da tutela, mas nunca uma pergunta sobre a TDT. A única questão que parecia merecer importância era sobre a redução de pessoal e os despedimentos na RTP.
Para a RTP a TDT é assunto tabu!
Sugiro a leitura de alguns posts sobre o assunto:
A RTP TRAIU OS PORTUGUESES!
Televisão Pública: públicas virtudes, vícios privados
Em Portugal tem surgir canais piratas como nos anos 80 , tem haver um grupo de cidadãos estejam dispostos arriscar a fazer isso , pois o maior problema são custos na compra do equipamento , bem como arranjar um grupo de pessoas de confiança , que não denunciem a origem do sinal .
Os equipamentos necessários para emissões DVB-T até são bastante acessíveis. A multa por emissão sem licença é que deve ser bastante elevada! E o regulador tem meios para localizar qualquer emissora pirata, o sigilo de pouco serviria.
Mas podemos colocar um emissor em território espanhol, junto à fronteira...Se os espanhóis nem as piratas deles fecham, iam chatear-se com uma pirata virada para Portugal? Acho que não...
Ou podemos usar uma carrinha móvel...
«...os espanhóis nem as piratas deles fecham...» Tem a certeza do que afirma? As autoridades espanholas já aplicaram multas elevadas (+600000 €) e apreenderam os equipamentos de algumas emissoras piratas.
De qualquer forma estamos-nos a afastar do tema do post e este blogue e o seu autor não defendem acções ilegais.
Não sei se fecharam algumas, o que sei é que onde vivo continuo desde sempre a captar inúmeras TV piratas espanholas...
Mas se assim for, resta o satélite. Não sei se repararam o que a UER fez para ajudar a ERT... colocou o sinal deles no ar no EUT. 7A. Será legal? O que é legal? É o que os políticos dizem?
Os maiores piratas em Portugal têm licença para as maiores barbaridades. São piores que piratas, mas são legais.
Mas concordo que não é o tema.
Vários emissores TDT piratas já foram encerradas em Espanha. Mas como há bastantes, obviamente muitos outros continuam a emitir. Eu próprio recebo e já apresentei capturas de algumas dessas emissões. Enquanto não chega a ordem do tribunal elas facturam!
A ERT é membro da EBU e a EBU tem licença para emitir via satélite. Os conteúdos emitidos foram fornecidos pela ERT e certamente não foram a programação normal da ERT mas sim um feed noticioso, logo não há a questão dos direitos de autor.
Concordo com a opinião de que quem mais tem contribuído para impedir o desenvolvimento da televisão (TDT) em Portugal tem licença, como inúmeras vezes tenho criticado.
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